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Em defesa da democracia e dos direitos sociais, movimentos dizem não ao golpe
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21/08/2015


Objetivo: unificar as forças da sociedade, defender a democracia, os direitos sociais e trabalhistas e as conquistas


Dirigentes de sindicatos filiados a quatro centrais sindicais e representantes de entidades ligadas ao Judiciário, igrejas cristãs e dos movimentos popular e estudantil, promoveram na tarde de ontem, 20 de agosto, o Movimento em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais.

O encontro iniciou à tarde no salão de eventos da Igreja Pompéia – onde foi lido e aprovado o “Manifesto em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais” e encerrou no início da noite na Esquina Democrática, Centro de Porto Alegre, depois de uma marcha de aproximadamente duas mil pessoas, entre os quais dirigentes e ativistas de sindicatos metalúrgicos da região.

Segundo os organizadores, o movimento teve objetivo de unificar as forças da sociedade preocupadas com o rumo do país, defender as liberdades constitucionais, a democracia, os direitos sociais e trabalhistas e as conquistas obtidas ao longo dos últimos anos, que vêm sendo constantemente ameaçados pelo conservadorismo especialmente instalado na política brasileira.

Embora o objetivo oficial do movimento não fosse este, a militância também repudiou o golpismo engendrado por setores da elite política, empresarial e comunicacional, que não se conformam por ficar longe do poder central por mais de 12 anos.

O apelo pela unidade e pela retomada da ofensiva nas ruas marcou a fala do presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. “Querem estragar a democracia no Brasil. O capital ganha dinheiro em qualquer regime. Para o capital, a democracia não é um valor como é para nós. Por isso, não querem acabar o financiamento empresarial das campanhas. É uma forma do capital subordinar a política. Hoje, mais de 60% do Congresso Nacional é composto por empresários do campo e da cidade”, disse Nespolo. O dirigente da CUT também criticou o caráter seletivo das investigações sobre a corrupção no país. “Cadê o juiz da Zelotes, cadê o juiz do caso HSBC? Que combate à corrupção é este? A Polícia Federal e o Ministério Público decidiram investigar a corrupção só pela metade?” – questionou.

Aldo Arantes, secretário da Comissão Especial de Mobilização para a Reforma Política da OAB Federal, lembrou a campanha da legalidade liderada por Leonel Brizola, em 1961, para garantir a posse de João Goulart como um exemplo para inspirar a luta política do presente contra a ofensiva conservadora no país. “É hora de resistir. Precisamos entrar em ação, não podemos ficar parados. A sociedade brasileira está sendo manipulada pelos grandes meios de comunicação. Os gaúchos têm que lembrar sua tradição de resistência, como a que foi expressa na Campanha da Legalidade. Não podemos deixar que a direita tome as ruas”, convocou. Para Arantes, que esteve ao lado de Brizola na Campanha da Legalidade, a ofensiva dirigida hoje contra a presidenta Dilma Rousseff e contra o ex-presidente Lula é mais pelos acertos destes governos do que por seus erros. “Esse projeto mexeu com os interesses dos poderosos. Não foi a corrupção que derrubou Getúlio, mas sim o projeto de soberania nacional que ele representava. Com Jango foi a mesma coisa e no primeiro mandato de Lula, também. Estamos vendo hoje um novo modelo de golpe político sendo implementado mundo afora, sempre que os interesses dos Estados Unidos são contrariados. Equivocam-se aqueles que não enxergam isso. Neste momento, a defesa do mandato da presidenta Dilma é central na política”, defendeu Arantes.

Entre a manifestação de vários protestos (contra a redução da maioridade penal, a terceirização sem limites, a tentativa de entrega do Pré-sal para empresas estrangeiras, o ajuste fiscal que retirou alguns direitos previdenciários, a casuística reforma política etc), parte da militância declarou apoio à presidenta Dilma e seu governo, que, sem qualquer evidência, estaria sendo responsabilizada por todos os problemas que o país enfrenta (corrupção, crise na economia etc) e, por isso, estaria sofrendo cotidianos ataques e pedidos de impedimento (que a mídia colonizada chama de “impeachment”), que minam a popularidade que a reelegeu a menos de um ano na presidência da República com 54% dos votos válidos.

De outro lado, a militância protestou contra o atual governador do RS, José Ivo Sartori (PMDB), que, em oito meses, transformou o Estado em um grande muro de suas lamentações, cometeu uma série de trapalhadas e apresentou projetos que desagradaram todo o funcionalismo público gaúcho e a sociedade, que terá de pagar impostos para tapar o suposto caos econômico do Estado surgido de janeiro para cá.

Outro duramente criticado foi o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (também do PMDB), representante mor dos interesses dos empresários e da bancada fundamentalista evangélica. Para a militância, o deputado transformou a casa de deveria ser do povo numa casa da intolerância e da retirada de direitos. Além do mais, ele estaria envolvido nos crimes de corrupção da Operação Lava Jato. Cabe lembrar que Eduardo Cunha foi denunciado na tarde de ontem pelo procurador geral de Justiça, Rodrigo Janot, por ter recebido pelo menos US$ 5 milhões e vantagens indevidas para viabilizar a contratação de um estaleiro que construiria navios-sonda para a Petrobras, usando igrejas evangélicas para disfarçar o recebimento de mais R$ 500 mil em propinas.

O Movimento pela Democracia e os Direitos Sociais na Capital encerrou com um ato na Esquina Democrática. Intercalados por gritos de “Não vai ter golpe, vai ter luta”, “Reforma política já” e “Fora Cunha”, sindicalistas e políticos de partidos de esquerda, principalmente o PT, PCdoB e PCB, fizeram manifestações a favor do governo Dilma e contra o projeto de terceirizações.

 
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