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Memória: o compromisso de Oscar Niemeyer com os trabalhadores
Ele foi autor do memorial erguido para homenagear trabalhadores assassinados pelo Exército
06/12/2012


Arquiteto aceitou fazer de graça o Museu do Trabalhador


Em fevereiro de 2004, o arquiteto se reuniu com dirigentes da Confederação Nacional dos Metalúrgicos. Na ocasião, ele aceitou fazer o projeto do Museu do Trabalhador, uma proposta que a CNM estava conduzindo à época. Niemeyer disse que nada cobraria pelo projeto

O arquiteto Oscar Niemeyer, falecido na noite de terça-feira (5), revolucionou a paisagem urbana com seus traços, curvas e olhar. Mas, além do importante legado à cultura mundial, Niemeyer deixou a sua solidariedade e o seu compromisso com as causas sociais e dos trabalhadores brasileiros.

A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT tem um exemplo efetivo dessa sua ligação. Em 17 de fevereiro de 2004, Niemeyer recebeu, em seu escritório no Rio de Janeiro (RJ), um grupo de dirigentes da CNM/CUT, que foram lhe convidar para ser o autor do projeto arquitetônico de um Museu do Trabalhador.

“A CNM tinha planos de construir este Museu e, inclusive, já havia negociado um terreno com a Prefeitura de Diadema. Nos reunimos com Oscar Niemeyer e ele prontamente abraçou a ideia. Lembro que ele aceitou a tarefa de pronto e nos disse que não cobraria nada”, recorda Fernando Lopes, secretário geral adjunto da IndustriALL Global Union, que em 2004 presidia a Confederação. Lopes lamenta que o projeto não tenha sido concretizado, porque houve problemas para viabilizar a doação do terreno. “Foi uma pena que não tivéssemos prosseguido com a ideia, porque seria um grande legado de Niemeyer à classe trabalhadora. Mas o seu gesto, ao abraçar a nossa ideia, mostra o compromisso que tinha com a nossa classe”, conclui o ex-presidente da CNM/CUT.

Volta Redonda

Outro exemplo bastante emblemático desse compromisso é o Memorial 9 de Novembro, em Volta Redonda (RJ), que foi projetado por Oscar Niemeyer logo depois do assassinato de três operários durante greve na Companha Siderúrgica Nacional (CSN).

O Exército invadiu a CSN e matou, em 9 de novembro de 1988, William Fernandes Leite de 22 anos, Valmir Freitas Monteiro de 27, Carlos Augusto Barroso de 19 anos, deixando outros 46 feridos.

Para homenagear os três operários e os trabalhadores da CSN, Niemeyer aceitou o convite para o projeto do Memorial, que foi inaugurado em 1º de maio de 1989. Algumas horas depois, na madrugada do dia 2, um atentado com bomba derrubou o Memorial que ficou tombado para frente, preso apenas pelo ferro da armação.

Na ocasião, Niemeyer fez questão de reinaugurar o monumento, mantendo as marcas da violência, apenas erguendo o que foi derrubado, para que os acontecimentos ficassem registrados na memória de Volta Redonda e também das lutas da classe trabalhadora.

 

 

Fonte: CNM/CUT

 
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