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Metalúrgicos no ES rejeitam nova proposta de Convenção Coletiva e mantém greve Negociação Salarial entre Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo e Sindicato patronal já dura mais de dois meses. Trabalhadores dizem que só vai voltar ao trabalho quando a categoria for valorizada 29/10/2020 SindiMetal/ES Os metalúrgicos e as metalúrgicas do Espírito Santo rejeitaram uma nova proposta de Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2020/2021 e decidiram, em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira (29), continuar a greve, que começou há três dias. A nova proposta foi resultado de uma audiência de conciliação, que durou mais de cinco horas e foi realizada na tarde desta quarta-feira (28), entre representantes do Sindicato dos Metalúrgicos no Espírito Santo (SindiMetal-ES) e do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas de Material Elétrica do Estado (Sindifer), mediada pela Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE) do estado. Estamos em greve por valorização e respeito A bancada patronal ofereceu o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), ou seja, apenas a correção do poder de compra dos salários, sem aumento real, um Vale Alimentação de R$ 400 reais, abono dos dias parados e manutenção de todas as cláusulas da Convenção Coletiva 2019/20. A bancada dos representantes dos trabalhadores e trabalhadoras não achou a proposta justa e fez uma contraproposta, que não foi aceita. Os metalúrgicos e metalúrgicas capixabas reivindicam reajuste salarial de 5%, de 12% nos pisos profissionais e piso de ingresso; cartão alimentação no valor de R$ 550,00 por mês a partir de 15 dias de contratação; o custeio total do plano de saúde dos trabalhadores; e a manutenção das demais cláusula da Convenção Coletiva; Outra reivindicação dos trabalhadores é o abono de todas as horas paradas em virtude da greve; “A gente vai enviar os ofícios para as empresas copiando o sindicato patronal e as empresas prestadoras de serviços com a decisão da categoria [de manter a paralisação]. O sindicato fez sua parte em trazer a proposta para apreciação da categoria e também questionou se os trabalhadores preferiam esperar o restante da negociação no trabalho ou com os braços cruzados e eles decidiram manter a greve, até que surja uma nova proposta e eles sejam valorizados”, afirmou o Secretário de Finanças e Administração do SindiMetal-ES e Secretário de Organização da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Roberto Pereira de Souza. Segundo ele, esta nova proposta teve evolução técnica, mas a questão política ainda incomoda a categoria, que, em grande parte, já está acostumada a lutar por seus direitos. “Os salários dos trabalhadores já tiveram muita perda desde o golpe que destituiu a presidenta Dilma, as crises e agora com a pandemia. Além das outras reivindicações, eles querem uma igualdade no piso. O sindicato patronal diferencia na convenção conforme o local de trabalho e é isso que eles querem mudar”, explicou Robertinho, como é conhecido no movimento sindical. Na Convenção Coletiva, que está em vigor, existe uma diferença dos pisos salariais para os trabalhadores de dentro dos grandes complexos, onde estão a ArcelorMittal Tubarão, Canexus, EJA, Petrobrás, Portocel, Samarco, Simec, Suzano Aracruz e Vale, e os trabalhadores fora dos grandes complexos. E ainda tem outra divisão que trata dos salários da Região Noroeste e fora do Grande Complexo. “Os trabalhadores não querem mais esta divisão, eles querem que todos os pisos sejam iguais. Estão de braços cruzados de forma legal e agora estão esperando que os patrões reconheçam a importância da categoria”, disse Robertinho. “Muitos dos trabalhadores precisam pagar aluguel e enviar ajuda para familiares em outros estados e estão vendo seu poder de compra ser reduzido cada vez mais”, complementou. Vale Alimentação Outra reivindicação da categoria é que o Vale Alimentação seja pago 15 dias depois do trabalhador ou a trabalhadora começar a trabalhar. Hoje as empresas pagam quando os profissionais passem pelo período de experiência, que são 60 dias. Assédio com grevistas No segundo dia de greve, na última terça (27), o Sindimetal-ES recebeu mensagens com pedidos de socorro. Eram os metalúrgicos que trabalham na Estel pedindo ao Sindicato que os tirassem da situação absurda a qual a empresa os colocou: trancados na garagem dos ônibus que os transportam diariamente para os grandes complexos, onde prestam serviços. “Parece inacreditável, mas para impedir que os empregados participassem do movimento paredista por mais valorização e respeito, a empresa, cujo dono é o presidente do Sindicato Patronal, colocou os trabalhadores em uma condição inaceitável”, afirmou o Sindimetal-ES em nota publicada do site da entidade. Até drone está sendo usado pelos empresários para intimidar os metalúrgicos no Estaleiro Jurong Aracruz. Juventude e medo Grande parte da categoria no Espírito Santo é formada por jovens que não vêm respondendo ao chamado da mobilização por melhores condições de salários. Este diagnóstico foi feito pelo suplente da Diretoria Executiva do Sindimetal-ES e Secretário de Juventude da CNM/CUT, Nicolas Sousa Mendes. Para o dirigente, é o pessoal mais antigo que sabe da importância da luta para conquistar a valorização profissional que está em peso na greve. “O recado para juventude é que essa galera que está entrando agora não pode pensar que tudo que tem na Convenção Coletiva é porque a empresa é boazinha. Não mesmo. Todas as conquistas foram frutos de muita luta da juventude no passado. A galera precisa entender que temos que fazer a luta e temos que botar a cara porque toda a categoria está esperando esta postura”, afirmou Nicolas. Ele também apontou medo e apreensão da juventude na luta por direitos. “Com este monte de assédio que nós metalúrgicos estamos passando aqui no Estado, os jovens têm medo de perder o emprego, que muitas vezes é o primeiro. Pela falta de experiência ainda acredita nesta pilha do patrão. A juventude sofre por medo de manchar sua carteira num emprego na indústria e que vai ficar desempregado. Temos que desmistificar isso e trazer todo mundo para a luta”, finaliza o dirigente. Segundo o Sindimetal-ES, a estratégia do veículo aéreo não tripulado é que dê foco nos rostos dos trabalhadores para que essas imagens possam ser usadas posteriormente como forma de intimidação. Além, é claro, neste momento, tentar desmobilizar o movimento que está tendo robusta participação da categoria. O sindicato também afirma que, em muitos casos, inclusive, os trabalhadores são obrigados a ficar dentro dos ônibus escondidos esperando que representantes dos sindicatos saiam de frente das portarias e assim as empresas, de forma covarde, conduzem os metalúrgicos para entrarem nos complexos. “Mas nenhum assédio, pressão ou ameaça vai enfraquecer os metalúrgicos. Os trabalhadores continuarão firmes, unidos e mobilizados na luta por melhores salários e mais direitos”, ressalta o sindicato em nota.
Fonte: CUT Nacional Veja também |