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Comunicação empresarial e notícias falsas se combate com comunicação popular
por Leonardo Koury Martins - em Brasil de Fato/MG
23/08/2024


Pixabay


A comunicação enquanto ato, exercício e prática social se compreende a partir da relação cotidiana do trabalho. A comunicação não é apenas um meio. É parte da intervenção das trabalhadoras e trabalhadores na sociedade. A comunicação determina a imagem social e política das pessoas, organizações e coletivos. São parte das lutas presentes na sociedade.

Nos últimos anos, a comunicação no capitalismo tem ampliado suas dimensões de coerção e controle e, por isso, tem se tornado nítida a escalada das notícias falsas e a desinformação no Brasil e no mundo. A tecnologia móvel e a ampliação do uso das redes sociais digitais atravessam o cotidiano da população. Por intermédio das tecnologias de informação e comunicação (TIC), a vida tem sido reconfigurada em novas bases de sociabilidade capitalista.

O que antes era determinado, majoritariamente, por meio das rádios, jornais, revistas e da televisão, hoje acontece via internet.

É nesta perspectiva que programas de doutrinação religiosa ganham espaços nas redes públicas, como a Rede Minas. E a publicidade pública a cada dia tem se tornado propagandas pessoais.

A ampliação das notícias falsas fortalece os interesses burgueses por meio do ataque às conquistas democráticas e aos direitos da população. Também pelo aumento da perseguição aos profissionais da comunicação e do descrédito a comunicação pública, que sofrem pelo sucateamento, aparelhamento e tentativas de privatização.

Num contexto de multiplataformas, as pessoas e organizações que alimentam a desinformação, principalmente da extrema direita, se utilizam, muitas vezes, do chamado “conteúdo efêmero”. Um conteúdo falso divulgado em uma mídia social e, para burlar a vedação desta veiculação, ele é retirado em pouco tempo, porém já se difundiu em outras redes.

Por outro lado, não se comunica a resistência dos movimentos que denunciam a apropriação da riqueza socialmente construída.

O modelo empresarial de comunicação é o formato hegemônico de construção da informação em grande escala no Brasil. A capacidade de comunicar em grande escala, chegando a milhões de pessoas em pouco tempo, é de grande interesse para o capital.

No Brasil, para além do interesse privado, a comunicação está nas mãos de pequenos grupos, muitos dos quais familiares. Famílias proprietárias de empresas que se alinham aos interesses das big techs internacionais, cujo propósito é o domínio privado do ato de comunicar em massa.

As big techs comercializam os dados de acesso da população: suas preferências, localização e escolhas. A comunicação que fazem busca justificar a barbárie como algo natural.

Um exemplo é a comunicação que fazem sobre chacinas em favelas e no campo, que, invariavelmente, relativiza a ética e culpabiliza a população negra e pobre por suas precárias condições de vida. Violentando a concepção de direitos humanos.

 

Comunicação popular

Direcionar esforços para superar o modelo de mercado das empresas de comunicação do Brasil e formar uma ampla rede de comunicação pública é o caminho para contrapor a audiência das ideias reacionárias que tem causado efeitos catastróficos na vida da população brasileira.

Um exemplo concreto foi o Plebiscito Popular em Defesa das Estatais de Minas Gerais, que a partir de uma estratégia comunicativa, dialogou com milhares de pessoas, formando formadores, construindo comitês populares e articulando entidades representativas. Mais de trezentas mil pessoas votaram contra a tentativa do governo Zema de privatizar o patrimônio público.

Sem essa articulação que comunicou em grande escala, centenas de cidades não teriam o debate sobre a venda da Copasa, Cemig, Codemge e Gasmig. A mídia empresarial silenciou sobre a iniciativa, mas os movimentos sociais trouxeram à tona uma das mais importantes pautas na luta pela soberania no Estado.

Construir uma comunicação popular é fundamental para a sobrevivência da classe trabalhadora frente ao aumento das violências no atual estágio capitalista. Trazer a partir dos formatos comunicativos de massa, valorizar os jornais populares, as redes das militâncias digitais e integrar estas táticas a estratégias de democratização da comunicação no Brasil para superar uma comunicação que desinforma e mente sobre a realidade social.

Nunca foi fácil para a classe trabalhadora, mas comunicação é ação política e identidade, é o que nos caracteriza. Porque nós da classe trabalhadora precisamos de meios de comunicação coerentes com nosso projeto, nossos valores e nossa práxis.

 

(*) Leonardo Koury Martins é assistente social, doutorando em Serviço Social pela UFJF e integra a coordenação do Fórum Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (FNTSUAS).

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Sindicato.

 
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