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Marcha e ato públicos marcam lançamento da campanha salarial unificada dos metalúrgicos

Representantes metalúrgicos de todo o Rio Grande do Sul, filiados à CUT, realizaram uma marcha nesta quinta-feira, dia 10 de maio, para reivindicar dignidade no trabalho – tema da Campanha Salarial de 2012 - que destaca a

10/05/2012


Os metalúrgicos - cerca de mil manifestantes - partiram às 10 horas em caminhada da Praça Pinheiro Machado, distante 5 Km do Centro de Porto Alegre, até a Praça da Matriz, onde ficam as sedes dos poderes Executivo e Legislativo do Estado. No local, almoçaram e realizaram um grande ato público, que, entre outros companheiros, contou com a presença do presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres. Paulão falou da importância de mobilizações como aquela e das pautas da classe trabalhadora apresentadas para o governo e para o Congresso Nacional. Também defendeu a organização no local de trabalho por meio dos comitês sindicais de empresas, fundamentais para fortalecer os sindicatos e diminuir o número de acidentes e doenças do trabalho. "Nossa luta não é só economicista. Temos que lutar por melhores condições de trabalho nas fábricas", resumiu.

Lirio Segalla, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre falou da importância da Campanha Salarial, momento no qual os trabalhadores podem efetivamente lutar pela recuperação das perdas e conquistar avanços salariais. Porém, lembrou que a nossa luta nunca deve se encerrar na campanha salarial, "pois temos uma pauta estadual e nacional pra acompanhar".

Logo após, às 14h, os metalúrgicos dirigiram-se à Assembleia Legislativa do Estado para participar do Grande Expediente no qual foi apresentado o Projeto de Lei de revitalização dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, do deputado estadual Nelsinho Metalúrgico (PT). Na pauta de reivindicações entregue ao presidente da (AL), Luis Lauermann, os metalúrgicos deram destaque ao ambiente de trabalho inseguro, mutilador e causador de doenças e mortes. “Além dos imensuráveis prejuízos humanos, o descaso com a saúde e a segurança nos ambientes de trabalho privado causam enormes prejuízos de recursos públicos”, disse o presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS), Flávio Fontana de Souza, o Flavião.
 
Em seu discurso, Nelsinho Metalúrgico lamentou o grande número de vítimas que perderam a vida enquanto trabalhavam. “A reprodução do capital, por meio da produção industrial, que desde os anos 90 vem se reestruturando de forma cada vez mais intensa, tem edificado verdadeiras fábricas de horror, onde diariamente ocorre o flagelo dos acidentes e mortes no trabalho”, explicou. Segundo o deputado, "essa realidade é decorrente das linhas de montagens, dos ritmos de trabalho, das jornadas extenuantes, do assédio moral, da qualidade total, do envenenamento por agrotóxicos, da corrida pelo lucro cada vez maior e mais rápido, além de sugar a força de trabalho das pessoas, transformando-o em engrenagem do processo. Com isso, lhe é sugado o ânimo, a alegria de viver, o prazer de trabalhar", disse o deputado.
 
Nelsinho relatou que, atualmente, o Brasil registra mais de sete mortes por dia decorrentes de acidentes de trabalho, ou seja, a cada três horas e meia morre um trabalhador nessa condição. A maior incidência dos casos ocorre entre os jovens com até 24 anos de idade, e o setor de atividade econômica com maior registro é o metal/mecânico juntamente com o eletro/eletrônico, que registraram a ocorrência de 74.907 acidentes do trabalho, contribuindo com 10,68% do total dos casos.
 
Ao final de seu discurso, Nelsinho ressaltou que a prevenção dos acidentes de trabalho, das doenças profissionais e da promoção da saúde do trabalhador é uma tarefa que precisa ser desenvolvida com muita luta, empenho e responsabilidade pelo conjunto da sociedade, porque é um compromisso com a vida. De maneira simbólica, após deixar a tribuna, o deputado entregou em mãos, aos representantes de entidades sindicais, o PL 111/2012, protocolado no dia, que busca ampliar o papel e a atuação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, dando a eles um poder maior de fiscalização, investigação e intervenção nos ambientes de trabalho.
 
Após a atividade na AL, os trabalhadores seguiram para o Palácio Piratini, onde entregaram o vice-governador, Beto Grill, a dramática questão dos adoecimentos e acidentes no trabalho sofridos pela categoria. Na ocasião, os representantes dos metalúrgicos apresentaram duas importantes reivindicações: o governo precisa humanizar a intervenção da Brigada Militar junto às mobilizações dos movimentos sociais, acabando de vez com a repressão e o tradicional posicionamento da corporação aos interesses dos patrões, latifundiários e governos impopulares; e condicionar a liberação de incentivos fiscais ao compromisso patronal de estabelecer contrapartidas sociais, como a geração de empregos, por exemplo.

 
 
 
 
 
 
 
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