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Indústria puxa alta do desemprego na RMPA
Pesquisa da FEE aponta impacto nas vagas com carteira assinada, e apenas serviços tiveram saldo positivo em maio
26/06/2014


A taxa de desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) subiu pelo terceiro mês consecutivo. A desocupação atingiu 6,2% em maio, levemente acima dos 6,1% de abril e dos 6% de março. O que mais chamou a atenção da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) foi o peso da indústria de transformação no freio do ritmo do mercado de trabalho regional. O setor teve saldo negativo de 15 mil postos, com recuo de 5% frente ao mês anterior. Desde fevereiro, as empresas cortaram 29 mil vagas, desempenho associado a sinais de desaceleração na atividade, apontada em pesquisas e efeito de elevação de juros e menor investimento, ressaltou ontem a supervisora da PED pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), Dulce Vergara.

“Em maio, 114 mil pessoas estavam desempregadas na RMPA.” A ocupação no mês passado reduziu 1,8% frente a abril e 2,9% em 12 meses. Dulce frisou que o impacto nos setores foi amenizado pelo emagrecimento da População Economicamente Ativa (PEA), que concentra tanto quem está ocupado como quem está em busca de colocação. “A redução da PEA em maio foi de 31 mil pessoas, exatamente o mesmo número de colocações perdidas no mercado”, comparou a supervisora. A população economicamente ativa hoje é de 1,844 milhão de indivíduos, 62 mil inferior a maio do ano passado. O grupo que saiu do mercado, especula Dulce, inclui desde demitidos que entraram no seguro-desemprego (no caso dos empregados com carteira assinada) como quem se aposentou.

A relação com o seguro é reforçada pelo volume de dispensas com carteira, de 16 mil (quase metade do contingente que saiu da ocupação em maio), recuo de 1,4% no estoque dos com carteira na região e de 1,9% em relação a maio de 2013. A RMPA somou, no mês passado, 917 mil formalizados entre o total de 1,244 milhão de assalariados. Somente o setor público expandiu 2,3% vagas, gerando 5 mil colocações. O desempenho pode estar associado à antecipação de contratos devido a restrições da lei eleitoral a partir de julho. No emprego doméstico, houve queda de 4,8% nas vagas, e no autônomo, de 4,9%. “As pessoas não parecem estar migrando de postos formais para mais precários, como no passado, preferem conseguir melhor oportunidade ou permanecer no seguro”, interpreta Dulce.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontou, na terça-feira passada, que o saldo de criação de vagas em maio de 2014 foi o pior para o mês desde 1992. A analista da FEE relaciona o comportamento do setor ao ambiente da atividade industrial, menor número de dias úteis e freio em demanda em alguns segmentos. Para junho, a supervisora acredita que ainda haverá mais efeito negativo, desta vez, da Copa do Mundo, com menor produção. Comércio teve recuo de 3,4% na ocupação, perdendo 12 mil postos, e construção, de 4%, com corte de 5 mil vagas. Serviços salvaram a geração de postos na economia regional, com leve aumento de 0,4% na ocupação, puxado, segundo a PED, por segmentos da informação e comunicação e de alimentação, hotelaria e lazer.

“Esses últimos podem ter relação com contratações para as ações do Mundial em Porto Alegre”, atribui Dulce. Mas no confronto com maio de 2014, o setor tem queda de 3,5% na ocupação. Serviços somavam, em maio, 958 mil vagas. Os rendimentos dos ocupados caíram em abril 0,5%, enquanto o dos assalariados subiram 0,3%. Em 12 meses, os rendimentos reais subiram 1,3% no primeiro grupo e 2,9% no segundo.


Patrões e empregados projetam cenário pior nos próximos meses

O corte de postos pela indústria não deve parar, projetam dirigentes do setor patronal e de trabalhadores. As lideranças de cada lado colocam a redução de vagas na conta da política macroeconômica, principalmente pela elevação dos juros desde agosto de 2013, que encarece crédito e freia investimentos e até consumo de bens duráveis.

As últimas medidas do governo federal para tentar reativar a produção demoram a gerar seus efeitos, que podem surgir em seis a oito meses, agregam dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) e do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e Eletroeletrônico do Estado (Sinmetal). Por causa disso, os dirigentes dão como certo que novas ações para evitar maior dano ao mercado de trabalho serão necessárias, além de férias coletivas já deflagradas.

“Gostaria que não fosse assim, mas não vemos sinal de melhora nas empresas”, indicou o presidente do Sinmetal, Gilberto Petry, lembrando que cortar postos é o último recurso, diante do custo para qualificar mão de obra e demitir. O industrial previne que o período de folga coletiva, adotado por algumas grandes empresas gaúchas, encerra-se na próxima semana e não há sinal de retomada da atividade. “Não adianta o empregado voltar e ficar varrendo o pátio”, ilustra Petry, diante de carteira de pedidos em baixa. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo, avalia que será preciso sentar à mesa com a patronal para negociar outros mecanismos, citando redução de jornada e salários, em troca de estabilidade no emprego.

“Isso após esgotarem os instrumentos das empresas”, condiciona o sindicalista. Nespolo recorda que os expedientes foram acionados na crise de 2008. “Projetamos mais instabilidade no emprego industrial nos próximos meses, até ocorrerem os ajustes das medidas e se retomar o patamar anterior do mercado”, opinou o presidente da CUT-RS. No curto prazo, Petry espera que as negociações coletivas para reajustes salariais sejam mais difíceis. “É mais importante reajuste menor com empregos ou taxa elevada mas sem muitas vagas?”, provoca o industrial. “O caixa é o mesmo para pagar a conta.”

O supervisor técnico do Dieese no Estado e assessor nas negociações salariais, o economista Ricardo Franzói, ressalta que nem todos os setores vão mal como veículos e equipamentos de transportes, que sentem os efeitos da queda de vendas internas e para a Argentina. Após sete reuniões com o Sinmetal, ainda não se vislumbra desfecho do índice de 2014. Os trabalhadores pedem 10%, e os patrões oferecem a inflação. “Mas a produção de máquinas agrícolas vai bem. Conseguimos aumento real de 2,06% neste mês”, cita o economista. Mas tudo indica, avalia o supervisor do Dieese, que as negociações em 2014 terão ganhos menores que os de 2013. Franzói refuta a tese de que o aumento de salários nos últimos anos reduziu a produtividade das empresas. O economista atribui as dificuldades atuais ao custo financeiro (alta de juros) e a problemas estruturais das cadeias produtivas gerados por câmbio valorizado e baixo investimento. “Até julho e agosto, a menor atividade continuará, mas tudo melhora no segundo semestre no Brasil.”
 

 

Fonte: Jornal do Comércio
 

 
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