Democracia no local de trabalho é um dos pontos chaves para a Federação em 2013
Jairo afirmou que, em 2012, a FTM firmou um trabalho de interiorização da entidade
28/12/2012
Entrevista com o presidente da Federação dos Metalúrgicos, Jairo Carneiro
Os trabalhadores estão exigindo uma maior influência nas tomadas de decisões das empresas no que concerne a aspectos fundamentais de sua vida. Este é e continuará sendo um fator estratégico de luta dos metalúrgicos em 2013. Em balanço do ano que termina e das perspectivas para 2013 o presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, Jairo Carneiro, fala sobre a importância do exercício da democracia no local de trabalho no qual permitirá transparência e relações horizontais entre patrões e empregados. O dirigente também destaca a atuação direta da entidade junto aos movimentos sociais.
Na sua avaliação como foi o ano de 2012 para a categoria metalúrgica? Jairo: O ano de 2012 vem seguindo um processo crescente. Desde a atuação do Milton Viário, na presidência da FTMRS foi adotado um programa chamado projeto dos trabalhadores que tem o slogan “Valorização do trabalho. É disso que o Brasil precisa”. Este projeto sintetizava a nossa visão de categoria e de mundo. A nossa FTMRS não ficou no umbigo, ela compreendeu o papel dela no mundo concreto, no meio ambiente, nas lutas populares, etc. Então, o ano de 2012 foi uma coroação do vínculo que a Federação mantém com o movimento popular por um lado, por outro lado a FTMRS fixou um trabalho de interiorização da entidade. Nós chegamos em dezembro tendo realizado plenárias em todas as regiões do Estado para interiorizar e tornar a Federação muito mais presente. E por último, a Federação montou a partir deste ano uma campanha salarial digna desse nome, ou seja, tratando de temas fundamentais aos trabalhadores. A própria CUT reconhece que os metalúrgicos têm um papel fundamental, pois trata de sua categoria com discussões internas, mas despende um bom tempo nas lutas gerais. Piso regional, a questão dos pedágios, a questão do meio ambiente, nós estamos presentes na luta geral dos trabalhadores, o que interessa aos trabalhadores interessa aos sindicatos e à Federação. O balanço é positivo, mas não é só de um ano, é um crescendo dos últimos seis anos. É muito importante não perder a continuidade. A nossa tarefa é avançar essa continuidade através da luta concreta nas causas sociais gerais.
Quais são as perspectivas para 2013? Jairo: Em 2013 nós vamos tratar do acordo coletivo. Nós vamos trabalhar para realizá-lo ampliando a discussão do aumento salarial para a discussão de direitos sociais, e um deles tem uma tarefa fundamental que é a democratização do espaço de trabalho. A fábrica não tem que ser um lugar estrangeiro para nós, ali o trabalhador tem que se manifestar, tem que opinar. Nós temos que ser recebidos, que poder intervir na nossa condição de trabalho, naquilo que é o contrato de trabalho. Esse é um tema central para o novo ano. Será um ano especial, pois estamos vivendo no Brasil um período muito difícil, um período de mudanças estruturais sérias, alguns conflitos que nós estamos observando, por exemplo, no campo do judiciário, são elucidativos da falta de democracia que nós temos no país. Nós estamos engatinhando no Brasil neste sentido, nós temos que ter consciência de que nós estamos nos primeiros passos da democracia, ou seja, tem setor da sociedade em que não se pode dizer nenhuma contrariedade que significa arranhar as autoridades constituídas. Há também uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais, de transformar a luta. Então, 2013 será um ano difícil e ao mesmo tempo nós vamos estabelecer uma grande batalha que é olhar diferentemente para o Brasil. Aquilo que é chamado da direita organizada no Brasil não admite a discussão dos trabalhadores e não admite o que significou o Lula e os movimentos populares, ou o que significa os movimentos sociais ao discutirem os temas que interessam para a sociedade, como a água, o meio ambiente, a questão dos transgênicos. Estes temas nos interessam e alguns não admitem que isso seja pauta do movimento social, isso é pauta das grandes cabeças. Em minha opinião, compreender isso é fundamental para que possamos ter um bom ano. Em resumo, um bom ano não vai ser só de bons aumentos reais. Um bom ano vai ser um ano em que vamos definir mais o que significa a organização dos trabalhadores no local de trabalho. Essa é a chave neste momento para a democracia no Brasil.
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