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“Vamos fazer uma greve geral histórica”, diz presidente da CUT
Movimentos sociais e centrais sindicais se preparam para a greve geral do dia 14 de junho, que tem como principal objetivo barrar a reforma da Previdência de Bolsonaro
10/06/2019




 Em entrevista exclusiva ao DCM, Vagner Freitas, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), fala sobre a mobilização que promete parar o país.

DCM – Como estão os preparativos para a greve do dia 14?

Vagner Freitas – A greve geral de 14 de junho já está na boca do povo. É comentada em toda parte, nos pontos de ônibus, metrô, comércio, escolas, dentro das fábricas, dos bancos, nas ruas, porque o Brasil vai parar contra uma proposta de reforma da Previdência que representaria o desmanche de todo o sistema de seguridade social que prejudica a maior parte da sociedade.

A CUT e as demais centrais sindicais, os movimentos sociais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, todos nós estamos unidos na organização dessa greve geral. Temos também o apoio de diversos setores da sociedade, como a CNBB (Conferência dos Bispos do Brasil), independentemente de questões ideológicas. Vamos fazer uma grande greve geral, histórica. Estamos mobilizando os sindicatos e todos os atores sindicais nos 26 Estados e DF.

Estamos fazendo abaixo-assinados, em nível nacional, contra a reforma e conversando com a população diretamente para explicar como essa reforma da Previdência é destrutiva às vidas dos brasileiros, principalmente os mais pobres.

A construção da greve de 14 de junho é diária e começou em janeiro. Nesse contexto de luta, as manifestações contra os cortes na educação que lotaram as ruas nos dias 15 e 30 de maio, chamadas e organizadas por sindicatos de professores e de trabalhadores no setor, com total apoio das Centrais Sindicais, foram muito importantes à construção da greve geral. Assim como a participação dos estudantes, do movimento estudantil e da comunidade acadêmica foi.

DCM – Quais são as principais pautas e objetivos da greve?

Vagner Freitas – A greve geral que vai parar o Brasil em 14 de junho tem como foco impedir que a reforma da Previdência seja aprovada na Câmara dos Deputados. Já conseguimos evitar a aprovação da proposta da reforma apresentada pelo então presidente ilegítimo Michel Temer.

A PEC entregue no Congresso pelo governo Bolsonaro consegue ser ainda pior do que a do golpista Temer, porque quer impor aos trabalhadores e trabalhadoras um sistema privado de capitalização que já falhou e foi derrubado em 60% dos países onde foi implementado. Um sistema que obriga o trabalhador a contribuir sozinho, e por muito mais tempo, para garantir a sua aposentadoria, enquanto o Estado e os empresários em nada contribuem, portanto, um sistema injusto.

E não se trata somente de a reforma dificultar o acesso, reduzir o valor e ampliar o tempo de contribuição à aposentadoria, a proposta do Bolsonaro também destrói o sistema de seguridade social que garante aos trabalhadores e seus familiares auxilio em episódios de doença, invalidez, viuvez. É por isso que o Planalto está gastando milhões em propaganda mentirosa para dizer ao povo que a reforma combaterá privilégios. Mentira, só penalizará os trabalhadores e mais pobres.

DCM – A CUT esteve presente nos atos pela educação. Isso pode ser visto como um passo para a unificação do campo progressista contra os retrocessos do governo?

Vagner Freitas – A CUT e todas as demais centrais sindicais não só estiveram presentes, mas deram total apoio às manifestações dos dias 15 e 30 de maio. Os sindicatos de professores e trabalhadores que foram para as ruas são filiados à CUT e às centrais e foram esses sindicatos que chamaram e organizaram os atos.

A chamada “grande mídia” tentou esconder que essas duas datas foram, sim, datas sindicais. Como já mencionei, as centrais e os movimentos sociais, representados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, MST, MTST já estão lutando de forma unitária desde o início deste ano, quando a atuação conjunta foi debatida e aprovada em plenárias com todos esses atores. Nossa luta é conjunta contra a reforma da Previdência e também contra os ataques do governo Bolsonaro aos direitos dos trabalhadores e de todos brasileiros.

DCM – Depois da greve, quais serão as próximas mobilizações?

Vagner Freitas – Faremos uma avaliação, debateremos e encaminharemos os próximos passos de forma unitária com todos os atores que, juntamente com a CUT, as demais centrais sindicais e os movimentos sociais estão construindo a greve geral. Não será uma greve por aumento salarial ou de uma categoria específica. Será uma greve geral contra um governo que adotou uma política de calar a sociedade, que já se provou inimigo da classe trabalhadora, dos sindicatos, dos pobres, das mulheres, dos direitos humanos, das universidades, dos estudantes, das artes, da cultura, do pensamento crítico do Brasil. Será uma greve geral em defesa do Brasil, de toda a população, contra a retirada de direitos em todas as áreas, em defesa da democracia e, principalmente, contra o desmanche da previdência e o fim da aposentadoria.

 
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