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Sem criticar Congresso, Dilma volta a cobrar plebiscito para reforma política
Presidenta afirma que mudanças no sistema eleitoral responderiam às exigências das ruas por melhor representação e menos corrupção: "Nenhum manifestante pediu volta ao passado"
17/07/2013


São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff voltou a defender hoje (17) um plebiscito para a reforma do sistema político brasileiro, mas não fez qualquer menção à resistência do Congresso – inclusive da base aliada do governo – em realizar uma consulta popular antes das eleições de 2014. Na semana passada, os líderes partidários, que desde o começo vinham se opondo a aceitar mudanças plebiscitárias, enterraram as expectativas do Planalto.
“A reforma é importante porque trata de valores que queremos ver implantados na vida pública e no processo de representatividade”, argumentou, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) em Brasília. “Melhorar melhorar o nível da representação e a atividade política e dotá-la de mais transparência são as respostas mais evidentes que podemos dar ao país neste momento. Os cartazes não pediam plebiscito, mas uma variante disso: mais ética, mais democracia, mais oportunidade para o povo ser ouvido. Isso tudo passa por uma reforma política.”

Dilma fez uma longa referência aos protestos de junho, e reforçou a ideia de que a ânsia dos brasileiros por mais e melhores serviços públicos, notadamente em saúde e educação, é uma consequência natural das conquistas sociais obtidas pelo país nos últimos dez anos. “Quando temos um grande contingente de pessoas com melhores condições de vida, mais acesso à informação e mais consciência de seus direitos, vemos surgir cidadãos com novas vontades e exigências”, explicou, emendando um recado às ambições eleitorais do PSDB: “Ninguém nesse último mês de manifestações pediu a volta ao passado. Pediram, sim, o avanço para um futuro de mais direitos, mais democracia e mais conquistas sociais.”

Mais

“Agora somos cobrados a fazer mais e temos que fazer mais”, continuou. “Democracia gera desejo de mais democracia, inclusão provoca cobrança de mais inclusão. Qualidade de vida desperta anseio por mais qualidade de vida. Sempre mais. Para nós, os avanços conquistados até agora são só o começo.” Por isso, a presidenta valorizou o desempenho da economia nos últimos anos, sobretudo depois da crise internacional, iniciada nos Estados Unidos em 2008. “Num mundo que desemprega, criamos quase 20 milhões de empregos com carteira assinada. Num mundo onde os países se endividaram e o déficit público chegou a níveis extraordinários, construímos controle da inflação e robustez fiscal.”

Dilma garantiu que não descuidará das contas públicas para atender a voz das ruas. Por isso é que, lembrou, estabeleceu a estabilidade fiscal entre os cinco pactos lançados pelo governo em resposta aos protestos, no final de junho. “Isso limita qualquer tentação de populismo fiscal e estabelece com clareza muito necessária o principio de que só podemos gastar aquilo que temos para gastar.” Minutos antes, a presidenta havia se dedicado a rebater críticas à economia. E lançou mão de uma série de dados estatísticos para embasar seus argumentos.

“A divida líquida do setor público foi de 34,8% do PIB. Em 2002, era de 60,4%, quase o dobro. O déficit da Previdência está em 1% do PIB, um dos menores do mundo. As despesas do governo, em 4,2% do PIB, uma das menores nos últimos dez anos. As despesas com pagamento dos juro são de 4,6% do PIB, ou seja, 40% menores do que antigamente”, enumerou, criticando o pessimismo e a má-fé dos críticos. “Os números reais, se analisados com isenção, mostram que é incorreto falar em descontrole da inflação ou das despesas do governo. É desrespeito aos dados, à lógica. A informação parcial confunde a opinião pública e cria ambiente de pessimismo que não interessa a nenhum de nós.”

Transporte

Dilma Rousseff também anunciou que está convocando uma “ampla” reunião com gestores públicos de todo o país e profissionais da área de transportes para discutir a planilha de cálculo das tarifas de transporte público. Segundo a presidenta, estão sendo chamados prefeitos, governadores, movimentos sociais, o Fórum Nacional de Secretários de Transporte, setores da academia, prestadores de serviço de transporte e trabalhadores do setor.

“A maioria dos municípios usa hoje, em 2013, a metodologia desenvolvida pelo Geipot [Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, já extinta] em 1984 e atualizada em 1993. Portanto, 20 anos atrás”, disse, lembrando que o país é pobre em investimentos em mobilidade urbana, o que acentua a desigualdade nas grandes cidades. “Esse processo de alimentar a desigualdade e não dar soluções a ela acaba atingindo toda a população, mesmo aqueles que têm uma renda maior, porque são impactados por um trânsito absurdo e infernal.”

Entre as ações do governo para tentar melhorar a área depois da movimentação popular, Dilma citou o anúncio, feito em junho, de R$ 50 bilhões para obras de infraestrutura urbana e o início do diálogo com governadores, na semana passada, para selecionar novos projetos a serem implementados no setor de transportes. A presidenta também criticou a histórica falta de investimentos em metrô, nas grandes cidades, considerado muito caro no passado e desconsiderado por muitos gestores.

Para evitar prejuízos maiores no futuro, a presidenta destacou a importância das cidades médias se planejarem para evitar os problemas das grandes metrópoles. “Em especial, temos condição de salvar as cidades médias, que crescem de forma celerada e que ainda podem ter um processo de planejamento anterior ao caos. Porque nas cidades grandes são necessários, agora, dois processos: um emergencial, para conter o caos, e outro de planejamento, para estruturar uma cidade de forma adequada”.

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual, com informações da Agência Brasil

 
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