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"O que começou como inconformismo pela derrota virou golpismo escancarado", diz Dilma
Na abertura do Concut, ontem à noite (13), a presidenta fez a defesa mais enfática de seu mandato. A seu lado, estavam os ex-presidentes do Brasil e do Uruguai, Lula e José Mujica
14/10/2015


Na abertura do congresso da CUT, diante de um público que majoritariamente a apoiou, mas que tem se mostrado reticente com a política econômica, a presidenta Dilma Rousseff fez na noite de ontem (13) a defesa mais enfática de seu mandato e atacou quem pretende tirá-la do poder via impeachment, no que chamou de tentativa da oposição de encurtar o caminho ao poder. "Trata-se de construir de forma artificial o impedimento de um governo eleito. O artificialismo dos argumentos é absoluto", afirmou Dilma, criticando os "moralistas sem moral" abrigados no discurso sobre corrupção. "Jamais negociaremos com os malfeitos. Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra?", disse a presidenta, aplaudida pelo plenário. Ao lado dela, estavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador José Mujica, ex-presidente do Uruguai (confira o que disseram em seus pronunciamentos nos links ao final desta matéria).

Para Dilma, não há fato jurídico ou material que sustente um pedido de impeachment. "O que antes era inconformismo (com a derrota nas eleições) transformou num claro desejo de retrocesso político, de ruptura institucional. Isso é um golpismo escancarado", reagiu. "Esse discurso golpista não é apenas contra mim, mas contra aquilo que eu represento", acrescentou, referindo-se a avanços sociais recentes no país. "O golpe que os inconformados querem fazer, como sempre em nosso país, é contra o povo. Mas podem ter certeza, não vão conseguir", enfatizou.

A presidenta fez um discurso de 40 minutos (20h30 às 21h10) e começou defendendo suas opções, falando em algumas "escolhas dolorosas" e na necessidade de obter equilíbrio fiscal, combater a inflação e restaurar a confiança na economia. Disse que seu governo fez questão de preservar programas sociais ("centro e espírito deste governo"). "Nosso compromisso é fazer uma transição para um novo ciclo de desenvolvimento", afirmou. Dilma citou ações como abertura de vagas nas universidades (906 mil neste ano) e no Pronatec, a manutenção da política de valorização do salário mínimo e a criação do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), além da entrega de moradias e da preservação do Bolsa Família. "Nós não estamos parados. Sabemos que existem dificuldades econômicas. E fazemos tudo para que o país volte a crescer. O indicador mais importante, que a gente busca 24 horas por dia, é gerar emprego", assinalou.

"Envenenam a população"

Mas ela acrescentou que, para isso acontecer, é preciso estabilidade política, partindo para a segunda e mais contundente parte de seu pronunciamento. Nesse momento, foi interrompida por gritos de "Não vai ter golpe", que seriam repetidos várias vezes durante toda a noite. "Sem dúvida vivemos uma crise política séria no nosso país, que se expressa na tentativa de nossos opositores de fazer um terceiro turno. Jogam sem nenhum pudor no quanto pior, melhor. Pior para a população e melhor para eles. Eles votam contra o que fizeram quando estavam no poder. Envenenam a população todos os dias nas redes sociais e na mídia. O pior é que espalham o ódio e a intolerância. Quando você destila ódio e intolerância, está indo contra valores fundamentais que formam o nosso país", criticou a presidenta.
Segundo Dilma, há uma tentativa de "criar uma onda" que leve ao "encurtamento" de seu mandato, sem fato jurídico. Ela afirmou que o governo vai questionar a análise feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que recomendou a reprovação de suas contas de 2014, e disse esperar uma "decisão equilibrada" do Congresso, ao qual cabe a decisão final. "O que chamam de pedaladas fiscais são atos administrativos que foram usados por todos os governos antes do meu". Além disso, acrescentou a presidenta, esses mecanismos foram usados para preservar programas sociais.

Ela pediu apoio dos trabalhadores para "defender a legalidade" e a democracia. "Ninguém deve se iludir, nenhum trabalhador pode baixar a guarda. Tem muita coisa em jogo. A democracia pela qual nós lutamos, o voto popular como base de poder, a inviolabilidade do mandato. Eu lutei a vida inteira pela liberdade e vou continuar lutando. Lutarei para defender o mandato que me foi concedido pelo voto popular. Tenho a meu favor a legitimidade das urnas". Para Dilma, é momento de unidade, "de arregaçar as mangas, de combater o pessimismo e a intriga política". Citando um lema da CUT sobre direitos sociais, emendou: "Democracia não se reduz, se amplia".

 

 

 

Fonte: CUT

 

 
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