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Governo Bolsonaro atropela decisão do TCU que suspendeu liquidação da Ceitec O governo atropelou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que havia suspenso a liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). Até agora, o TCU não se manifestou sobre a documentação solicitada ao governo. 03/03/2022 O governo de Jair Bolsonaro (PL) atropelou a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que havia suspenso a liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec). Até agora, o TCU não se manifestou sobre a documentação solicitada ao governo para avaliar o teor do processo. No entanto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) lançou um edital e escolheu a Softex para gerir o espólio da empresa, o que pegou de surpresa os funcionários da estatal localizada no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. Para o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, “trata-se de mais um ataque descabido do governo Bolsonaro ao patrimônio público na tentativa de destruir a Ceitec, que é estratégica para a indústria de semicondutores e a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil”. A Ceitec é responsável pelo desenvolvimento de tecnologia e pela fabricação de chips, pequenas peças utilizadas em larga escala no mundo todo para a produção desde celulares até aviões. “Enquanto o mundo investe em seus parques industriais, o governo Bolsonaro tenta fechar de qualquer jeito a única fábrica do Brasil, que é pública e resultado de anos e anos de investimentos em pesquisa científica e tecnologia de ponta”, ressaltou Nespolo. O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Edvaldo Muniz, enfatizou que “sem a Ceitec o Brasil perderá o seu passaporte de tecnologia nacional para o futuro, atuando na contramão de outros países e continuando dependente de tecnologia estrangeira”.
Associação dos funcionários questiona edital “Vamos verificar junto ao TCU se o edital lançado pelo Ministério fere a suspensão do processo de liquidação”, afirmou o presidente da Associação de Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Silvio Luís Jr. Segundo ele, a indicação da Softex põe em risco todo o trabalho feito pela empresa. A Softex foi a única a apresentar proposta ao chamamento público para celebrar o contrato de gestão, cujo objeto seja a pesquisa, o desenvolvimento, a extensão tecnológica, a formação de recursos humanos e a geração e promoção de empreendimentos de base tecnológica em semicondutores, microeletrônica, nanoeletrônica e áreas correlatas. A organização social já tem parcerias com o MCTI. Segundo Silvio Luís, a empresa escolhida somente conseguirá administrar os ativos e os recursos provenientes da liquidação, em torno de R$ 23 milhões. “Dar continuidade aos programas de política pública sem seus idealizadores, como a plataforma de detecção de doenças e da Covid-19, fica quase impossível”, disse. O presidente da Acceitec afirmou que os produtos resultantes das patentes e dos projetos industriais precisam estar em constante inovação, e os cérebros do Ceitec já se recolocaram nas duas outras empresas de semicondutores com atuação no Brasil, além de fábrica em outros países. “Não basta ter a receita do bolo; precisa de um cozinheiro para assar”, comparou. O MCTI publicou o resultado do chamamento público na última quarta-feira (23). A Softex divulgou que não vai se manifestar sobre sua atuação na Ceitec antes da assinatura do contrato, que ainda não tem data para acontecer.
Fotos: Arquivo / CUT-RS Fonte: CUT-RS com informações da Tele-Síntese Veja também |