Notícias
 
Com disparada de preços, salário mínino ideal é 5 vezes maior do que o atual
Com aumento de até 34,13% na cesta básica nos últimos 12 meses e salário mínimo cinco vezes menor que o necessário, brasileiros diminuem consumo. Associação de supermercados sente o baque com queda nas vendas
10/09/2021


Porto Alegre tem o preço mais alto nos itens de primeira necessidade (R$664,67)


A disparada da inflação, que atingiu 9,68% em agosto, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatisca (IBGE), divulgados nesta quinta-feira (9), corroeu o poder de compra dos brasileiros, em especial dos mais pobres que ganham um salário mínimo, hoje de R$ 1.100.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor ideal do salário mínimo para uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças, seria de R$ 5.583,90.

Para definir o valor do mínimo ideal, o Dieese se baseia na Constituição que prevê que o piso nacional seja capaz de atender as necessidades vitais básicas de uma pessoa e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Por isso, é importante incluir nesta conta o peso do valor da cesta básica de alimentos.

Em sua pesquisa mensal de preços, feita em 17 capitais, segundo o último levantamento, divulgado esta semana, o valor da cesta básica chegou a subir até 34,13% nos últimos doze meses.

Os preços dos produtos que compõem os gêneros de primeira necessidade, em agosto deste ano, variaram de R$ 664,67 em Porto Alegre (RS), o mais alto, a R$ 458,44, o mais baixo, em Salvador (BA). Os preços foram pesquisados em 17 capitais do país, sendo que em 13 houve aumentos no valor da cesta básica.

Alheio a esse drama das famílias brasileiras, Jair Bolsonaro (ex-PSL) mantém sua política de arrochar salários, mesmo o piso nacional. E, com ele no poder, o valor ideal do salário mínimo nunca será alcançado, até porque ele foi o responsável por acabar, logo em seu primeiro ano de mandato, com a Política de Valorização do Salário Mínimo, criada pela CUT, que conseguiu o apoio das demais centrais e convenceu o então presidente Lula da necessidade de aprovar a medida.

Nos governos do PT, de 2003 até 2017, o ganho real do mínimo, ou seja, com reajustes acima da inflação, foi de 77,01%. Em abril de 2015, antes do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, o mínimo necessário era 4,13 vezes maior que o valor oficial. Hoje, o valor necessário é 5,08 vezes, o que mostra a deterioração do poder de compra do trabalhador.

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que, em média, de 17 capitais, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em agosto, 55,93% do salário líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em julho, o percentual foi de 55,68%.

A consequência dessa disparada nos preços dos alimentos é uma queda de 1,15% no volume de vendas nos supermercados, em julho, em relação ao mesmo mês do ano passado, diz a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Ainda segundo a entidade, o custo da cesta com os 35 produtos mais vendidos em supermercados, em agosto deste ano, foi em média de R$ 668,55 - uma alta de 23,44% em relação ao mesmo período do ano passado. A região Norte é a mais afetada, com esses produtos chegando a R$ 752,89, seguida pela região Sul, com R$ 734,10.

Ou seja, o brasileiro está comendo cada vez menos e mal, uma triste realidade confirmada pelo aumento do consumo do miojo, macarrão instantâneo, mais barato e nenhum pouco nutritivo.

E o que está ruim pode ainda piorar com a seca que acaba com os pastos do gado, aumentando os custos de produção do leite e da carne, cujos preços já estão em patamares altíssimos, impossibilitando a maioria das famílias brasileiras de consumirem esses produtos. O alerta é da coordenadora de preços da cesta básica do Dieese, Patrícia Costa.

“O que mais chama atenção mais do que o aumento nos preços é a queda no consumo do arroz, feijão e carne. O arroz, por exemplo, tem tido menos demanda das indústrias de processamento do grão porque os centros consumidores não estrão comprando. Por outro lado, o produtor segura o produto para o preço não cair, mas num preço muito alto inibindo o consumo das famílias”, diz Patrícia.

A coordenadora do Dieese faz uma comparação dos valores desses alimentos na capital de São Paulo em relação a 2015, ano anterior ao golpe, que mostra o tamanho do problema.

Confira:

. em 2015, o valor médio do quilo do arroz era de R$ 2,67, em 2021 está em R$ 4,05 (já esteve neste ano a R$ 4,80);

. o quilo do feijão, em 2015, era de R$ 4,67, hoje está em R$ 6,97;

. o quilo da carne de primeira, mais do que dobrou de 2015 para cá. Com Dilma custava R$ 21,77. Com Bolsonaro, subiu para R$ 43,41.

As perspectivas não são boas porque continua a estiagem, vai haver um guerra entre demanda e oferta, com o preço subindo tanto que ficará inviável para a população mais pobre
- Patrícia Costa
Pesquisa Cesta Básica

A pesquisa Dieese da Cesta Básica mostra que nos últimos 12 meses, de agosto de 2020 a agosto de 2021, a cesta subiu em todas as 17 capitais pesquisadas, com aumentos que oscilaram entre 11,90%, em Recife, e 34,13%, em Brasília.

Já de janeiro a agosto deste ano, o preço médio dos alimentos subiu em 16 capitais pesquisadas. As maiores altas foram registradas em Campo Grande (3,48%), Belo Horizonte (2,45%) e Brasília (2,10%). A cesta mais cara foi a de Porto Alegre, (R$ 664,67), seguida pelas de Florianópolis (R$ 659,00), São Paulo (R$ 650,50) e Rio de Janeiro (R$ 634,18). As únicas quedas foram apuradas em Aracaju (R$ 456,40) e Salvador (R$ 485,44).

Preços do café, leite, açúcar e batata sobem e arroz e feijão caem

O café subiu em 17 capitais. O quilo em pó teve a maior alta em Vitória com 24,78%. Em Recife , a oscilação foi bem menor, com uma alta de 0,71%.

Já o preço do açúcar registrou alta em 16 capitais. Os maiores aumentos ocorreram em Florianópolis (10,54%), Curitiba (9,03%), Belo Horizonte (5,61%) e Recife (5,01%).

Segundo Patrícia Costa, a redução da oferta do leite por causa das pastagens secas para o gado, causou disputa acirrada entre as indústrias de laticínios, o que fez o litro do leite subir. As maiores altas foram em Aracaju (5,70%), João Pessoa, PB, (2,41%), Salvador (2,20%) e Rio de Janeiro (2,01%). Já a manteiga teve os principais aumentos em Curitiba, PR, (4,57%), Salvador (4,20%) e São Paulo (3,04%).

O clima quente e seco também reduziu o ritmo da colheita da batata e a oferta de tubérculos foi menor no varejo. O quilo do produto teve aumento de preço em nove das 10 capitais onde é pesquisado. As maiores altas ocorreram em Brasília (39,64%), Rio de Janeiro (36,36%) e Belo Horizonte (33,09%).

Com o arroz e do feijão nas alturas, o consumo desses produtos reduziu, e por isso que os produtores foram obrigados a segurar os preços, mas apesar da queda, o valor continua proibitivo para os mais pobres.

O quilo do preço do feijão recuou em 13 capitais. O tipo carioquinha registrou queda entre -3,94%, em Campo Grande, e -0,11%, em Fortaleza. No entanto, altas ocorreram em Belo Horizonte (1,41%), São Paulo (0,58%) e Salvador (0,54%). Já o feijão preto diminuiu em Curitiba (-6,93%), Vitória (-3,89%), Florianópolis (-3,10%) e Rio de Janeiro (-2,61%).

O preço do quilo do arroz recuou em 13 capitais, com quedas que variaram entre -7,67%, em Aracaju, e -0,54%, em Fortaleza.

Fonte: CUT com edição de Marize Muniz

 
Veja também
 
 
 
 
 
 
 
Redes Sociais
 
 
Folha Metalúrgica
 
Assista
 
Escute
Escolha o áudio abaixo...

 
Boletim Eletrônico
Receba em seu e-mail o boletim eletrônico e informes do Sindicato

Não quero mais participar
 
Veja Também
 
 
Serviços
  Benefícios para Associado
  Tesouraria
  Jurídico
  Homologação
  Saúde
  Catálogo de Convênios e Parcerias
O Sindicato
  Institucional
  História
  Diretoria
  Base do Sindicato
  Subsedes
  Aposentados
  Colônia de Férias
  Lazer
Convenções
  Metalurgia
  Reparação de Veículos
  Máquinas Agrícolas
  Siderurgia
Galerias
  Fotos
  Escute
  Notícias
  Opinião do Sindicato
  Folha Metalúrgica
  Publicações
CNM  FTM RS  CUT
 
STIMEPA - Sindicato dos Metalurgicos da Grande Porto Alegre
Av. do Forte, 77 - Cristo Redentor - CEP 91.360-000;
Telefone: (51) 3371.9000 - Porto Alegre - RS.
De segunda à sexta, das 8h às 17h.
 
Omega Tecnologia