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CUT-RS defende isolamento, SUS, empregos, direitos e auxílio emergencial em entrevista à Rádio Guaíba Ouça entrevista com o presidente da CUT/RS, Amaridlo Cenci 13/04/2020 O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, defendeu o isolamento social, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a manutenção dos empregos e direitos dos trabalhadores, e o pagamento imediato do auxílio emergencial de R$ 600 até R$ 1.200 para informais e desempregados, como medidas importantes de combate à pandemia do coronavírus, durante entrevista ao programa Jornal de Domingo da Rádio Guaíba, no dia 12/04/2020. Conforme os dados oficiais deste domingo (12/04), a doença já causou 1.223 mortes no País, das quais 16 no Rio Grande do Sul, sendo que 99 foram confirmadas nas últimas 24 horas. Há 22.169 infectados. Os números, no entanto, são maiores devido aos casos subnotificados. Manter isolamento para salvar vidas “Temos de manter o isolamento até que tenhamos a exata medida de como anda a propagação do vírus. A pandemia assola o mundo e a nossa capacidade de lidar com o quadro epidemiológico é muito baixa, uma vez que nos faltam EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para os trabalhadores de saúde e nos faltam exames de identificação do Covid-19 para grande parcela da população”, afirmou o dirigente sindical ao ser entrevistado pelo jornalista e apresentador Lucas Rivas. “Quando vemos empresários e até mesmo o presidente da República fazendo um alinhamento focado na retomada da economia, vemos uma mensagem muito ruim sendo repassada para a população. O povo passa a desacreditar nos esforços que os governadores e autoridades sanitárias estão fazendo para estimular a manutenção do isolamento social para salvar vidas”, disse Amarildo ao criticar o comportamento de Jair Bolsonaro na contramão das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ele chamou a atenção para a necessidade de garantir equipamentos e proteção aos profissionais de saúde e denunciou a morte de uma técnica em enfermagem que, mesmo sendo de um grupo de risco, trabalhava na triagem de pacientes no setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, na última semana em Porto Alegre. Negociações coletivas Questionado sobre as inciativas que a CUT-RS vem tomando para garantir a manutenção dos empregos e evitar demissões, Amarildo destacou a importância da criação de mesas de diálogo e negociação coletiva com as entidades patronais, envolvendo várias categorias de trabalhadores, e criticou a Medida Provisória (MP) nº 936, que suspende contratos de trabalho, reduz salários e prevê acordo individual entre patrões e empregados. “Estamos fazendo um esforço, enquanto Central que representa sindicatos e federações, para encontrarmos caminhos para que não tenhamos demissões de trabalhadores com carteira assinada. Estamos tentando incluir nos acordos coletivos das categorias medidas que garantam a manutenção dos empregos e da renda durante esse período de crise”, disse Amarildo. MP 936 é inconstitucional “A MP 936 é inconstitucional e precisa ser alterada. O mundo inteiro está caminhando em direção contrária ao que propõe a medida provisória. Os países sérios têm definido que os trabalhadores sejam mantidos por três ou quatro meses com seus salários em dia e que o setor produtivo seja compensado com políticas públicas, de forma que as empresas sejam saneadas após a crise e os seus proprietários possam também manter o isolamento. Aqui, o poder público joga tudo para o alto e diz para que as relações de trabalho devem ser resolvidas entre patrões e empregados. Achamos que essa é pior medida que se pode ter”, enfatizou o presidente da CUT-RS. Amarildo apontou também o descaso do governo em relação aos impactos do Covid-19 na realidade das empresas e na vida dos trabalhadores como responsável por demissões em massa, como as que ocorreram recentemente no setor calçadista gaúcho. Preservar empregos e evitar demissões “São mais de 10 mil empregos perdidos no setor calçadista porque o empresariado do ramo não vê nenhuma medida que possa estabilizar seus negócios após a crise do Coronavírus. Por isso, seguimos denunciando essas demissões e procuramos manter o mínimo de segurança para os trabalhadores dos serviços essenciais, que antes eram invisibilizados e que agora passam a ter papel fundamental em nossa sociedade, como os trabalhadores dos supermercados, frentistas de postos, farmacêuticos e tantos outros”, frisou Amarildo. “Por que sempre temos de cobrar sacrifícios das partes mais vulneráveis dentro das relações trabalhistas? Por que não discutimos uma repactuação fiscal e tributária no país? Por que não cobramos do sistema financeiro, que lucrou mais de R$ 100 bilhões no ano passado? O silêncio dos bilionários é inaceitável, ainda mais agora que o mundo passa por essa crise”, salientou. Fortalecimento do SUS O dirigente da CUT-RS ainda defendeu o fortalecimento do SUS, destacando que o modelo neoliberal de redução do Estado está “falido” e que é preciso aumentar os investimentos na saúde e revogar a Emenda Constitucional 95, aprovada com o voto do então deputado federal e hoje ministro da Saúde, Luiz Mandetta. “Vamos resistindo e que este momento nos deixe mais unidos e fortalecidos para construir um mundo mais justo, solidário e menos desigual”, concluiu. Assista à entrevista do presidente da CUT-RS http://stimeca.org.br/wp-content/uploads/2020/04/Entrevista-Cenci_12.04.2020.mp4
Fonte: CUT/RS
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