Mulheres trabalham cinco horas semanais a mais do que os homens, de acordo com estudo da Organização
Mulheres trabalham cinco horas semanais a mais do que os homens, aponta estudo da OIT
As mulheres têm uma jornada total semanal de 57,1 horas, sendo 34,8 horas de trabalho remunerado e mais 20,9 horas dedicadas a atividades domésticas, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado na quinta-feira (4).
Já os homens têm uma jornada total de 52,3 horas semanais, composta por 42,7 horas de trabalho remunerado e 9,2 horas de atividades domésticas.
A diretora do escritório da OIT em Brasília, Laís Abramo, explicou que a entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma reorganização das tarefas domésticas entre homens e mulheres.
“Culturalmente, ainda se atribui às mulheres o cuidado quase exclusivo com a casa e a família. Aqui existe uma questão complexa, que passa pela redefinição das relações entre homens e mulheres, para uma parceria muito mais equilibrada dentro das famílias”, afirmou.
Outro dado relevante da pesquisa mostra que uma parte significativa das mulheres ainda trabalha como empregada doméstica. Das 42,5 milhões de mulheres que fazem parte da população economicamente ativa, 6,2 milhões são negras, representando 15,8% do total da ocupação feminina.
A maioria das trabalhadoras domésticas no país é negra: cerca de 20% das mulheres negras ocupadas trabalham como empregadas domésticas, e apenas 24% delas têm carteira assinada.
Para Laís Abramo, a desvalorização do trabalho doméstico está ligada à desvalorização das funções de cuidado na sociedade — embora este seja um trabalho que também exige qualificação.
“As trabalhadoras domésticas são como quaisquer outras trabalhadoras: têm direito à regulamentação do seu trabalho, à proteção social, à licença-maternidade. O problema é que ainda existe uma grande porcentagem delas sem contrato formal”, destacou.
O subsecretário de Ações Afirmativas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Martius Chagas, reforçou que o empregador precisa ter consciência de que um trabalhador doméstico com direitos assegurados tende a ser mais produtivo.
“É um processo cultural que estamos avançando no Brasil. Por mais que ainda haja precarização do trabalho doméstico, com as trabalhadoras na base da pirâmide, acredito que isso está mudando. Também devemos considerar a capacitação, reorganização e qualificação desse trabalho”, concluiu Chagas.
Fonte: Agência Brasil