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Movimento sindical e o meio ambiente
Artur Henrique defende construção de hidrelétricas. "Proteção ambiental tem de combinar com eliminaç
08/06/2010


Artur Henrique defende construo de hidreltricas. "Proteo ambiental tem de combinar com eliminao da pobreza" Como viabilizar a sustentabilidade em um pas que a cada dia mais busca se desenvolver e romper com as desigualdades sociais e regionais? ARTUR: Ns temos uma viso de que plenamente possvel crescimento e desenvolvimento, distribuindo renda, garantindo incluso social e tendo como principal trip desse modelo de desenvolvimento a sustentabilidade econmica, social e ambiental. Ns no somos daqueles que consideram impossvel crescer sem destruir os recursos naturais. Mas tambm no achamos que o crescimento tem que ser realizado a qualquer custo, destruindo o meio ambiente, agravando a j preocupante situao climtica na terra como fazem alguns pases e alguns governos que no colocam como prioridade esse necessrio equilbrio entre crescimento econmico e desenvolvimento sustentvel, e para ns esse tema tem que ter as trs pernas com a mesma prioridade. possvel que os trs aspectos recebam a mesma prioridade? Presidente da CUT (foto Dino Santos)ARTUR: Claro, o Brasil no pode s crescer 8 ou 9 por cento do PIB e no olhar se este crescimento est garantindo incluso social, aumento da distribuio de renda, diminuio da pobreza, das desigualdades sociais, valorizao do trabalho e se no olhar para a questo ambiental. preciso olhar para as mudanas climticas, a necessidade de diminuir as emisses de C02, de se garantir mudanas no modo de produo e alterao nos padres de consumo. Portanto, ns no estamos falando somente de crescimento econmico. O Brasil j cresceu na dcada de 70 at 10 por cento, mas no tinha distribuio de renda nem liberdade democrtica. Hoje voc tem um governo que demonstra ser possvel ter crescimento econmico aliado com um projeto de desenvolvimento que tem como um dos principais tpicos a questo da incluso social. O governo Lula tirou 30 milhes de pessoas da misria absoluta e da pobreza. Ento possvel crescer distribuindo renda fazendo incluso social, implementando polticas publicas e sociais e tendo preocupao com a agenda ambiental que fundamental para o Brasil, o continente e o planeta como um todo. Onde esto os maiores desafios para a sustentabilidade no Brasil? ARTUR: Eu acho que os desafios so em vrias reas. A primeira o planejamento. Qualquer planejamento de desenvolvimento tem que ser de curto, mdio e longo prazo e ele tem que superar governos, perodos de mandato. Tem que ser fruto de uma construo coletiva, do dilogo entre os atores sociais: governos, trabalhadores, empresrios, organizaes da sociedade civil que devem participar para que se estabeleam prioridades, mecanismos que atendam s principais diretrizes que ns defendemos. O segundo grande desafio como que se estabelece um projeto de desenvolvimento de longo prazo que leve em conta a necessidade de se atingir determinadas metas que so importantes para o conjunto da sociedade. Por exemplo: quando ns falamos de uma meta de crescimento, meta de gerao de emprego decente, mais e melhores empregos, diminuio das desigualdades sociais e regionais, isso faz parte da construo do planejamento, do que ns queremos atingir. Mas para atingir essas metas ns precisamos garantir empregos decentes para tantos milhes de trabalhadores e trabalhadoras, implementar determinadas polticas publicas que garantam que atinjamos essas metas e que levem em conta a viso dos atores sociais. Mas no ocorrem interesses conflitantes entre esses atores? ARTUR: Ocorrem e no se leva em considerao o conjunto da sociedade, mas sim, um determinado interesse contrrio e acaba se criando uma discusso absolutamente difcil de se construir um consenso, porque s vezes o interesse de uma determinada populao, ou organizao social ou setor econmico acaba se sobrepondo ao interesse coletivo. Por exemplo? ARTUR: O debate sobre poltica energtica no Brasil. A partir do momento em que se leva energia eltrica atravs de um programa como Luz para Todos a uma famlia que comea a ter renda / seja pelo aumento do Salrio Mnimo, Bolsa Famlia ou da aposentadoria / e, portanto, pode agora consumir, no tem como pedir que no tenha na sua casa uma geladeira, porque vai consumir energia eltrica e isso no bom para o meio ambiente. SNMA: Sim, s que num assunto como a instalao de uma hidreltrica, o impacto muito maior... ARTUR: Mas ao voc botar em operao termoeltricas a leo diesel que so altamente poluidoras e destruidoras do meio ambiente para rodar e produzir energia eltrica o impacto ainda maior. E isso absolutamente ningum fala, ou se fala, com menos nfase do que de grandes projetos de usinas hidreltricas. O Brasil tem do ponto de vista da sua matriz energtica e da sua poltica energtica uma enorme diferena em relao a outros pases por ser uma matriz altamente renovvel e limpa. Produz energia eltrica a partir de fontes diversas e deve continuar sendo assim. Tem alto potencial hidreltrico, portanto o que ns temos que debater se os projetos de grandes usinas ainda cabem ou se tm que ser reformulados. Se ns temos que investir em cincia e tecnologia que produza mais energia com mesmo impacto. lgico que preciso investir em pequenas centrais hidreltricas. Agora, as pessoas que falam que a sada a energia elica s, a energia solar s, pequenas centrais hidreltricas s, ou no conhecem o Brasil, ou no conhecem o setor energtico ou no sabem do que esto falando. Mas alguns pases esto investindo em fontes mais limpas de energia... ARTUR: No adianta achar que vamos colocar ventoinha no Brasil inteiro para gerar energia. No pense que porque ela gerada pelo vento atravs daquelas ps enormes que no tem impacto. Tem. No meio ambiente, nos rudos, tem vrios impactos. O problema a quantidade de energia que eu produzo com aquele monte de cataventos. muito mais impactante do que uma pequena central hidreltrica num determinado local. As pessoas olham para aquele catavento e falam: olha que coisa bonita no produz impacto e gera energia eltrica... sim, mas quando voc coloca 600 cataventos fazendo barulho para gerar energia eltrica para iluminar uma cidade de 10.000 habitantes, as coisas no ficam to simples assim. Estou aqui exagerando do mesmo jeito que alguns exageram do outro lado dizendo que o Brasil poderia, por exemplo, se utilizar de outras fontes de energia eltrica que no a construo de usinas hidreltricas. Mas esses questionamentos no partem muitas vezes das prprias populaes? ARTUR: Partem, mas o que infelizmente ainda acontece muito no Brasil no ter dilogo com os atores sociais e fazer um projeto sem construir alternativas, condicionalidades, as chamadas obras compensatrias. Ou seja, se h necessidade de construir uma estrada ou de implementar uma determinada obra num determinado local, qualquer obra, qualquer projeto, vai gerar impacto seja ambiental, seja junto a populaes que residem e trabalham naquele local. Portanto, o desafio construir esse dilogo, mas sabendo que aquela obra tem um benefcio para o conjunto da sociedade ou, no caso de uma estrada, que ser importante para os dois estados, que sero ligados por ela e que vai trazer desenvolvimento e gerar emprego. Agora eu no posso simplesmente desalojar as pessoas ou passar a estrada no meio das casas sem construir alternativas. Isso absolutamente imprescindvel. E a entram os interesses individuais de cada ator e muitas vezes o emperramento do projeto... ARTUR: O que me parece que s vezes acontece ou falta de dilogo ou mesmo com o dilogo as pessoas acabam no querendo uma obra ou projeto sob argumentos absolutamente importantes do ponto de vista individual ou para um determinado nmero de pessoas daquela coletividade, sem levar em considerao outras opinies ou outros interesses de um conjunto s vezes muito maior do que aquele que est sendo debatido. Por exemplo, s vezes acontece no pas, quando determinadas organizaes, Tribunal de Contas, Ministrio Pblico ou mesmo algumas das organizaes que a gente est falando aqui entram com aes judiciais para impedir a realizao de uma obra sob o argumento que essa obra tem impactos ambientais. Vrios argumentos, inclusive que podem ser bastante importantes e fundamentados, mas por outro lado o atraso numa determinada obra vai fazer com que o Pas tenha que suprir a demanda por aquilo que aquela obra iria produzir, adotando outra forma de produo de energia com muito mais impacto ambiental, e as pessoas no falam. Concretamente ou no fazemos nada e alguns at prope o decrescimento por causa do aquecimento global e dizem: vamos deixar tudo do jeito que est. Sim, com pessoas que tem 3 iates parados na porta de casa, 12 aptos, 15 carros, 55 imveis enquanto 1 bilho de pessoas no mundo esto passando fome. essa situao que queremos deixar do jeito que est? Eu no quero. Agora ns no podemos fazer com que esse 1 bilho que est passando fome passe a ser um consumidor com o mesmo padro de consumo que nos temos, por exemplo, em alguns pases da Europa e dos Estados Unidos. Isso para mim o grande desafio. a mudana do modo de produo e do modo de consumo. Exemplo maior a questo do automvel: ao invs da gente investir no setor de transporte pblico. usar estrada e caminho e gastar leo diesel quando voc tem trem e transporte martimo muito mais barato e menos impactante. isso que eu chamo de planejamento de longo prazo. Agora, vai ter impacto de qualquer jeito. E o Brasil ainda descobriu o pr/sal, mas vai gerar outros impactos ambientais. ARTUR: Ns no podemos por conta da descoberta do pr/sal manchar e estragar a nossa matriz energtica. Temos que lutar para que parte dos recursos do pr/sal, principalmente do fundo soberano, sejam aplicados para produzir mais cincias, mais tecnologias, mais pesquisas, diminuindo os custos da energia solar, da elica, da biomassa e de outros elementos e que tem um amplo campo de crescimento no Brasil. A nossa matriz deve ser cada vez mais diversificada para que voc tenha menos necessidade / zero se possvel / de termoeltrica a carvo ou leo diesel e reduzindo a necessidade de energia hidreltrica de grande porte, no sentido de evitar o que aconteceu neste pas com o apago de 2001, uma clara demonstrao da irresponsabilidade do Fernando Henrique e do PSBD com a falta de planejamento e toda a populao sofreu. Empresas demitiram, tiveram que ser fechadas por conta de uma necessidade inadivel de energia eltrica que no tinha. Eu no quero viver isso no Brasil de novo. Portanto, s o planejamento far com que a poltica energtica brasileira possa continuar garantindo diversidade da sua matriz energtica, para atender com eficincia a toda a populao brasileira. * Fonte: CUT
 
 
 
 
 
 
 
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