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Mulheres negras se unem em Brasília contra o racismo e a violência
Racismo de participantes do acampamento dos movimentos pró-impeachment gera tumulto
19/11/2015


Vinte mil pessoas, segundo os organizadores, ocuparam a Esplanada dos Ministérios durante todo o dia, hoje (18), na 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, em ato organizado por várias entidades contra a intolerância e o racismo, por igualdade de direitos. A manifestação, pacífica em todo o percurso, só teve um momento de tensão ao se aproximar do local onde um grupo anti-Dilma (e alguns favoráveis à volta dos militares) está acampado há aproximadamente um mês. Dois policiais civis foram presos por atirar para o alto – pelo menos um faz parte do grupo acampado e já havia sido detido na semana passada.

“Nos últimos anos, tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”, afirmou uma das coordenadoras do ato, Valdecir Nascimento, coordenadora-executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara).

"A democracia só vai se consolidar quando a sociedade não permitir o racismo. Vamos dizer a esse Congresso machista e racista que a discriminação racial não dá mais nesse país", acrescentou a secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Julia Nogueira.

De acordo com dados do último Censo, de 2010, as mulheres negras são 25,5% da população brasileira – aproximadamente 48,6 milhões de pessoas. Outros dados demonstram que se trata de um setor social vulnerável: entre as mulheres, as negras são as maiores vítimas de crimes violentos. De 2003 para 2013, o assassinato de mulheres negras cresceu 54,2%, segundo o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil. No mesmo período, o índice de assassinatos de mulheres brancas recuou 9,8%, segundo estudo feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), a pedido da ONU Mulheres.

“A marcha quer falar de como um país rico como o Brasil não assegura o nosso direito à vida. Queremos um novo pacto civilizatório para o país. O pacto atual é falido e exclui metade da população composta por mulheres e homens negros”, diz Valdecir.

Junto às bandeiras estavam a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex-vice-presidenta da África do Sul, e a ex-integrante do grupo Panteras Negras e do Partido Comunista dos Estados Unidos Angela Davis.

"O Brasil vive um momento de fazer o desenvolvimento das mulheres negras fora da pauta. Nós não admitimos isso. Agora queremos decidir no poder, não vamos delegar a nossa representação a ninguém. Essa é a grande virada", disse Vilma Reis, socióloga, ativista do Movimento de Mulheres Negras, ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia.

O movimento listou as seguintes pautas reivindicadas pelas mulheres negras:

– O racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa auto-estima coletiva e nossa própria sobrevivência;

– O fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras;

– As mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho;

– A construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social;

– As mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho;

– Ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.

Tumulto foi racismo, afirma militante

Secretária de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação e militante do movimento negro, Iêda Leal considerou racismo o tumulto no início da tarde de hoje (18) entre participantes do acampamento dos movimentos pró-impeachment e as militantes da Marcha das Mulheres Negras em frente ao Congresso. A confusão causou pânico e terminou com a detenção de dois policiais civis que deram tiros para o alto.

Nós chamamos isso de racismo. Queremos punição para as pessoas que agrediram não uma mulher negra, agrediram 50 mil mulheres que participavam da marcha para dizer que nós não aguentamos mais esse tipo de violência. A organização do evento vai fazer um boletim de ocorrência e buscar justiça pelo que houve”, afirmou Iêda, após reunião de representantes da marcha com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.

Segundo a militante, o conflito na marcha não entrou na pauta com a presidenta Dilma. “Defendemos o fim do extermínio da juventude negra e viemos dizer para a presidenta que é necessária uma atitude bem organizada pelo fim da intolerância religiosa. Ela recebeu nossas reivindicações e vai continuar o diálogo. Temos uma pauta do Mês da Consciência Negra.”

A ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, disse que não poderia afirmar se houve racismo porque não estava no local, mas adiantou que as autoridades do Distrito Federal e do Congresso Nacional estão apurando os fatos.

Após receber as representantes da marcha, Dilma se reuniu com a subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que também participou da marcha. Phumzile vai inaugurar hoje a programação global “Tornar o mundo laranja pelo fim da violência contra as mulheres”, iniciativa da ONU Mulheres.

 

 

Fontes: Rede Brasil Atual e Agência Brasil

 
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