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Indústria gaúcha desacelera e corta empregos há cinco meses Depois de sinais de expansão na produção das fábricas no segundo trimestre, IBGE indica recuo de 2,9% no terceiro trimestre de 2019 13/11/2019 Após um primeiro semestre de expansão, a indústria gaúcha voltou a patinar na largada da segunda metade de 2019. De julho a setembro, a produção nas fábricas do Rio Grande do Sul acumulou queda de 2,9% em relação ao segundo trimestre, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, no período, fechou 10,1 mil postos de trabalho no Estado, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Economista-chefe da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), André Nunes de Nunes avalia que a recuperação lenta da economia brasileira pós-recessão e a falta de recursos do governo federal para criar estímulos, como ampliação da oferta de crédito, acabam atingindo em cheio as fábricas. Para o especialista, o efeito é ainda maior no Estado, que tem entre suas principais vocações a produção de bens de capital, como máquinas, equipamentos e veículos. Além disso, Nunes explica que problemas enfrentados no cenário externo contribuíram para a reversão de expectativas no decorrer de 2019. Com a economia mundial desacelerando e alguns dos principais parceiros comerciais gaúchos em crise, caso da Argentina, as exportações não se apresentam como válvula de escape para amenizar a fraca demanda interna. _ O processo de estagnação da indústria gaúcha deve continuar. Com cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (nacional) abaixo de 1%, não conseguimos coletar elementos que gerem uma inflexão neste resto de ano. Entretanto, há vários elementos positivos de médio prazo, como a queda dos juros e as reformas que tentam atacar a crise fiscal do governo _ diz Nunes. Analista do IBGE responsável pelo levantamento, Bernardo Almeida constata que esse quadro atual vem sendo puxado pela menor demanda no setor automotivo, que até então apresentava taxas de crescimento acima da média, e as dificuldades enfrentadas em outras áreas, entre elas alimentação, borracha e plástico. De janeiro a setembro, as empresas criaram 8,7 mil vagas com carteira assinada em 2019, porém há cinco meses seguidos as demissões superam as contratações. - O que vem impactando a indústria é a incerteza na conjuntura nacional. Há bastante cautela na tomada de decisões de investimentos e também por parte dos consumidores - afirma Almeida. Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a deterioração dos indicadores é preocupante. - Está nítida essa trajetória de perda de fôlego na indústria gaúcha e, nos últimos meses, esse quadro vem se agravando - resume. Cagnin avalia que a recuperação consistente do setor no Brasil passaria pela retomada de investimento em infraestrutura. O prolongamento das dificuldades pode fazer com que o país perca competitividade ante nações que ampliam investimentos em tecnologia e tornam parques fabris cada vez mais automatizados, afirma. Em meio a altos e baixos, olhar para 2020
Na Serra, principal polo metalmecânico do Estado, as empresas tinham as carteiras de pedidos recheadas no início do ano. Com as constantes revisões para baixo do crescimento do PIB brasileiro, que deve fechar 2019 na faixa dos 0,9%, o cenário mudou de figura. - A confiança do empresariado não se sustenta em cima de notícia ruim - pontua Paulo Spanholi, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Apesar da desaceleração, boa parte das empresas finalizará 2019 com crescimento e mostra otimismo para 2020. É o caso da Dana, fabricante de componentes para veículos, com sede em Gravataí, que projeta alta de 15% no faturamento anual. - Vemos a desaceleração no segundo semestre como um ajuste natural, até por conta dos impactos da situação na Argentina - salienta Raul Germany, presidente da Dana no Brasil. Por outro lado, o IBGE indica que o segmento de borracha e plástico é o que acumula maior retração, de 7,8% em 2019. Os números são contestados por dirigentes dos setores. - Sentimos que o desempenho não é negativo. Devemos fechar o ano com crescimento de 5% - afirma Gerson Haas, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do RS. Situação semelhante é vista no ramo da borracha, que, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do RS, Gilberto Brocco, também deve subir 5%. - O setor está otimista. As empresas estão fazendo investimentos moderados, pensando no crescimento para 2020 - sintetiza. Fonte: Gaúcha ZH Veja também |