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Delator da Lava Jato afirma que Aécio Neves, principal líder da oposição, recebeu propina da UTC
Denunciantes esperam que, desta vez, PGR abra inquéritos e investigações inclusive sobre outras denúncias de corrupção envolvendo o senador
31/12/2015


O colaborador do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, afirmou em delação premiada que levou R$ 300 mil no segundo semestre de 2013 a um diretor da UTC Engenharia no Rio de Janeiro e que o montante seria repassado ao senador Aécio Neves, que nega o recebimento da propina.

Em depoimento, o delator revelou ter conhecido Youssef em 2000, e que, a partir de 2008, passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$ 300 mil a vários políticos. Rocha afirmou que em 2013 realizou “umas quatro entregas de dinheiro ” a um diretor da UTC chamado Miranda, no Rio de Janeiro.

O diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana, também disse em depoimento que o diretor comercial da empreiteira Antonio Carlos D"Agosto Miranda "guardava e entregava valores em dinheiro a pedido" dele ou de Ricardo Pessoa, dono da UTC.

O delator destacou a ansiedade de Miranda para receber uma das remessas de R$ 300 mil entre setembro e outubro de 2013. Ao indagar o destinatário final, Rocha afirmou que recebeu como resposta o nome de Aécio Neves. Na ocasião, o delator teria questionado o motivo de haver propina para um integrante da oposição. "Aqui a gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, [...] todo mundo", teria respondido o diretor da UTC.

Não é de hoje

Ao longo dos anos, Aécio Neves e seu partido aparecem em vários casos de corrupção, quase sempre abafados pela grande mídia nacional ou beneficiado pelas vistas grossas do Judiciário e órgãos de investigação.

O mensalão tucano

Diz respeito à eleição de 1998. A mídia geralmente omite que o então candidato a deputado federal Aécio estava na lista, como tendo recebido R$ 110 mil reais, e que o esquema extrapolou Minas, irrigando até a campanha de reeleição de Fernando Henrique à presidência Eduardo Azeredo era candidato à reeleição pelo governo de Minas Gerais pelo PSDB. Perdeu para Itamar Franco, na época no PMDB. Há pouco, Azeredo foi condenado a 20 anos de prisão, mas vai recorrer. Tudo indica vai se safar.

Lista de Furnas

Foi o esquema de Furnas que sustentou a campanha eleitoral dos tucanos de 2002. Aécio teria amealhado R$ 5,5 milhões apenas para ele. Nas provas, também tem o dinheiro que foi para José Serra e para Alckmin.

Em 25 de janeiro de 2012, a procuradora criminal Andréa Bayão Pereira, que atuava no Ministério Público do Rio de Janeiro, concluiu o seu trabalho sobre a Lista de Furnas, comprovando a existência do esquema de caixa 2.

Rádio Arco-Íris

Em 17 de abril de 2011, Aécio foi parado pela polícia numa blitz de trânsito no Leblon, cidade do Rio de Janeiro. Convidado a fazer o teste do bafômetro, ele se recusou. A carteira de habilitação, vencida, foi apreendida. Levou duas multas. O carro que dirigia pertencia à rádio Arco-Íris, localizada na Grande Belo Horizonte (MG), que é do senador e da irmã Andrea Neves.

Durante todo o período em que Aécio governou Minas (janeiro de 2003 a abril de 2010), Andrea comandou o Núcleo Gestor de Comunicação Social da Secretaria de Governo. Uma de suas funções era decidir sobre a alocação de recursos de toda a publicidade do Estado de Minas Gerais. No decorrer das gestões do irmão-governador, o seu núcleo aplicou, a título de publicidade, cerca de R$ 1,4 milhão, dinheiro de estatais mineiras e da administração direta estadual na rádio Arco-Íris e em outras empresas de comunicação dos Neves.

Aécioporto de Cláudio

Aécio fez dois aeroportos em Minas à custa de dinheiro público para beneficiar a família.O de Cláudio, da família da mãe, é o mais conhecido e que ficava fechado o tempo inteiro e o tio do Aécio guardava a chave para que outros não o utilizassem. Mas tem também o de Montezuma na área da fazenda do pai.

Em post publicado em 21 de julho de 2014, Fernando Brito, no site Tijolaço, escarafunchou a história e descobriu que o "aecioporto" de Cláudio custou tanto quanto um aeroporto comercial no Ceará: "O "aecioporto" construído no município de Cláudio, junto à fazenda de Aécio Neves, custou, como está publicado, R$ 13,4 milhões, isso na data da licitação, em dezembro de 2008. Fora o "milhãozinho" que o titio de Aécio achou pouco pelo terreno, sem contar a valorização da área não desapropriada. O valor, corrigido de janeiro de 2009 para maio de 2012, pelo IGP-M, equivale a R$ 17,9 milhões. No Ceará, um aeroporto comercial – o de Aracati – voltado para o turismo, com uma capacidade para atender Boeings 737 e até 1.200 vôos por ano (o de Cláudio, segundo a Folha, recebe um avião pequeno por semana) custou R$ 19 milhões em obras civis, em valor de 2013."

Denúncias listadas somam R$ 34,8 milhões

No período em que ocorreram as denúncias listadas, elas somavam R$ 21.110.000,00. Em valores atualizados em novembro de 2015, usando o IPCA-IBGE, o valor ultrapassa os R$ 34 milhões. Resultados:
Mensalão tucano — R$ 336.430,28
Lista de Furnas — R$ 12.252.258,70
Lava Jato — R$ 358.335,81
Rádio Arco-Íris — R$ 1.961.864,80
Aeroporto de Cláudio – R$ 19.967.583,88
Total: R$ 34.876.473,47

Não foram incluídas nessas contas, por exemplo, a parte da irmã Andrea Neves, as viagens do Aécio e amigos para cima e para baixo, inclusive para o Rio de Janeiro, sendo senador por Minas, o aeroporto de Montezuma, o nepotismo à custas do povo mineiro, empregando parentes e mais parentes no governo do Estado, o superfaturamento na Cidade Administrativa e no Mineirão, e o que ele fez para a Andrade Gutierrez na Cemig. De qualquer forma, os R$ 300 mil recebidos da UTC, no bojo na Lava Jato, é fatal. Joga por terra o discurso de baluarte da moral e da ética do senador.

Até agora todos os pedidos de investigação de Aécio ao MPF deram em nada

Vários pedidos de investigação do senador Aécio Neves foram feitos. Estranhamente, tais pedidos não avançaram. Em 31 de maio de 2011, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recebeu representação denunciando Aécio e Andrea por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. Gurgel fez questão de ir com os denunciantes até o setor de protocolo da Procuradoria Geral da República (PGR). A representação recebeu o número 1.00.000.006651/2011-19. Gurgel manteve-a na gaveta por 2 anos e três meses. Na sua saída, em agosto de 2013, abriu inquérito contra deus e o mundo, menos contra os tucanos, em especial o senador Aécio Neves.

No início de 2014, os denunciante procuraram o o novo e atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entregando os documentos referentes ao envolvimento do senador Aécio na Lista de Furnas. Assim como Gurgel, Janot não tomou providência.

No final de 2014, em delação premiada da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef tratou do assunto no termo 20 do seu depoimento, cujo tema principal era "Furnas e o recebimento de propina pelo PP e pelo PSDB". O doleiro Youssef afirmou que o PSDB, por meio de Aécio Neves, dividiria uma diretoria em Furnas com o PP, por meio de José Janene. Afirmou ainda que ouviu que Aécio também teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, de uma das empresas contratadas por Furnas, a empresa Bauruense, do empresário Airton Daré, no período entre 1996 e 2000/2001.

Janot divulgou o teor da delação em 4 de março de 2015. Foi ao comentar para o jornal Estadão o pedido de arquivamento ao STF das investigações envolvendo Aécio Neves, presidente nacional do PSDB na Operação Lava Jato. Janot alegou serem insuficientes as informações fornecidas pelo doleiro Alberto Youssef. A justificativa principal: os dois citados por Youssef – o ex-deputado José Janene e empresário Airton Daré tinham morrido– e não poderiam confirmá-las.

Só que, como bem alertou o jornalista Luiz Carlos Azenha, ao livrar Aécio Neves, Janot desconheceu a denúncia feita em 25 de janeiro de 2012 pela promotora da Lista de Furnas. A promotora é a procuradora Andréa Bayão Pereira, atualmente está no Ministério Público Federal, em Brasília. Ou seja, trabalha com Janot.

Diante da decisão de Janot por "provas insuficientes", em 31 de março de 2015, denunciantes foram novamente à Procuradoria Geral da República, em Brasília. Dessa vez, foram recebidos pelo próprio procurador, que se comprometeu a fazer o estudo das provas apresentadas e estranhou o fato de que o processo da Lista de Furnas só tenha chegado à PGR naquela ocasião, embora, no início de 2014, os denunciantes teriam entregue os documentos referentes ao envolvimento do senador na Lista de Furnas. Partindo do princípio de que o procurador-geral falou a verdade, o que aconteceu com os documentos? Foram para o lixo? Alguém os "guardou"? Estranho. Muito estranho. Passaram-se vários meses e Janot, ao menos pelo que se sabe, não tomou nenhuma medida.

"Se agora, com a delação dos R$ 300 mil da UTC, o doutor Janot não abrir urgentemente inquérito contra o Aécio, o Ministério Público Federal pode fechar a porta", afirma o deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos denunciantes. "Ficará comprovado o que se denuncia há tempos. O MP tem lado, age ideologicamente, o que inconcebível a quem atua nesse setor". O deputado defende, ainda, que o Senado abra procedimento investigativo contra Aécio Neves, assim como o senador se posicionou favoravelmente a fazer contra o colega Delcídio do Amaral (PT-MS). Para ele, Aécio tem de responder às acusações também no Senado.

Correia não é muito adepto da teoria da conspiração. Porém, o fato de a delação premiada de "Ceará" só ter vindo a público agora – o depoimento foi em 1º de julho de 2015 –, graças à reportagem de Rubens Valente, o obriga a considerar a hipótese de conspiração. "Por que outras delações foram vazadas e esta, envolvendo o senador Aécio Neves, não?", questiona. "A preservação do senador Aécio Neves tem a ver com a intenção golpista das elites brasileiras com uma parte da Polícia Federal, da própria Justiça, do Ministério Público. Se tivesse vazado antes, jogava abaixo qualquer perspectiva golpista que o Aécio negociava com as elites brasileiras", considera. "Imagina se em julho ou agosto, essa delação tivesse vazado como as outras, toda essa articulação golpista da direita teria ido para o espaço e nós poderíamos ter tido, durante o segundo semestre, um Brasil mais calmo, tanto do ponto de vista político quanto econômico."

“Desse conluio golpista faz parte a imprensa, evidentemente. Da mesma forma que vazaram outras delações para o Estadão, Globo, Veja, Época, TV Globo, quem sabe se essa denúncia do “Ceará” sobre o Aécio não foi vazada e eles esconderam? Isso gente também pode especular. Tem vazamento de tudo quanto é forma. No caso do Aécio, nem quando a gente denuncia, aparece na mídia. No Brasil, temos um cartel de comunicação que tem intenção golpista também. Eles blindam o Aécio exatamente para manter a perspectiva golpista”, disse Rogério Correia.

Para ele, com tudo o que já foi denunciado contra Aécio, Janot tem condições de abrir não só um, mas vários inquéritos contra o senador. E assim que o Ministério Público decidir investigar, o STF vai autorizar a abertura do inquérito, como já aconteceu nos outros casos. E quando instalar uma investigação contra o Aécio, outras irão junto.

 
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