História
O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre foi o primeiro sindicato de classe a ser criado no Rio Grande do Sul, a 19 de março de 1931, então com o nome de Sindicato dos Operários Metalúrgicos de Porto Alegre. O pequeno grupo, formado por militantes da antiga União dos Metalúrgicos, teve que tirar dinheiro do próprio bolso para a criação da organização. O primeiro presidente foi José Baldelino de Lemos, que ocuparia este cargo por outras duas gestões. A reivindicação principal, então, era por aumento de salário. O “patrimônio” da entidade era formado por um armário, algumas cadeiras e alguns arquivos. No início dos anos 30, Getúlio Vargas tentava atrelar o movimento sindical ao estado, mas os trabalhadores continuavam combativos e independentes. O Sindicato participou ativamente da FORGS (Federação Operária do RGS), que unificou os sindicatos existentes no estado. Em dezembro de 1934, os metalúrgicos unem-se à greve dos tecelões, paralisando também. Em seguida, os gráficos cruzam os braços em apoio ao movimento. Logo, mineiros, ferroviários e trabalhadores da Carris também se mobilizam. A greve é reprimida brutalmente, com dezenas de prisões e a morte do médico Mário Couto, dirigente comunista. O comitê de greve é preso. A repressão continuou forte sobre o movimento dos trabalhadores, tendo seu auge em 1937, quando é criado o Estado Novo, ditadura que será mantida até 1945. O ano de 1945 marca o fim da Segunda Guerra Mundial. No Brasil, a indústria metalúrgica estava em expansão. Os trabalhadores aumentavam em número e em peso na economia. Conquistam salário mínimo, férias e Previdência Social. Em cinco de dezembro de 1941, o Sindicato passa a se chamar Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e, em 1945, recebe a Carta Sindical, consolidando assim o seu atrelamento à estrutura corporativista do governo Vargas. Em 1947, após alguns movimentos grevistas, o Sindicato sofre uma intervenção. O governo destitui a diretoria, colocando no seu lugar uma junta formada por um representante do Ministério do Trabalho, um do Círculo Operário e um da Federação dos Metalúrgicos. A intervenção termina em 1950, e uma nova diretoria é eleita em dezembro daquele ano, tendo à frente José César de Mesquita. Nesta época, começam as negociações para aquisição de um terreno para a futura sede própria. Em 1952, os metalúrgicos fazem uma greve por aumento salarial que dura 32 dias. A greve é vitoriosa e é firmado o primeiro acordo coletivo da categoria, que assegura o aumento. Uma das cláusulas estabelece um desconto especial do aumento concedido, para ser usado pelo Sindicato na construção de sua sede própria. O terreno é comprado em 1953, e a pedra fundamental, lançada em 13 de dezembro, com a presença do então ministro do Trabalho, João Goulart. As obras são concluídas em 1959. Também nos anos 60, é lançada a “Campanha do Mais Um”, onde eram premiados os associados que sindicalizassem novos companheiros. Três acordos coletivos foram firmados neste ano, sendo que do último foi tirada uma cota para a construção do Ginásio Misto Industrial, hoje Escola Técnica José César de Mesquita. Na mesma época começa a construção da Colônia de Férias dos Metalúrgicos, na praia de Cidreira. O início da década de 60 é marcado pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, e a conseqüente posse de João Goulart como presidente. Jango era bastante ligado aos trabalhadores, e por isso recebeu o apoio do movimento sindical em todo o país, mas a direita já começava a conspirar com o objetivo do golpe de estado, que aconteceria em 1964. A repressão sobre os sindicatos recomeça. Líderes são cassados, presos, alguns perseguidos e obrigados a viver na clandestinidade. Em 23 de abril de 1964, o Sindicato dos Metalúrgicos sofre nova intervenção, desta vez sob o regime da ditadura militar. Os membros da diretoria são afastados, e assume uma junta, formada por um general, um capitão e um major, que dirige a entidade até 11 de junho do mesmo ano, quando é instituída uma “junta de administração provisória”. Esta é presidida por José César de Mesquita, presidente à época da intervenção, e mais dois membros da diretoria: Sady da Conceição e Toríbio Santos. Somente em 1966 é realizada nova eleição para a diretoria, com um detalhe: os diretores são obrigados a apresentar o “atestado de ideologia” fornecido pelo DOPS – Departamento de Ordem Política e Social.
Em Porto Alegre, bancários, professores e operários da construção civil fazem greves. Entre os metalúrgicos, destaca-se a paralisação da Wallig, empresa de fogões, em que são reivindicados os salários atrasados. Na década de 80, a reconstrução do movimento sindical dá-se lado a lado com as mobilizações dos trabalhadores. Em 1981 e 1982 são realizados os Encontros Estaduais da Classe Trabalhadora (ENCLAT), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre. Os metalúrgicos de Porto Alegre e região fazem seu primeiro congresso em março de 1983. Dentre as resoluções, a denúncia do desemprego no país, que levava ao subemprego, à miséria e ao caos. Os trabalhadores exigiam eleição direta para presidência da república. Isso viria a acontecer, após uma onda de manifestações massivas em todo o país, com a campanha “Diretas Já”. Os anos 90 são marcados por mais de 300 greves, nas cidades da base do Sindicato. Os motivos abrangem demissões, salários atrasados, reposição salarial, ameaça de perda de direitos, entre outros. Em fevereiro de 1991, reunidos em assembléia geral, os metalúrgicos aprovam por unanimidade a filiação do Sindicato à CUT – Central Única dos Trabalhadores. Cresce o engajamento do Sindicato nas lutas mais gerais da classe trabalhadora, e a preocupação com a formação política dos dirigentes sindicais e com a ampliação da estrutura do Sindicato, entre outras coisas. |