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FHC admite saber que Petrobras era escândalo desde 1996 FHC foi alertado sobre isso em 16 de outubro daquele ano, segundo o relato que faz no próprio livro com base na compilação de gravações pessoais 21/10/2015 Em livro que será publicado no dia 19 de novembro, o “Diários da Presidência”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) admite saber desde o segundo ano de seu mandato, em 1996, que a Petrobras era um “escândalo” de irregularidades. As revelações estão na edição desta terça-feira (20) do jornal “O Globo”, que teve acesso aos textos inéditos. FHC foi alertado sobre isso em 16 de outubro daquele ano, segundo o relato que faz no próprio livro com base na compilação de gravações pessoais. Quem fez o alerta a FHC sobre a Petrobras, durante um almoço, foi o então candidato a controlador da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Benjamin Steinbruck. “Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras. Ele me disse que a Petrobras é um escândalo. Quem manobra tudo e manda mesmo é o Orlando Galvão Filho, embora Joel Rennó tenha autoridade sobre Orlando”, relata FHC. Rennó era o presidente, nomeado por FHC; Galvão era presidente da subsidiária BR Distribuidora. “O tucano (FHC) constata ser caso para intervenção na estatal, mas confidencia que não a faria”, afirma a reportagem. FHC passou a considerar a situação na Petrobras “uma coisa completamente descabida”, diz o Globo. Embora a reportagem afirme que a necessidade de obter apoio parlamentar no Congresso, a pressão dos aliados pelos cargos, “o toma-lá-dá-cá” e projetos como reeleição e privatização o tenham preocupado. FHC não diz quais ou se tomou providências para evitar nomear os “ficha-suja”. E, em relação à Petrobras, o jornal afirma que sua decisão foi outra: não refreou os desvios na estatal. “Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que não quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo Congresso”. Mas também não o fez após aprovar os projetos. Se o fez, nunca revelou. Outro fato estranho que salta dos relatos reproduzidos pelo livro, é que o empresário que viria a ser dono da mineradora no ano seguinte, havia sido nomeado membro do conselho de administração da Vale, também ainda estatal. Nessa condição, Steinbruck passou a ter acesso a todos dados confidenciais da empresa que viria a adquirir sete meses depois. O leilão da Vale foi realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em maio de 1997. A então segunda maior empresa brasileira e maior produtora de minério do mundo foi vendida por R$ 3,3 bilhões de reais em 1997. O portal Museu da Corrupção (Muco) lembra que o valor estimado da empresa na época do leilão era de R$ 92 bilhões de reais, “valor 28 vezes maior” do que o que foi pago. Quem venceu o leilão foi o Consórcio Brasil, formado pela Companhia Siderúrgica Nacional (de Steinbruck), a Bradespar (do grupo Bradesco) e o fundo de investimentos Previ, que arrematou 41,73% das ações. “Ladrões” FHC também revela no livro que a discussão sobre a emenda da reeleição teve início seis meses após o início do seu governo. Também esclarece que, ao negociar as nomeações do segundo e terceiro escalões de seu governo com PFL, PMDB e PTB identificou, inclusive com algumas provas, que nomes na lista de candidatos aos cargos eram de “ladrões”. Outra revelação é que as relações com o principal partido de apoio, o PMDB, sempre foi instável. FHC não diz quais ou se tomou providências para evitar nomear os “ficha-suja”. Mas “a emenda da reeleição foi aprovada em 1997 sob suspeita de compra de votos”, rememora a reportagem. “Entre os políticos que pediram nomeações, ele (FHC) cita José Sarney, Valdemar Costa Neto, Jader Barbalho, Wellington Moreira Franco e Michel Temer. Temer não quis comentar essa citação. FH não trata no diário do resultado desses pedidos”, diz o Globo.
Fonte: Agência PT, com informações de O Globo Veja também |