CUT realiza Encontro Nacional dos Secretários de Organização

Na manhã da quarta-feira (25), o secretário de Organização e Política Sindical da CUT, Jacy Afonso, apresentou a proposta de levar representantes do Ministério Público e do Judiciário aos estados para que conheçam a situação e dialoguem com os trabalhadores.

A medida anunciada durante o segundo dia do Encontro Nacional dos Secretários de Organização da CUT, em São Paulo, tem como objetivo coibir a interferência do poder público nos sindicatos, ação que fere o princípio da liberdade e autonomia sindical.

Durante a mesa que discutiu a regularização do registro sindical no MTE e apresentou informações sobre o funcionamento dos sistemas Mediador e HomologNet, outros participantens do evento também trataram do assunto.

Critérios caóticos

Secretária de Relações do Trabalho do MTE, Zilmara Alencar, iniciou sua participação falando sobre a dificuldade de atuação do órgão em relação aos registros sindicais. “Muitas entidades procuram o ministério para resolver problemas de representatividade e não de representação. Porém, a nós cabe a competência do zelo pela unicidade sindical, sem fazer nenhum tipo de intervenção na negociação. No Brasil, a organização se dá por categoria e é resolvida de forma caótica porque temos padrões para registro que não são objetivos e dificultam a proteção da unicidade.”

Ele exemplificou com o caso de uma entidade que deseja representar a indústria do conhecimento, mas, na verdade queria criar um sindicato para representar os professores, mesmo com a existência de outro já atuante na área.

Intervenção

Durante a participação do público, o secretário de Organização da CUT Pará, Antônio Carlos, colocou a interferência do ministério e do judiciário em pauta novamente ao citar um caso na região norte do país. “A central tem posição clara contra imposto sindical e defende que os trabalhadores possam se manifestar contra. Porém, em Belém do Pará, a procuradora Marici Coelho Pereira chamou a direção do Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Estado do Pará) e disse que aplicaria uma multa de R$ 50 mil por dia se não assinasse uma TAC (Termo de Ajuste e Conduta) com determinação de que o imposto sindical valeria apenas para os sindicalizados”, comentou.

Zilmara respondeu que o exemplo apresentado se referia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e informou que uma reunião entre as centrais e o MPT resultou em diversas orientações por parte do órgão, uma delas informando que a contribuição pode ser cobrada de filiados ou não, desde que seja respeitado o direito da oposição. A medida atendeu a diversas denúncias das centrais à OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre a postura intervencionista que inclui também o interdito proibitório utilizado para impedir os trabalhadores de se aproximarem das empresas em que atuam para conversar com os companheiros.

Atendendo à solicitação de Jacy, ela endossou a necessidade de organizar encontros entre trabalhadores, Judiciário e Ministério do Trabalho nos estados, começando pelo Pará

Mediador – A secretária destacou que o sistema Mediador define o território de atuação das entidades sindicais para evitar atuem em bases referente a outras. Entre os dados que apresentou, ela valorizou que no Brasil há mais acordos coletivos do que convenções e essas negociações tem avançado em pontos como manutenção do emprego e cláusulas sociais.

Por outros lado, destacou, poucos acordos preveem organização no local de trabalho, o acesso dos trabalhadores às informações da empresa e cláusulas de temáticas de gênero. “Gostaríamos de ver em 2010 um maior números de itens que tratem desses temas. A democratização das relações de trabalho passa por um sindicato forte e atuante na busca por um trabalho decente”, afirmou.

HomologaNet – Admilson Moreira, assessor da secretaria de Relações de Trabalho, explicou como funciona o sistema que trata da rescisão de contrato. Ele disse que o programa serve para facilitar e uniformizar o procedimento de cálculo, integrando ainda a liberação do seguro-desemprego e do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), mas sem substituir a presença das partes. “Vamos perguntar ao trabalho sobre os dados informados pelo empregador, a assistência continuará”, comentou, acrescentando que o emprego também poderá consultar o processo de rescisão na internet.  

Planejar para organizar – Para Jacy Afonso, a portaria 86 do MTE, que alterou de vinculação para filiação a relação entre sindicatos, federações e confederações, acabando com o monopólio da representação, mudou a vida do movimento sindical e obriga a CUT a organizar e atualizar rapidamente o banco de dados com informações sobre registros e processos das entidades. “Com a legalização das centrais, a CUT passou a se porta voz dos problemas dos sindicatos e temos que nos qualificar para isso”, disse.

Compartilhar

Veja também

Dirigente do STIMEPA assume cargo no Conselho de Empresa Mundial da TKE

Diretora dos metalúrgicos da Grande Porto Alegre participou do encontro global da empresa, ocorrido na Alemanha, que elegeu nova composição do Conselho

STIMEPA quer compromisso dos candidatos e das candidatas nestas eleições com a política industrial e os trabalhadores metalúrgicos

Em uma ação solidária, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre entregou 100 kits de material escolar para crianças da Vila Farrapos. A iniciativa visa garantir o retorno digno às aulas para essas famílias, que enfrentam dificuldades com o auxílio insuficiente da Secretaria Municipal de Educação.

Pejotização irrestrita pode acabar com financiamento da casa própria pelo FGTS