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Dia Internacional da Mulher: Versão oficial é questionada

Pesquisas indicam que a versão das 129 operárias americanas queimadas foi um arranjo e que, na verdade, a data teve origem numa greve de operárias russas 60 anos depois   

07/03/2012


 

 

Desde a metade do século passado, o movimento sindical no mundo todo passou a divulgar a versão de que o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, teria se originado em homenagem a 129 operárias de uma indústria têxtil de Nova Iorque, que teriam sido assassinadas em 1857 pelo patrão. Indignado com a greve feita por elas, ele teria ateado fogo à fábrica, matando-as queimadas. Tal versão, no entanto, vem sendo questionada a partir de longas pesquisas e investigações iniciadas na década de 70. No lugar dela, outra versão começou a tomar forma. Vamos aos fatos:

- Os pesquisadores não encontraram indícios históricos que confirmassem a versão oficial (129 operárias queimadas). Não havia notícias sobre o assunto em nenhum jornal, nem em qualquer outra fonte de memórias das lutas operárias ou em outros documentos oficiais de governos e policias da época. Nenhum relato oral, nenhum documentário, nada!;

- Por outro lado, comprovada a partir de fartos relatos e documentos, a decisão de criar uma data para as mulheres foi tomada em 1910, durante uma conferência de mulheres socialistas realizada na Dinamarca. Na ocasião, não ficou decidido qual seria este dia e o mês de março foi escolhido por acaso. Nesta conferência não houve nenhuma referência à greve de Nova Iorque e às 129 mulheres queimadas;

- Sete anos depois, mais precisamente no dia 23/02/1917 pelo calendário russo, que correspondia ao 8 de março no calendário ocidental, mulheres costureiras e tecelãs da Rússia começaram uma greve que mudou completamente os rumos da política do país. Foi o começo da queda do regime de opressão czarista e o estopim da Revolução Russa de outubro daquele ano;

- Quatro anos depois, em 1921, a Conferência das Mulheres Comunistas, realizada em Moscou, lembrou da histórica greve e adotou o dia 8 de Março como data unificada do Dia Internacional das Operárias. A partir de então, os comunistas espalham pelo mundo o 8 de março como data das comemorações do Dia da Mulher;

- Como a história desta greve ficou esquecida durante muito tempo, os comunistas franceses tiveram a ideia de ampliar o alcance do dia da mulher para todas as mulheres, fossem elas comunistas, socialistas, libertárias, cristãs etc. Daí, a nova versão do 8 de março - das 129 operárias queimadas - começou a circular nos movimentos feminista e sindical da Europa e dos Estados Unidos, baseada na mistura de vários fatos reais ocorridos na cidade de Nova Iorque, em épocas e situações distintas. O primeiro fato foi uma longa greve real de costureiras, que durou de 22/11/1909 a 15/02/1910. Outro fato foi um incêndio ocorrido numa fábrica têxtil, em 25/03/1911, que causou a morte por falta de segurança de 146 pessoas, das quais 125 mulheres. E assim, pela combinação de casualidades, sem um plano pré-estabelecido, nasceu essa versão mais lembrada nos dias de hoje.

Para nós, do Sindicato dos Metalúrgicos, embora fatos históricos sejam importantes, não importa tanto a versão das 129 queimadas ou a versão da greve que precipitou a Revolução Russa. Importa, isto sim, o fato de que as companheiras do mundo todo tem o 8 de março como referência para reflexão, celebração, comemoração e protestos.

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
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