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Dilma critica pessimistas e garante meta de inflação É incorreto falar de descontrole da inflação ou das despesas do governo. É desrespeito aos dados, à lógica, para dizer o mínimo", afirmou a presidente 18/07/2013 No cenário econômico apresentado ontem pela presidente Dilma Rousseff, o país vive um momento muito melhor do que fazem crer análises que definiu como "pessimistas". Na visão oficial, "o barulho tem sido muito maior que o fato". Em discurso de 52 minutos para empresários e representantes de movimentos sociais, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que celebrou ontem dez anos de funcionamento, a presidente citou o que considera os dados concretos do bom desempenho econômico: a queda da inflação nos últimos meses, a redução de despesas com pessoal, previdência e juros, além da redução na dívida líquida do setor público e o aumento das reservas internacionais. Dos principais assuntos da atual pauta econômica, a presidente não deixou de fora o aumento da competitividade, ou a redução da burocracia, mas não deu nenhum sinal sobre o corte de gastos prometido para cumprir a meta de superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e não falou sobre juros. "É incorreto falar de descontrole da inflação, ou das despesas do governo. É desrespeito aos dados, à lógica, para dizer o mínimo. Temos dificuldades sim, mas temos uma situação hoje que não se compara a nenhum momento do passado", disse a presidente. Dilma garantiu que a inflação terminará o ano dentro da meta do governo, cujo teto é 6,5%, e que o pacto pela responsabilidade fiscal proposto por ela depois dos protestos de junho "limita qualquer tentação de populismo fiscal". Segundo a presidente, as decisões tomadas pelo governo em resposta às demandas populares não ameaçarão "as contas do país". Entre os dados destacados por Dilma para sustentar seu otimismo estão a perspectiva de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perto do zero em julho, embora ela reconheça se tratar de um efeito sazonal e recorrente. Os choques de oferta vividos no segundo semestre do ano passado, disse, explicam o comportamento dos preços no primeiro semestre de 2013. Ao analisar as principais despesas do governo, a presidente ressaltou que os gastos com pessoal equivalem a 4,2% do PIB, o percentual mais baixo dos últimos dez anos, o déficit da Previdência, hoje em torno de 1% do PIB, também é um dos mais baixos da década, e o pagamento de juros consome hoje 40% menos recursos que há dez anos. No discurso no Conselhão, não houve uma análise sobre indicadores econômicos de curto prazo. A presidente não entrou nos temas que concentram os pontos de vista mais pessimistas no atual debate econômico do Brasil: revisões para o PIB de 2013, que caíram de 3% no início do ano para 2%, desaquecimento do mercado de trabalho, aumento de juros e desvalorização cambial. A apresentação feita pela presidente também incluiu a participação de investidores nacionais e estrangeiros nos leilões mais recentes de concessões no setor elétrico e na área de petróleo e gás como sinais de confiança na economia brasileira. A disposição do governo em levar adiante as concessões de infraestrutura ao setor privado foram fortemente criticadas por causa das baixas taxas de retorno oferecidas aos investidores. Apenas depois de se convencer que não haveria disputa nos leilões o governo aceitou rever os retornos. Durante os debates do CDES, no período da tarde, sem a presença da presidente, o presidente da Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB), Ubiraci Oliveira, e o secretário de organização da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jacy Afonso, defenderam o fim do superávit primário. "Manter o superávit primário é um equívoco da política econômica. Por que não podemos suspender o superávit para poder investir?", disse Afonso. A secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Alicia Bárcena Ibarra, defendeu que os países latino-americanos se preparem para uma redução no comércio internacional e o fim dos altos preços de matérias-primas. Segundo ela, a renda da região depende dessas variáveis e mudanças afetarão o orçamento e a capacidade fiscal dos países. O modelo de crescimento baseado em consumo, que liderou a expansão da região nos últimos anos, não é mais sustentável, disse.
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