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Indústria automotiva avança nas vendas e bate recorde com aumento de 5,4%
13/09/2010


Com os motores a todo vapor para dar conta da forte demanda de consumo no país, a indústria está vivendo seu recorde de contratações nos últimos 10 anos: uma elevação de 5,4% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2009. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que a geração de empregos está avançando acima da média histórica, conforme já havia anunciado a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O desempenho de julho foi o sexto crescimento seguido nos indicadores oficiais e, segundo especialistas, comprovam a recuperação da indústria e a aptidão dela para crescer de forma sustentável.

"As empresas só contratam quando têm certeza da necessidade de mão de obra, quando sabem que um nível de atividade forte deve continuar por um prazo mais longo", argumentou Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. "Não é só um espasmo de crescimento para atender a pedidos. Os industriais voltaram a contratar quando o nível de produção foi obrigado a subir para atender o intenso consumo do mercado doméstico."

A metalurgia básica é um dos segmentos que se viu forçado a intensificar o ritmo de produção devido o alto consumo de automóveis. Mesmo após o fim dos incentivos tributários para a aquisição de um veículo novo, o brasileiro, com crédito na mão, continuou a comprar. Fez de agosto o segundo melhor mês de vendas da história da indústria automobilística. Foram vendidos 312,8 mil carros, incluindo caminhões e ônibus. Só não superou março, o último mês de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, quando foram vendidas 353,7 mil unidades.

Demanda intensa

Com tamanha demanda, a metalurgia precisou comprar mais aço, ligar caldeiras e contratar. Mas, antes de abrir novos postos nas fábricas, teve de pagar muitas horas extras. Comparado com igual mês do ano passado, bancou um acréscimo de 16,6% ao tempo trabalhado pelos operários. Quando se tornou impossível estender os turnos nas fábricas, o segmento começou a criar empregos e passou a liderar a abertura de vagas: foram 13,1% mais postos frente julho de 2009 - mais de duas vezes a média nacional.

A fim de conseguir atender a demanda intensa, a indústria precisou produzir maquinário para fabricar todos os itens de desejo do consumidor. O segmento que faz esses equipamentos aumentou as contratações em 11,7% na comparação entre julho e igual mês do ano passado, perdendo apenas para a metalurgia básica. Elevou também a quantidade de horas pagas, com crescimento de 12,4%. A maioria dos setores seguiram ritmo semelhante de expansão, porém, quatro deles ainda vivem o fantasma da crise que se instalou na economia em setembro de 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers: fumo, madeira, refino de petróleo e álcool e vestuário foram os únicos a acumular taxas negativas.

O economista Fernando Abritta, do IBGE, pondera que, apesar dos segmentos que ainda estão com problemas, os resultados comprovam a recuperação da indústria nacional. De 18 setores, 10 aumentaram o número de postos de trabalho acima da média nacional e quatro, um pouco abaixo dessa marca. Ele lembra ainda que parte do resultado expressivo deve-se à comparação fragilizada com os mesmos meses do ano passado, época em que o país ainda sentia os efeitos da crise mundial.

Abritta explica que há, todavia, uma diferença entre o crescimento da produção e do nível de emprego. As fábricas primeiro aumentam o ritmo e ampliam a jornada de trabalho para só depois passarem a contratar. "O emprego costuma responder mais lentamente, tanto no caso de aumento como na queda da produção. Além disso, as indústrias podem otimizar o serviço e produzir mais com uso de tecnologia, sem necessariamente contratar mais", avaliou.

 
 
 
 
 
 
 
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