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Salário a prestação: Sartori vai pagar em até quatro vezes
Líder do governo chama servidores de "vadios" e funcionalismo mantém unidade para lutar contra o arrocho salarial
31/08/2015




O funcionalismo público do RS vai receber os salários de agosto a prestação, em até quatro parcelas. O primeiro pagamento, de apenas R$ 600,00, foi depositado nesta segunda-feira. A segunda parcela de R$ 800,00 será paga até o próximo dia 11 de setembro, contemplando nessa data 32% dos servidores que recebem até R$ 1.400,00 líquidos como vencimento integral. No dia 15, está previsto o pagamento de R$ 1.400,00, elevando para 67% o percentual do funcionalismo com os salários integralizados. A parcela complementar para quem ganha acima de R$ 2.800,00 será creditada até o próximo dia 22.

MOBILIZAÇÕES

O pagamento à prestação do salário fez o funcionalismo reagir. A maioria das contas a pagar dos trabalhadores e trabalhadoras coincide com o pagamento do salário no início de cada mês e os servidores reagiram paralisando vários órgãos do Estado, incluindo a Educação Pública, e adotando mobilizações como o aquartelamento de policiais civis e militares.

Pra piorar o quadro de protestos contra o governo do Estado, o líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Álvaro Boessio, concedeu uma entrevista polêmica a uma emissora de rádio do interior, na qual referiu-se a servidores como "vadios". Isso em um dia marcado por protestos dos servidores públicos, que prometeram intensificar as mobilizações.

NOVO BLOQUEIO

As contas do Estado do Rio Grande do Sul voltaram a ser bloqueadas em consequência do não pagamento da dívida com a União. A sanção foi comunicada ao Palácio Piratini, pela Secretaria do Tesouro Nacional, no fim da manhã desta terça-feira. A medida, segundo a Secretaria Estadual da Fazenda, não afetará o cronograma de pagamento das parcelas da folha do funcionalismo, mas vai aprofundar a crise. 

Para tentar equilibrar as contas e manter o custeio da máquina pública, o governo vai encaminhar à Assembleia Legislativa, ainda nesta semana, um projeto que amplia o uso dos depósitos judiciais de 85% para 95%.

SEM ESCRÚPULOS

O novo parcelamento dos salários gerou ainda mais indignação e levou servidores a ampliarem as mobilizações, com greve de quatro dias. O anúncio feito oficialmente pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), na manhã desta segunda-feira, dia 31, apenas aumentou a revolta dos servidores, que desde o mês passado vêm sofrendo com as ameaças e atrasos de pagamento.

A CUT-RS garante total apoio aos servidores públicos estaduais e denuncia que esta é mais um forma inescrupulosa deste governo de levar adiante seu projeto de estado mínimo. “O governo está usando a forma mais fácil e vil de convencer a população de que é necessário privatizar o Estado para levar a cabo sua verdadeira intenção, que é cumprir com a Agenda 2020, pautada pelo empresariado desde a década de 90”, afirma a secretária-geral da CUT-RS, Simone Goldschmidt.

Conforme Simone, que já foi presidenta do Cpers/Sindicato, Sartori está governando o Estado para o empresariado, sem se preocupar com os servidores e com os serviços prestados. Há uma clara intenção, diz, de convencer a sociedade da “inviabilidade” do Estado e justificar as privatizações que ele pretende fazer, e para isso não há qualquer escrúpulo em sacrificar os servidores públicos e a qualidade da educação, da segurança, da saúde, áreas tão caras à população.

A dirigente da CUT-RS lembra, no entanto, que as categorias estão mobilizadas através de 44 sindicatos de servidores, e essa discussão está sendo feita com a sociedade. “A população começa a perceber o grande estelionato eleitoral que o governador Sartori cometeu, fazendo de conta que era o ‘gringo bonachão’, cujo partido é o Rio Grande, mas que agora mostra qual é seu verdadeiro partido”.

A direção CUT-RS reitera que está vigilante e atuando ao lado dos servidores, participando das atividades promovidas pelos sindicatos em todo o Estado e articulando em todos os espaços políticos, no sentido de barrar os ataques promovidos pelo governo.

Para a Central, Sartori deveria se ocupar em cobrar os sonegadores e não jogar a conta da crise do Estado nas costas dos servidores, como vem fazendo desde que se elegeu. “Os trabalhadores têm apontado saídas, mas o governo se faz de surdo, com a clara intenção de dar continuidade ao seu projeto do estado mínimo”, ressalta Simone.

 
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