Políticos argentinos acompanham os brasileiros e descobrem alcance das mídias eletrônicas
22/09/2010
Desde 2007, quando Cristina Kirchner foi eleita presidente da Argentina, a internet vem se transformando em ferramenta importante para a ampliação da propaganda política no país. Juntamente com os filmetes na televisão e as inserções na programação das emissoras de rádio - obrigatórios no período eleitoral, como no Brasil -, as mídias sociais como Twitter e Facebook ganharam importância na propagação das ideias e propostas dos candidatos a cargos eletivos.
A própria presidente argentina, por exemplo, tem conta no Twitter, assim como o ministro das Relações Exteriores, Héctor Timernan. A presidente conversa com seus leitores sobre temas triviais como um almoço que teve com a irmã, mas também coloca em relevância assuntos de Estado, como a recente reunião com o presidente do Chile, Sebástian Piñera.
De acordo com o juiz Nicolas Deane, secretário da Comissão Nacional Eleitoral da Argentina - órgão equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral brasileiro -, uma novidade nessa área é que, desde a eleição de Cristina Kirchner, a Justiça argentina vem acompanhando com mais precisão o uso da internet nas campanhas eleitorais e também o que os políticos andam fazendo com o financiamento público e privado de suas campanhas.
Segundo o secretário, que falou com exclusividade para a Agência Brasil, uma das novidades da reforma eleitoral argentina feita no ano passado é que as campanhas passaram a receber financiamento com dinheiro público. Até então, o Estado concedia o espaço nas emissoras de televisão e de rádio para a veiculação da propaganda política, por exemplo, mas todo o financiamento era feito com dinheiro privado.
Com a entrada de dinheiro público até limites previstos em lei, a internet assumiu importância na divulgação e no controle das despesas realizadas pelos partidos políticos argentinos. Hoje, a própria Câmara dos Deputados do país faz auditorias sobre o uso do dinheiro público-privado nas campanhas e utiliza a internet como um dos suportes para a divulgação dos resultados de seus levantamentos, permitindo que os eleitores acompanhem a aplicação do dinheiro.
Além do uso intensivo da internet por candidatos a cargos eletivos e eleitores, o juiz Nicolas Deane aponta outro detalhe que mostra semelhança entre o sistema político-partidário do Brasil e da Argentina. No país vizinho, os sindicatos de trabalhadores marcaram presença na política, o que é uma decorrência natural da constante presença de representantes sindicais em algumas agremiações partidárias.
Essa associação entre sindicatos e partidos políticos, no entanto, não é suficiente para que os sindicalistas argentinos tenham representatividade eleitoral. O juiz Nicolas Deane lembra que um sindicato não constitui um partido político porque é necessário obedecer à regra básica da lei: para ser considerado um partido representativo de uma parcela da população argentina é preciso que qualquer agremiação do país – seja de sindicalistas, ou não – tenha 4 mil filiados em pelo menos cinco distritos eleitorais argentinos.