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Um ano de lutas, conquistas e enfrentamentos para os trabalhadores
2014 foi marcado por intensas mobilizações de diversas categorias profissionais
05/01/2015


2014 foi marcado por intensas mobilizações de diversas categorias profissionais


Do início ao fim, 2014 foi marcado por intensas mobilizações de diversas categorias profissionais. Articulados muitas vezes por fora de estruturas sindicais, os trabalhadores deram inúmeras demonstrações de força ao longo do ano, seja na conquista de melhores salários, seja na luta contra retrocessos.

O ano começou turbulento em Porto Alegre, que assistiu a maior greve dos rodoviários de sua história: 15 dias de pura mobilização, sendo que durante 13 deles nenhum ônibus circulou na cidade.

Iniciada no dia 27 de janeiro, a greve respeitou a decisão judicial de manter 30% da frota circulando. Contudo, no dia seguinte a prefeitura ingressou com um pedido que inviabilizaria o movimento: que 70% da frota fosse posta em circulação nos horários de pico. Diante do atendimento da solicitação pela Justiça, os trabalhadores decidiram, em represália, reter 100% dos coletivos nas garagens – numa demonstração de força que até então não tinha sido vista na categoria.

A greve dos rodoviários ocorreu à revelia do sindicato da categoria. Controlada pela Força Sindical, a organização nunca desejou o movimento, mas acabou sendo patrolada por uma massa de milhares de trabalhadores em assembleias lotadas. A mobilização marcou também um período de união entre os rodoviários e o Bloco de Luta pelo Transporte Público, que realizou diversas marchas em apoio à categoria. O movimento acabou se encerrando na noite do dia 10 de fevereiro, quando os rodoviários decidiram deixar para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) o julgamento do dissídio.

No dia 17 de fevereiro, o TRT acabou arbitrando um reajuste de 7,5% para a categoria. O índice acabou surpreendendo os empresários do setor, que esperavam que o tribunal concedesse apenas a reposição da inflação, avaliada em 5,2%. A decisão ficou abaixo do que o percentual exigido pelos trabalhadores, que pediam um aumento de 14%.

A greve dos rodoviários deixou claro que havia uma grande insatisfação da categoria com o comando sindical. Contudo, isso acabou não se refletindo na eleição para a direção da entidade, que consagrou uma chapa vinculada à antiga direção. Isso porque o contingente de trabalhadores aptos a votar foi bastante reduzido. Além disso, houve uma divisão entre as principais lideranças da greve, que optaram por lançar duas chapas separadas – somando o voto de ambas, a oposição poderia ter vencido a disputa.

No Rio e em São Paulo, garis e metroviários param a cidade

No dia 1 de março de 2014, outra greve municipal acabou tomando proporções nacionais. Em pleno Carnaval, os trabalhadores cruzaram os braços e se rebelaram contra a prefeitura – e até mesmo contra o próprio sindicato. Após oito dias de mobilizações, os garis conquistaram 37% de aumento, garantindo um salário de R$ 1,1 mil.

Em junho foi a vez de os trabalhadores do metrô e dos trens de São Paulo entrarem em greve. O movimento enfrentou uma dura repressão do governo estadual, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano demitiu 42 trabalhadores e utilizou a Polícia Militar para sufocar as manifestações. Ao final, a categoria obteve 8,7% de reajuste, através de uma decisão da Justiça do Trabalho.

Junho também foi mês de luta em Porto Alegre. No início do mês, os servidores municipários deflagraram uma greve que ameaçou chegar às portas da Copa do Mundo, realizada em julho. Após 12 dias de mobilização e marchas com milhares de trabalhadores nas ruas, o movimento acabou sendo encerrado, resultando num reajuste de 6,28% para a categoria.

Eleição no CPERS

O ano de 2014 também ficou marcado pela eleição realizada no maior sindicato do Rio Grande do Sul: o CPERS, que congrega os professores da rede pública estadual. O resultado da disputa tirou do poder o grupo que comandava a entidade há duas gestões e consagrou como vitoriosa a chapa de Helenir Oliveira.

Filiada ao PT, Helenir representa uma alternativa tida como mais moderada no CPERS. Crítica das greves promovidas pela gestão de Rejane de Oliveira – que também é filiada ao PT, mas comandava o sindicato em aliança com PSOL e PSTU –, ela se elegeu com um discurso de promoção do diálogo com o Palácio Piratini.

A chapa de Helenir recebeu 38,3% dos votos válidos (cerca de 13 mil). A chapa da ex-presidente Rejane ficou em segundo lugar, com 35% dos votos. O grupo político da antiga gestão acabou recebendo mais apoio do que a chapa vencedora, mas perdeu o comando do sindicato por ter se divido. Neida Oliveira, que integrava a gestão de Rejane, lançou uma chapa própria, que obteve 22% dos votos.

A pauta de reivindicações da nova direção do CPERS segue centrada no pagamento do piso à categoria – nos termos escritos na lei e determinados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O que se modifica são as táticas. Enquanto a gestão anterior apostava na pressão permanente sobre o governo, com outdoors e greves, o comando atual aposta no diálogo e na busca por mecanismos federais de financiamentos.

Durante as eleições, Helenir optou por organizar encontros individuais da direção do CPERS com cada candidato ao Palácio Piratini, ao invés do tradicional debate com todos juntos. Na ocasião, José Ivo Sartori (PMDB) foi o único que se negou a assinar a carta de compromissos da entidade, na qual constava a promessa de pagamento do piso do magistério.

Salário mínimo regional

O apagar das luzes de 2014 continuou reservando surpresas e exigindo que os trabalhadores permanecessem em estado de alerta.
Derrotado nas urnas, o governador Tarso Genro (PT) resolveu atender integralmente ao pedido de reajuste do salário mínimo regional feito pelas centrais sindicais e enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei determinando 16% de aumento.

Aprovado por unanimidade no Parlamento, o índice revoltou os empresários gaúchos. O patronato no Rio Grande do Sul sempre foi contrário à existência do piso regional, argumentando que ele retira competitividade da economia local. Com o reajuste de 16%, os empresários se sentiram afrontados, já que defendiam apenas a reposição pela inflação – além de insistirem no debate político e ideológico em torno da extinção do mínimo.

O desfecho desta disputa acabou sendo, até o momento, favorável ao patronato: a Justiça atendeu ao pedido dos empresários e concedeu uma liminar que revogou o reajuste dado ao salário mínimo regional. Com isso, o ano de 2015 inicia com reajustes de mais de 30% e 60% a deputados estaduais, secretários, governador e vice e nenhum aumento aos trabalhadores que dependem do salário mínimo. Como as centrais sindicais irão ingressar com recurso contra a decisão, o assunto ainda deverá ser debatido no próximo ano.

Longa campanha salarial dos Metalúrgicos

Em 2014, a categoria metalúrgica da região teve uma das campanhas salariais mais longas de sua história, variando de quatro a quase seis meses, caso da base de Canoas e Nova Santa Rita.

As campanhas salariais foram realizadas em meio à Copa do Mundo, campanha eleitoral do país, tentativas de divisão na base do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e a eleição que renovou a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas.

Articulados, os patrões apostaram na desmobilização da categoria. Respaldados pelos trabalhadores/as das grandes fábricas, os sindicatos da região conseguiram romper com a resistência patronal, fechando acordos com recuperação das perdas (5,82%) e aumentos reais entre 1% e 2%.

 

 

 

Fonte: Sul 21 e informações adicionais do Stimepa

 
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