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O Globo e Folha distorcem fala de Lula sobre defesa da Petrobras Lula disse que governo Dilma deve defender a estatal com unhas e dentes e não se furtar do debate político incitado pela oposição 09/04/2014 Os sites da Folha de S. Paulo e O Globo distorceram, na tarde dessa terça-feira (8), a fala do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da CPI da Petrobras sugerida pela oposição para investigar, prioritariamente, a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em nota à imprensa, a assessoria de Lula disponibilizou o áudio da entrevista concedida a blogueiros pela manhã, alertando que ambos os veículos “alteraram a declaração do ex-presidente sobre o assunto, atribuindo a ele algo que não foi dito”. Em sua homepage, a Folha manchetou “PT precisa ‘ir pra cima’ contra CPI da Petrobras, defende Lula”, e O Globo, por sua vez, cravou: "Lula pede reação de seu partido contra instalação da CPI: "O PT tem que ir para cima”. O áudio da entrevista de Lula comprova que, na verdade, o petista avalia que o governo Dilma deve defender a estatal com “unhas e dentes”, e não se furtar do debate político incitado pela oposição, seja ele qual for. Lula, inclusive, disse que se houver abertura de CPI, que seja com foco na Petrobras – defendeu, portanto, o modelo de investigação proposto pelo PSDB e aliados. “Mais uma vez os interesses políticos estão fazendo com que, em época de eleição, a oposição que não tem bandeira, não tem programa e não tem voto, levante uma CPI. Eu nem acho que por conta de uma CPI você tem que fazer outra”, disse Lula em alusão à estratégia governista de tentar emplacar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar assuntos que respigam em gestões do PSB e PSDB, como o cartel dos trens paulistas. “Se tem de fazer CPI da Petrobras, vamos fazer com fato determinado e acabou, porque essas pessoas nunca quiseram uma CPI para nada. Se você pegar em São Paulo, a quantidade de CPIs (apresentadas) nesses anos todos, nunca aconteceu nenhuma. Acho que, nesse aspecto, o PT tem que ir pra cima”, disse Lula. Lula ainda lembrou que não é a primeira vez que a oposição tenta instaurar uma CPI sobre a Petrobras. “Em 2009 se levantou uma CPI, as pessoas foram prestar depoimentos. Esse caso de Pasadena já foi para o Tribunal de Contas, Senado, a Graça (Foster, presidente da estatal), já falou (ao Congresso), Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras) já falou, e (o tema) voltou porque, possivelmente, algumas das pessoas que estão ansiosas para fazer a CPI são pessoas que trabalham com o enfraquecimento da Petrobras. Ficam dizendo que a Petrobras hoje vale pouco, mas é importante lembrar que se ela vale R$ 98 bilhões hoje, ela valia só R$ 15 bilhões no tempo do FHC”, pontuou. Mensalão Durante a entrevista, Lula abordou, talvez pela primeira vez em entrevista coletiva desde que deixou a Presidência, a Ação Penal 470, popularmente chamada de mensalão. Ele disse que o PT errou ao não combater as denúncias de maneira política, o que poderia ter imposto outro resultado ao julgamento, e ainda sustentou que espera que o governo Dilma não erre da mesma forma em relação à Petrobras. “A CPI do Mensalão deixou marcas profundas nas entranhas do PT”, disse. E continuou: “Se o PT tivesse feito o debate político no momento que tinha de fazer, e não ter ficado esperando uma solução jurídica, possivelmente a história fosse outra. Não houve, da parte do PT, sabedoria para fazer enfrentamento político por causa das divergências internas. No fundo, a imprensa também construiu o resultado desse julgamento. O PT pagou o preço, sabe que essa marca será carregada por muito tempo, e sabe que a razão pela qual nós nascemos era para combater esses equívocos que muitas vezes o próprio PT comete.”
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