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Nota de solidariedade da CUT-RS ao professor atacado na formatura de jornalistas da Unisinos Felipe Boff foi vaiado por tecer críticas ao governo e defender a liberdade de expressão 12/03/2020 Marcelo Ferreira O Coletivo de Comunicação da CUT-RS, reunido nesta terça-feira (11), em Porto Alegre, aprovou por unanimidade uma nota de apoio e solidariedade ao jornalista e professor Felipe Boff, paraninfo da turma do Curso de Jornalismo que se formou no último sábado (7), na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS). É inadmissível a postura de alguns familiares e convidados dos 21 formandos, que interromperam o oportuno discurso do professor com vaias e gritos raivosos para que se calasse, quando denunciava a onda de fake news e os ataques frequentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à imprensa e aos jornalistas e falava em defesa da profissão, pela liberdade de expressão e de imprensa, que “vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar”. O professor fez muito bem ao lembrar aos presentes que, “entre 1964 e 1985, jornalistas foram censurados, perseguidos, presos, torturados e até assassinados, como Vladimir Herzog. Hoje, somos insultados nas redes e nas ruas; perseguidos por milícias virtuais e reais; cerceados e desrespeitados por autoridades que se sentem desobrigadas de prestar contas à sociedade”. Mais do que repudiar o ódio dos intolerantes, é preciso enaltecer o gesto solidário dos formandos que responderam aos insultos, colocando-se de pé para aplaudir o pronunciamento e garantir que o mesmo pudesse ser concluído, quando foi aclamado fortemente pelos professores e pela maioria da plateia. É repugnante a estratégia do presidente da República de fabricar mentiras para desacreditar a imprensa e os jornalistas e desviar as atenções da sociedade para esconder a estagnação da economia brasileira, o desmonte do estado e as privatizações, as reformas que tiram direitos dos trabalhadores, o corte de recursos dos serviços públicos e a omissão diante da instabilidade na economia mundial e da crise do coronavírus. Por isso, estão cobertos de razão os formandos que escreveram em suas camisetas: “Não existe democracia sem jornalismo”. É preciso enfrentar o autoritarismo e o fascismo e combater os ecos na sociedade. Só haverá esperança de futuro com liberdade de expressão e imprensa e Estado Democrático de Direito.
Vitalina Gonçalves Ademir Wiederkehr
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