Notícias
Na China, metalúrgicos da CUT abrem canal para impulsionar indústria no Brasil . 24/07/2017 Delegação de sindicalistas cumpriu agenda de 11 dias naquele país e conheceu modelo que está alavancando desenvolvimento Foi encerrada nesta segunda-feira (24) a missão de metalúrgicos da CUT na China. Os sindicalistas passaram 11 dias naquele país cumprindo uma extensa agenda de visitas e encontros com sindicatos, empresas, universidades e centros tecnológicos, para ver de perto os resultados da política industrial no desenvolvimento social daquele país. O objetivo da viagem foi o de obter subsídios e estabelecer parcerias para a formulação de propostas para a indústria brasileira. “Estamos voltando com muitas tarefas. Percebemos o interesse claro das empresas chinesas em conhecer o Brasil e, depois dessa série de contatos com todos os segmentos envolvidos com o desenvolvimento econômico chinês, abrimos um canal de oportunidades para aumentar a cooperação entre as duas nações e impulsionar o Instituto da Indústria que vamos criar. Vimos que a China tem muito a contribuir com o processo de reindustrialização do Brasil”, assinalou Rafael Marques, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP). A proposta de criação do Instituto da Indústria foi aprovada na plenária estatutária da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) realizada no final de junho. A nova instituição tem o objetivo de formular propostas para a política industrial brasileira e está sendo articulada com as demais entidades que compõem o Macrossetor da Indústria da CUT (MSI): químicos, têxteis, trabalhadores na alimentação e na construção. A missão de sindicalistas à China foi articulada pela CNM/CUT e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com apoio da Câmara de Comércio de Desenvolvimento Internacional Brasil China. Além de Marques, integraram a delegação o secretário geral da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, os presidentes das Federações Estaduais dos Metalúrgicos da CUT de São Paulo e Minas Gerais, Luiz Carlos da Silva Dias e Marco Antonio de Jesus, e os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Nelsi Rodrigues (Morcegão) e Wellington Damasceno. Eles foram acompanhados pelos técnicos do Dieese André Cardoso (CNM/CUT), Luiz Paulo Bresciani (ABC) e Leandro Horie (CUT Nacional). “A missão foi muito estratégica para que possamos avançar nas propostas de política industrial. O que presenciamos nesses 11 dias nos deu muitos elementos para isso e reafirmou nossa convicção de que a indústria é o principal condutor do desenvolvimento social de qualquer nação”, avaliou Loricardo de Oliveira. O resultado da missão já terá frutos em agosto, quando representantes do Banco dos Brics (bloco dos países composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) virá ao Brasil para uma reunião com sindicalistas articulada pela CNM/CUT para aprofundar o debate sobre parcerias e e investimentos no país. “Em setembro, receberemos Liu Dehua, coordenador do projeto de biodiesel desenvolvido pela Universidade de Tsing Hua, para conhecer melhor o projeto. A China, inclusive, está adquirindo usinas de biodiesel que estavam fechadas no Brasil”, informou Marques. Segundo ele, já na próxima semana, após reunião de avaliação, a delegação vai conversar com entidades sindicais e parceiros como os Movimentos dos Sem Terra e dos Trabalhadores Sem teto (MST e MTST) para falar sobre a viagem e envolvê-los na formulação de propostas para o Brasil. “Em 2018 há eleição e temos um projeto a defender. Na minha opinião, quanto mais próximos estivermos, quanto mais apoiarmos o Brics, preservando nossa soberania, é possível aprofundar um projeto de Nação voltado para o desenvolvimento social”, ressaltou o metalúrgico do ABC. “Temos que aprofundar o debate, junto com os parceiros do Macrossetor e a CUT, sobre qual política industrial queremos para o Brasil, e qual o programa vai nortear o Instituto da Indústria, inclusive olhando a China como um investidor. Do ponto de vista sindical, queremos também envolver a CUT para aprofundar os laços com o sindicato chinês e para lutar por melhoria nas condições de trabalho nos dois países”, completou Loricardo. Crédito: Divulgação “Ao longo desses dias, desmistificamos uma série de tabus em relação ao país. A China passa por uma transformação profunda, com investimentos pesados em infraestrutura, com um projeto forte de educação, com condições de trabalho progredindo, com jornada de trabalho diminuindo e salários aumentando. Ainda há grandes bolsões de pobreza, mas o país está combatendo a desigualdade social”, ponderou Marques. Para ilustrar essa percepção, o sindicalista do ABC contou que numa empresa de logística que visitaram em Xangai, dos 4 mil trabalhadores, mais da metade era de fora daquele centro urbano. “Há uma clara política de dar oportunidades para estimular a migração. Esses trabalhadores têm, inclusive, moradia gratuita como contrapartida”, informou Rafael, ressaltando também a ampliação da proteção social em áreas como a saúde, por exemplo. Loricardo concorda com a avaliação e disse que, pelo fato da China ser uma nação de dimensões continentais (é a terceiro maior, só perdendo para a Rússia e o Canadá), ainda passa a impressão de ser composta por três países distintos: “A orla é a mais desenvolvida, com indústrias e tecnologia avançados, com condições de trabalho, jornada e salários melhores. No centro, estão em processo de desenvolvimento e ainda há ‘um pé’ no passado, com jornada maior, precarização e condições não tão seguras de trabalho. E, mais ao norte, fica a China ‘proibida’, onde mora a população mais pobre, formada por camponeses, e onde o desenvolvimento ainda não chegou”. Meio ambiente e solidariedade Marques e Loricardo destacaram a reunião com representantes do Banco dos Brics) como uma das mais importantes agendas mantidas pela delegação (leia mais a respeito clicando no link ao final). “Na reunião, ficou clara a estratégia de longo prazo da China. É o país que mais contribui com o banco para operações de investimento em várias áreas para os países do bloco, principalmente em energia limpa e saneamento. Ao mesmo tempo, ela não exerce poder de mando. Ao contrário, se mostra extremamente solidária com os demais parceiros”, contou. “Constatamos que o Brasil é um país de grande interesse para a China”, concluiu Rafael. Veja também |