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Centrais vão às ruas nesta quarta-feira (28) em defesa de empregos e direitos
Movimento sindical quer evitar que o governo adote a agenda derrotada nas urnas de Aécio Neves
26/01/2015


As centrais sindicais iniciam nesta quarta-feira (28) o que pode se tornar uma série de protestos contra as medidas econômicas do governo. Em reunião nesta segunda-feira (26), em São Paulo, os dirigentes divulgaram detalhes da manifestação que será realizada em várias capitais, sendo a principal em São Paulo, a partir da Avenida Paulista. Mais do que as mudanças já anunciadas, os sindicalistas querem alteração de rumos da política econômica. "Queremos resgatar um compromisso de campanha da presidenta Dilma, de que não seria feito nenhum ajuste sobre o setor produtivo e os direitos sociais", afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. "Essa agenda que está sendo implementada é a do Aécio Neves", acrescentou, referindo-se ao candidato derrotado à Presidência da República pelo PSDB.

Em São Paulo, haverá concentração a partir das 10h no vão livre do Museu de Arte (Masp), na Avenida Paulista, seguida de caminhada que passará pelos escritórios locais do Ministério da Fazenda e da Petrobras. Segundo as centrais, também já foram confirmadas manifestações em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Trabalhadores rurais, sem-terra, sem-teto e estudantes, entre outros movimentos sociais, devem participar.

O secretário de Organização e Política Sindical da UGT (que sediou o encontro), Francisco Pereira de Sousa Filho, o Chiquinho, disse que existe "desconforto" das centrais em relação às primeiras medidas anunciadas por Dilma Rousseff – com quem os dirigentes, inclusive, se reuniriam em 8 de dezembro. "Estivemos com o governo em algumas ocasiões, e a nós foi dito que os trabalhadores não teriam nenhuma surpresa. Acho que a palavra "traição" é um pouco pesada, mas estamos nos sentindo um pouco assim. Por que só trabalhadores ficaram com a responsabilidade de pagar essa conta? Será que o governo não tem onde cortar?", critica, questionando o uso de cartões corporativos e o número de ministérios (39). "Por que as grandes fortunas não são taxadas?", pergunta o dirigente. Em reunião com as centrais na semana passada, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, disse que o imposto sobre grandes fortunas não está nos planos do governo.

Defesa do emprego

Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, os anúncios feitos pelo Executivo não vão atingir apenas os trabalhadores. "Temos a certeza de que essas medidas prejudicarão a economia do nosso país."

As duas medidas provisórias (664 e 665), que dificultam o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, estão sendo analisadas por grupos técnicos do governo e das centrais. A primeira reunião ocorreu na última sexta-feira (23). Na terça da semana que vem (3), dirigentes das seis centrais envolvidas na negociação (CSB, CTB, CUT, Força, Nova Central e UGT) voltarão a se reunir com os ministros Rossetto, Nelson Barbosa (Planejamento), Carlos Gabas (Previdência Social) e Manoel Dias (Trabalho e Emprego). O encontro será novamente realizado no escritório da Presidência da República em São Paulo.

O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, lembrou que o ato de quarta-feira é uma preparação para a marcha prevista para 26 de fevereiro, em São Paulo. "A presidenta Dilma foi eleita com a plataforma e a política referendada inclusive pelas centrais sindicais. Não vamos aceitar calados medidas restritivas, que derrubam o crédito, o financiamento para pequenas e médias empresas. A consequência disso é o desemprego. As centrais apoiaram a política da presidenta, mas quem apoia também cobra, e é o que vamos fazer", afirmou.

"O governo foi capturado pela política derrotada nas urnas", disse o secretário-geral da CSB, Alvaro Egea, reforçando o que há dito por Sérgio Nobre, da CUT. "A presidenta tem de vir a público para falar, não é só mandar seus ministros. Na Europa, essa política (de austeridade) também está derrotada, como aconteceu ontem na Grécia", acrescentou, referindo-se à vitória do Syriza, partido de esquerda, nas eleições legislativas.

Os sindicalistas também criticaram declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que disse considerar "obsoleto" o seguro-desemprego. "Se ele acha isso, então deve apresentar alguma coisa. Não vamos aceitar esse comportamento de empurrar coisas goela abaixo", disse Chiquinho, da UGT. "O Levy agradou mais ao Armínio Fraga", ironizou Juruna, da Força, citando o coordenador da área econômica na campanha do tucano Aécio.

Para Sérgio Nobre, as medidas, além de empurrar o país para a crise, embutem várias ameaças. "Nosso movimento é em defesa do emprego e dos direitos sociais. Tudo aquilo que conquistamos em 12 anos (os dois mandatos de Lula e o primeiro de Dilma) pode se perder com a crise", observou. O secretário-geral da CUT lembra que a manifestação também será em defesa da Petrobras. "Todos defendemos que as denúncias têm de ser investigadas. Mas a empresa, com seu peso na economia, tem de ser preservada."

A manifestação desta quarta será também uma chamada à Marcha da Classe Trabalhadora, que será realizada em 26 de fevereiro, onde as centrais reapresentarão a pauta de reivindicação para o governo federal, os estaduais e o empresariado.

Confira agenda pelos estados:

Alagoas - Concentração às 9h, em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no calçadão do comércio, em Maceió.

Bahia - Concentração às 9h, em frente à sede da Secretaria Regional do Trabalho e Emprego, na Avenida 7 de setembro, em Salvador.

Ceará -.Concentração às 8h, Na Secretaria Regional do Trabalho e Emprego, na Rua 24 de Maio, 78, centro de Fortaleza.

Distrito Federal - Concentração às 14h, em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília.

Goiás - Concentração às 8h, na Praça do Bandeirante, centro de Goiânia.

Maranhão - Ato às 8h, em Frente à Delegacia Regional do Trabalho, centro de São Luiz.

Mato Grosso do Sul - Ato em frente ao Ministério do Trabalho, na Rua 13 de Maio, a partir das 7h. Em seguida, os manifestantes seguem para ato em frente à Caixa Econômica Federal, na mesma Rua, a partir das 9h.

Pará - Concentração às 10h, na escadinha, no Boulevard Castilho França, em Belém.

Paraíba - Haverá panfletagem na CBTU e na Lagoa Parque Sólon de Lucena, em João Pessoa, durante todo o dia.

Paraná - Concentração às 10h, na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba.

Rio de Janeiro - Concentração às 14h, na Central do Brasil, na capital.

Rio Grande do Sul - Haverá vigília em frente da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, localizada na Av. Mauá, nº 1013, centro de Porto Alegre, a partir das 10h.

São Paulo - Concentração às 10h, no vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista. A manifestação passará pela Petrobrás e pelo Ministério da Fazenda.

Sergipe - Ato às 8h, em frente ao INSS, na Avenida Ivo do Prado, em Aracaju.

 

 

Fonte: Vitor Nuzzi - Rede Brasil Atual, com informações da CUT Nacional

 
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