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Ato contra extinção da Ceitec cobra audiência com governador A manifestação contou com a participação de dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, entre outros 19/06/2020 Marcus Perez/CUT RS Em ato simbólico realizado na manhã desta sexta-feira (19/06), em frente ao Palácio Piratini, no centro de Porto Alegre, a CUT-RS, entidades sindicais e associação de funcionários cobraram uma audiência com o governador Eduardo Leite (PSDB), para que ele ouça os trabalhadores, que são contra a extinção da Ceitec, empresa pública federal que está prestes a ser liquidada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após a inclusão no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). “Temos dois pedidos de agenda protocolados no Piratini para conversar com o governador, pois achamos fundamental que os trabalhadores da Ceitec e seus representantes sejam ouvidos, o que ainda não aconteceu. Reconhecemos que o governo do Estado entrou no jogo, na medida em que tratou do assunto nesta semana junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Mas fez isso de forma capenga, sem escutar os trabalhadores”, afirmou o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo. A manifestação contou com a participação de dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RS), do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RS) do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), da Federação dos Trabalhadores do Ensino Privado (FeteeSul), da Federação Democrática dos Sapateiros do RS, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo e da associação de funcionários (Acceitec). O ato teve ainda o apoio da Federação dos Metalúrgicos do RS e da Adufrgs Sindical. Os manifestantes usaram máscaras de proteção contra o coronavírus, além de manterem o distanciamento social, conforme as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Vários funcionários, vestindo os seus macacões de trabalho, abriram faixas e ergueram cartazes em protesto à tentativa de extinção da Ceitec. “A liquidação não é um bom negócio para a soberania do Brasil. Vamos perder tecnologia e investimentos que estão sendo feitos há mais de 20 anos. Hoje estamos em um patamar tecnológico muito bom, uma vez que dispomos de estruturas fabril e científica únicas na América Latina”, salientou o presidente da Acceitec, Júlio Cesar de Oliveira. “Precisamos sensibilizar também o secretário de Desestatizações do Ministério da Economia, Salim Mattar, para que ele venha conhecer a empresa, pois como ele pode extinguir algo que não conhece”, questionou. Manifesto em defesa da Ceitec Durante o ato, foi entregue um manifesto, assinado por 38 entidades sindicais e representativas, ao deputado estadual Sebastião Mello (MDB), presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento e Turismo da Assembleia Legislativa. Ele também recebeu o documento que a Acceitec havia protocolado na quarta-feira (17/06) no Piratini. O parlamentar se comprometeu a incluir a situação da Ceitec na pauta das próximas reuniões da Comissão, que ocorrem sempre às quartas-feiras. “Assumo o compromisso de fazer uma reunião sobre esse tema o mais rápido possível. Temos diversos parques tecnológicos importantes em Porto Alegre e eles são fundamentais. O nosso estado não será rico exportando apenas soja, feijão e arroz”, destacou. Não há Brasil desenvolvido sem ciência e tecnologia O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, destacou que “o desenvolvimento econômico no Brasil passa diretamente pela inovação científica e tecnológica. É por isso que protestamos contra o fim da Ceitec. O que o governo federal quer é transformar o nosso país em um grande fazendão do século 19, sem direitos trabalhistas e que exporta apenas produtos agrícolas. É uma visão de mundo que não enxerga futuro para o nosso povo e que, por isso, entrega todo potencial tecnológico que temos nas mãos dos Estados Unidos e dos grandes países capitalistas”. Para Amarildo, “sem ciência, sem inovação tecnológica, estaremos sempre de joelhos para o grande capital. Temos de resistir e ter em mente que só voltaremos a crescer, enquanto país, com a saída de Bolsonaro e do Guedes”, apontou. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, João Batista Massena, salientou que “os trabalhadores da Ceitec estão muito preocupados. São diversas famílias que correm o risco de perder emprego e renda. Além dessa situação, há o desenvolvimento tecnológico em jogo. Não se trata de uma empresa de fundo de quintal, mas um instrumento importante para a inovação tecnológica brasileira e que inclusive estava desenvolvendo chips para testagem do Covid-19, quando foi pega de surpresa com o anúncio da extinção”. O diretor do Sindicato dos Engenheiros, João Leal Vivian, enfatizou que já foi enviada uma carta pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNA) ao presidente da República contra a extinção da Ceitec e disse que uma empresa de ciência e tecnologia não pode ser avaliada pela equação receita e despesa. "Esperamos mais do governo Leite para a defesa dessa instiuição tão importante para o desenvolvimento do Brasil e para a sua permanência no Rio Grande do Sul", observou Vivian. Nespolo, que coordenou a manifestação, frisou que “a régua que mede o desenvolvimento de um país é o quanto ele investe em ciência e tecnologia”. Segundo ele, “investimento em circuitos integrados não se compra em farmácia ou em quilo. Por isso, não podemos tratar uma empresa que lida com isso como se fosse uma fábrica de laranjas que, quando não vende suco, fecha as portas”. "A história é feita por quem se movimenta, e não por quem fica olhando", concluiu o dirigente da CUT-RS.
Fonte: CUT/RS
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