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Não caia no golpismo Apregoar o uso de pedalada fiscal como crime de responsabilidade para derrubar Dilma é golpismo puro! 28/03/2016 A grande mídia – especialmente a Rede Globo e suas empresas associadas – dedicou nos últimos dias muitas horas de seu jornalismo para confundir e enganar a opinião pública. Objetivo: desconstruir o discurso de golpe daqueles que se opõem ao impeachment. Adotando a máxima do ministro da propaganda nazista, Paul Joseph Goebbels, de que uma mentira repetida muitas vezes acaba tornando-se verdade, a Rede Goebbels, ou melhor, a Rede Globo colocou ministros do STF e outros juristas em todos os telejornais, durante vários dias, para bater na tecla de que golpismo não há porque o impeachment está previsto na Constituição. E colocou também na tela os golpistas, que espertamente usaram o discurso dos antigolpistas de que “não vai ter golpe”, para vender a ideia de que Dilma não seria derrubada por “golpe” porque o impeachment seria feito por meio de um instituto legal. O que a mídia ardilosamente esconde é que o golpe não reside na desconsideração da Constituição e de que o impeachment é um instituto legal previsto nesta Carta Magna. Reside, na verdade, na forma pela qual todo o processo está sendo feito, sem que estejam presentes os requisitos para o impeachment ser aplicado, entre os quais o principal, que é o crime de responsabilidade. Dilma não roubou, não praticou nem mandou praticar atos de corrupção, não mentiu, não escondeu dinheiro no exterior, enfim, não cometeu nenhum crime, mas setores ligados à elite inventaram que ela teria praticado “crime de responsabilidade” ao utilizar uma prática contábil que todos os seus antecessores usaram e que milhares de prefeitos e muitos governadores usam, que é buscar recursos emprestados para honrar compromissos, decisão que teria trazido desequilíbrio fiscal ao país. Dilma nada mais fez do que pegar empréstimos em bancos estatais por alguns dias para pagar a manutenção de programas sociais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Pronatec etc. Se não tivesse feito estas manobras fiscais até então consideradas normais, apelidadas de “pedaladas fiscais”, o governo teria deixado desassistida boa parte da população brasileira, exatamente a parcela mais pobre. Notem que, em nenhum momento, os golpistas levaram em conta que o desequilíbrio fiscal possa ter sido originado por meio da crise econômica mundial, que iniciou em 2009 nos países ricos e chegou ao Brasil cinco anos depois, em 2014, afetando a economia nacional. Em nenhum momento levaram em conta que essa crise foi agravada pela Operação Lava Jato, que gerou paralisação de empreiteiras e estagnação em obras e investimentos na maior empresa brasileira, a Petrobras, esta sim, achacada por boa parte dos políticos que querem derrubar Dilma. Por fim, por ironia do destino, os golpistas destinaram a um dos políticos mais corruptos e mentirosos da Câmara Federal, o presidente Eduardo Cunha, a tarefa de aceitar e encaminhar o pedido de impeachment, e buscaram o apoio da grande mídia pra ela fazer o outro serviço sujo: fazer a cabeça da população, usando o método do propagandista nazista Goebbels: mentir, mentir, mentir... até que esta mentira vire verdade na mente da população. Golpismo puro! Por: Geraldo Muzykant, jornalista
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