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Renda total das mulheres aumenta 60% mais que dos homens em dez anos
Duas décadas atrás, as mulheres representavam 38,8% das pessoas ocupadas no Brasil
06/02/2013


Em 2011 mulheres já ocupavam 42,3% do mercado de trabalho


Um fenômeno que, segundo o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, acompanha o crescimento da classe média e ajuda a desenhar o quadro de aumento de preços e demanda por serviços é a entrada da mulher no mercado de trabalho. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, duas décadas atrás, as mulheres representavam 38,8% das pessoas ocupadas no Brasil. Em 2011, elas já eram 42,3% dos trabalhadores no país.

A consultora de vendas Patrícia Mota contribuiu para a mudança nessa estatística. Até 2008, ela se dedicava apenas ao lar. Lavava, passava, cozinhava, cuidava da filha, do marido e de seu bebê recém-nascido, limpava a casa e, muito raramente, gastava dinheiro com cuidados pessoais. "Hoje eu faço escova progressiva e aproveito melhor o tempo que gastava todo dia arrumando o meu cabelo."

Com a conquista do mercado de trabalho, as mulheres encontraram meios de bancar seus desejos. Nos últimos dez anos, a massa de renda das mulheres cresceu 60% mais que a dos homens, de acordo com o Data Popular. "As mulheres gastam mais com serviços que os homens. Além de impulsionar a demanda por alimentação fora de casa e telefonia móvel, por exemplo, elas usufruem mais de serviços de beleza", comenta Meirelles.

O sexo feminino também se apresenta mais disposto a investir em um dos itens que mais subiram em 2012: educação. Entre as mulheres, 37,7% contam com 11 anos ou mais de estudo, enquanto esse percentual entre os homens é de 33,1%. Estudar, entretanto, está cada vez mais pesando no orçamento. O reajuste nos cursos regulares, que incluem ensino fundamental, médio, superior e pós-graduação, além de creche e educação infantil, foi de 8,35% no ano passado, o mais alto dos últimos cinco anos.

As despesas com educação, que em 2007 e 2008 subiram menos que a inflação, voltaram a ser reajustadas acima do IPCA e, no ano passado, os aumentos nesse grupo superaram em quase dois pontos percentuais a inflação, chegando a 7,8%. "Ganhando mais, a classe média viu a possibilidade de buscar uma educação melhor para seus filhos", destaca o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri.

Um estudo da "Folha de S. Paulo" revelou que, na capital paulista, as instituições de ensino que mais subiram preços desde 2001 foram aquelas com mensalidades de até R$ 500. O reajuste chegou a 147% no período, enquanto nos colégios que cobram mais de R$ 500 a alta foi de apenas 15%. Enquanto isso, as matrículas na rede pública de ensino caíram 14%. De acordo com o levantamento, feito em 962 escolas da cidade de São Paulo, 38% dos alunos da rede privada estão em escolas que custam até R$ 500 por mês.

O aumento da renda e da escolaridade na classe C, pontua Meirelles, diminui a disposição dos trabalhadores para exercer certas funções, como as de pedreiro, pintor e empregado doméstico. A escassez desse tipo de profissional também explica os fortes aumentos nesses serviços nos últimos anos. Em 2012, o reajuste de empregados domésticos foi de 12,7%, pelo IPCA. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), contabilizou aumento de 15% nos serviços de pedreiro e de 10% nos de pintura no ano passado na cidade de São Paulo.

"Os preços dos serviços devem continuar subindo porque a demanda está crescendo mais rápido que a oferta. Isso, provavelmente, vai incentivar a abertura de novos negócios, mas até que essa oferta se firme, os preços continuarão avançando acima da inflação", diz Meirelles. As estimativas da LCA Consultores apontam alta de 8,4% para os serviços em 2013, ano em que a previsão para o IPCA é de alta de 5,4%.

 

 

Por: CNM e Valor Econômico

 
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