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Metalúrgicos do RS promovem I Encontro Estadual de Cipeiros
“Saúde é um direito e não mercadoria” Pela primeira vez, os metalúrgicos do Rio Grande do Sul pro
28/04/2010


Sade um direito e no mercadoria Pela primeira vez, os metalrgicos do Rio Grande do Sul promoveram um encontro estadual de cipeiros. Coordenada pela Secretaria de Sade da Federao dos Metalrgicos, a atividade ocorreu no sbado, 24 de abril, e surpreendeu a todos pelo nmero de participantes: 60 cipeiros, representando indstrias metalrgicas de diferentes regies do Estado. Para o secretrio da Confederao Nacional dos Metalrgicos (CNM/CUT), Edson Rocha, a ampliao do nmero de participantes interessados em debater o tema da sade no restrito ao Rio Grande do Sul: Em todos os estados percebemos que os trabalhadores querem debater esse tema por no suportar mais as condies de trabalho, o aumento da presso, o adoecimento e o descaso dos empregadores, afirmou. AMPLIAR A ORGANIZAO NO LOCAL DE TRABALHO O encontro iniciou com um painel coordenado pelo mdico do Trabalho, Dr. Rogrio Dorneles, com o ttulo Sade do Trabalhador e Organizao no Local de Trabalho. Aps ouvir vrias questes colocadas pelos cipeiros, ele foi enftico: A melhor forma de enfrentarmos os problemas relacionados com a sade do trabalhador ampliar a nossa organizao no local de trabalho. Por isso, a CIPA fundamental. Na palestra, foram apresentados dados alarmantes sobre os acidentes de trabalho. Segundo a OIT (Organizao Mundial do Trabalho), no ano de 2009 ocorreram aproximadamente 270 milhes de acidentes de trabalho no mundo. No Brasil, a cada ano a quantidade de acidentes de trabalho aumenta. Falta bem pouco para atingirmos um milho de acidentes/ano e isso indigno para qualquer pas, afirmou o Dr. Rogrio Dorneles. Sabemos que todo empregador visa a obteno e elevao do lucro, por isso sempre quer pagar salrios menores e utilizar o mximo possvel da fora de trabalho disponvel. Infelizmente, ele no se preocupa com a sade dos seus empregados. Isto fato. A sade uma preocupao do prprio trabalhador e de suas organizaes sindicais, concluiu. LEGISLAO TEM DE SER CUMPRIDA No segundo painel, foram abordados aspectos relacionados com a legislao vigente. Para o advogado Joo Lucas de Mattos, especialista em Direito Previdencirio, existem falhas na nossa legislao que impedem avanos nos direitos, apesar de a legislao brasileira ser considerada como uma das mais avanadas. O nosso problema que temos que realizar uma luta constante para fazer com que se cumpra essa legislao existente. O desrespeito por parte da classe patronal algo espantoso no nosso pas. Temos que reverter essa realidade, as leis precisam ser observadas, afirmou. EXPERINCIAS QUE ENRIQUECEM A LUTA No terceiro painel, Edson Rocha (CNM/CUT), Antonio Munari (STIMMME Canoas) e Alfredo Gonalves (STIMMME Porto Alegre), atual secretrio de Sade da Federao dos Metalrgicos, apresentaram suas experincias enquanto dirigentes sindicais da rea de Sade do Trabalho. Munari relatou inmeros casos de desrespeito e desumanidade nos locais de trabalho, entre eles o caso sofrido por ele prprio h mais de 10 anos atrs. Devido militncia dentro da fbrica, por mais segurana, preveno e melhores condies de trabalho, foi perseguido e alvo de humilhaes. Mediante a elaborao de um dossi, esse caso de assdio moral foi parar na sede da OIT, em Genebra, que cobrou explicaes das responsavelidades brasileiras. A empresa que eu trabalho teve de se adequar legislao e investiu pesado na segurana e na preveno. Ela deixou de ser uma indstria de mutilados para ser hoje uma instituio que ainda gera doentes e acidentados, porm em muito menor nmero e gravidade, ressaltou. Gonalves, por sua vez, destacou os seus enfrentamentos com os agentes pblicos, especialmente os servidores da rea da percia do INSS. Para ele, um dos grandes problemas atuais a estrutura do Estado, representada por peritos do INSS. Na maioria dos casos, esto l para sonegar direitos. Se no houver uma mudana de postura dos profissionais do INSS, os nossos avanos sero limitados, pois a regra e a orientao negar que o trabalhador est enfrentando problemas de sade. Eu vejo todos os dias trabalhadores doentes e, no momento em que eles mais precisam de assistncia, so abandonados pelo Estado, concluiu. Rocha enfatizou a necessidade de se fazer um trabalho conjunto entre o sindicato e a Cipa. A unio de foras entre a CIPA e o Sindicato nos torna mais fortes. O Nexo Tcnico Epidemiolgico (NTEP) deve ser uma das nossas lutas mais prioritrias, pois essa nova legislao vincula certas ocupaes e setores de trabalho com determinadas doenas profissionais. A CNI, ou seja, o empresariado nacional da indstria, entrou com uma ao direta de inconstitucionalidade contra o NTEP. Na semana passada, a Confederao Nacional do Comrcio, entrou com a mesma ao contra o FAP e o SAT, que so dois outros instrumentos criados para punir as empresas que descuidam da sade de seus empregados. Se esses dispositivos carem, a nossa situao vai piorar muito nos locais de trabalho, alertou. O PRIMEIRO DE MUITOS ENCONTROS Uma cipeira da regio metropolitana destacou que esse encontro foi muito proveitoso. Agora temos mais claro o que devemos fazer, afirmou. Outro cipeiro / do interior do Estado / avaliou que devemos reforar mais o nosso trabalho nos locais afastados dos centros. L, no interior, os empresrios acham que so donos do mundo. muito difcil enfrent/los. Encontros como este esclarecem a gente e fazem com que pensemos aes de forma mais conjunta, disse. O encontro foi encerrado com uma confraternizao e com a cobrana dos participantes para que a Federao e os sindicatos metalrgicos realizem mais encontros sobre a sade durante o ano. Esse encontro deve ser o primeiro de muitos, pois essa luta muito importante. Foi com essas palavras que Milton Virio, presidente da Federao dos Metalrgicos, encerrou o encontro. * Fonte: Joo Marcelo Pereira dos Santos, educador do CAMP Centro de Assessoria Multiprofissional
 
 
 
 
 
 
 
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