Notícias
 
TCU recomenda ao governo aumentar valor da cesta básica para bancar Renda Cidadã
A recomendação do Tribunal é para governo Bolsonaro acabe com a renúncia de impostos que incidem sobre produtos da cesta básica, o que aumentaria os preços
10/11/2020




Com mais de 14 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, a inflação em disparada, além da redução do valor do auxílio emergencial, que acaba em dezembro, e o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda recomenda ao governo Federal a volta da cobrança de impostos sobre produtos que compõem a cesta-básica. Na recomendação, os ministros do TCU também pediram ao governo uma estimativa de quanto poderia ser arrecadado com a extinção das desonerações sobre a cesta básica.

A ideia deles é que com o dinheiro arrecadado o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) reforce o caixa do Renda Cidadã, programa eleitoreiro com a logo do atual governo, que deve substituir o Bolsa Família.

É mais um movimento deste governo para penalizar os mais pobres, que já estão sofrendo as consequências da pandemia que agravou a crise econômica, e fez explodir as taxas de desemprego, afirma o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Júnior, ressaltando que as medidas do governo sempre beneficiam os empresários.

“Manteve-se a desoneração da folha para as empresas compreendendo que o momento não é de mudanças bruscas no que estava se operando. O mesmo deve ser feito em relação às desonerações que beneficiam os mais pobres”, afirma.

A justificativa do TCU é a de que a desoneração não cumpre seu papel social de redução de desigualdades. O cálculo frio doTCU não leva em consideração os milhões de brasileiros que foram excluídos do Bolsa-Família por Bolsonaro, tampouco o desemprego e a falta de renda, nem o subemprego com rendimentos insuficientes para sobreviver. Em 2019, com a isenção, dizem, o governo deixou de arrecadar em torno de R$ 32 bilhões, enquanto o custo do Bolsa Família foi de cerca de R$ 30,1 bilhões.

Falta clareza

Segundo o economista da subseção do Dieese da CUT, Clovis Scherer, o relatório do TCU mostra que os setores beneficiados pela desoneração da cesta se concentram nas regiões Sul e Sudeste do país, mas se referem às empresas que produzem os alimentos e não sobre o consumidor final, ou seja, os trabalhadores.

“Eles descrevem a distribuição regional das empresas dos setores beneficiados pela desoneração da cesta básica. Quanto aos consumidores, naturalmente a distribuição dos beneficiados pela desoneração da cesta vai refletir na população de cada região e a concentração populacional no Sudeste é natural”, diz o economista.

Por isso, segundo Scherer, o TCU deveria apresentar estudos mais detalhados sobre os impactos de uma eventual volta dos impostos. Ele afirma ainda que o TCU não leva em consideração de que há muitas famílias que não estão no programa Bolsa-Família e que, por isso, seriam prejudicadas com o aumento da cesta básica, entre elas uma parcela de trabalhadores que perdeu a fonte de renda durante a pandemia, alguns dependem exclusivamente do auxílio emergencial que será pago só até dezembro.

“Uma eventual reoneração pode agravar o problema enfrentado por milhões de famílias que não estão no Bolsa-Família e ficaram sem renda durante a pandemia, dependendo exclusivamente do auxílio-emergencial, que a dupla Bolsonaro e Guedes quer extinguir em dezembro”, afirma o economista.

O economista ressalta ainda as altas nos preços dos alimentos, que fizeram a inflação disparar e atingir 0,86% em outubro, o maior resultado para o mês desde 2002, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Uma eventual reoneração pode agravar o problema dos altos preços da alimentação que já estamos observando. E neste caso, com impactos muito generalizados no custo de vida e na segurança alimentar da população”, pontua Clovis Scherer.

Manobra política

Em entrevista ao Reconta Aí, o advogado e professor de Direito Econômico da Universidade Mackenzie, Rodrigo Salgado, explica que o TCU se manifesta após haver provocações, que podem ser tanto do Congresso quanto do próprio governo.

De acordo com o professor, uma das razões para que esse tipo de recomendação ocorra é para “esquentar uma necessidade política: o Executivo, por exemplo, não quer comprar o desgaste de tributar a cesta básica, joga no colo do Congresso, que passa para o TCU e aí diz ‘é um problema técnico, não tem jeito, tem que tributar"”, ele diz.

No caso da cesta-básica, é intenção do governo acabar com a isenção de impostos. Em julho deste ano eles tentaram emplacar um projeto de aumento de impostos da cesta-básica, justamente para bancar o Renda Cidadã, mas a repercussão negativa fez Bolsonaro voltar atrás.

Ainda de acordo com Rodrigo Salgado, ampliar o programa Bolsa-Família e manter a desoneração não são necessariamente opções excludentes e por isso, as posições do TCU “não necessariamente deixam de ser políticas”.

"O Brasil tentando se recuperar, discutindo desoneração de folha de pagamento, e volta-se a discutir tributação da cesta? É hora de fazer as pessoas gastarem, não tirar dinheiro, especialmente dos mais pobres", diz Rodrigo Salgado.

 

Fonte: CUT Brasil

 
Veja também
 
 
 
 
 
 
 
Redes Sociais
 
 
Folha Metalúrgica
 
Assista
 
Escute
Escolha o áudio abaixo...

 
Boletim Eletrônico
Receba em seu e-mail o boletim eletrônico e informes do Sindicato

Não quero mais participar
 
Veja Também
 
 
Serviços
  Benefícios para Associado
  Tesouraria
  Jurídico
  Homologação
  Saúde
  Catálogo de Convênios e Parcerias
O Sindicato
  Institucional
  História
  Diretoria
  Base do Sindicato
  Subsedes
  Aposentados
  Colônia de Férias
  Lazer
Convenções
  Metalurgia
  Reparação de Veículos
  Máquinas Agrícolas
  Siderurgia
Galerias
  Fotos
  Escute
  Notícias
  Opinião do Sindicato
  Folha Metalúrgica
  Publicações
CNM  FTM RS  CUT
 
STIMEPA - Sindicato dos Metalurgicos da Grande Porto Alegre
Av. do Forte, 77 - Cristo Redentor - CEP 91.360-000;
Telefone: (51) 3371.9000 - Porto Alegre - RS.
De segunda à sexta, das 8h às 17h.
 
Omega Tecnologia