Após audiência pública, surge luz no fim do túnel para barrar extinção da Ceitec

A audiência pública realizada no último dia 14 na Câmara dos Deputados, que questionou o absurdo processo de liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que felizmente se encontra suspenso pelo Tribunal de Contas da União 

 A audiência pública realizada no último dia 14 na Câmara dos Deputados, que questionou o absurdo processo de liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que felizmente se encontra suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU) desde setembro de 2021, começou a surtir efeito.

    “Liquidar, desmobilizar a fábrica, é um erro”, alertou o presidente da associação dos funcionários da Ceitec (Acceitec), Silvio Luís Santos Júnior, que defendeu a remoção da Ceitec do Programa Nacional de Desestatização. “Porque ela precisa ser pensada na retomada, não na liquidação. O estrago que já foi feito é reversível”, sustentou.

    O professor e ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Adão Villaverde, disse que “concluir a liquidação da Ceitec significa tirar o Brasil do seleto grupo de produção de semicondutores do ponto de vista mundial. É um equívoco”. Ele lembrou que “já foram mais de 162 milhões de produtos na área de microeletrônicos que já foram entregues pela Ceitec”.

Governo estuda rever a extinção da Ceitec

    O assunto foi discutido na terça-feira (26) no painel “A Falta de Semicondutores e Oportunidades“, realizado pela 74ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está acontecendo sob o tema “Ciência, independência e soberania nacional” até sábado (30), em Brasília.

    Durante o debate, o diretor do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Henrique de Oliveira Miguel, anunciou que a pasta está prestes a lançar o “Plano Brasil Semicondutores” e, por meio dele, o ministério pretende conversar com os técnicos do Ministério da Economia para rever a decisão de extinguir a Ceitec.

    Na realidade, a crise da falta de semicondutores pode levar governo Bolsonaro a rever a liquidação. Porém, não está sendo cogitada a reativação da fábrica localizada em Porto Alegre nos moldes como foi criada pelo governo Lula, em 2008, para fortalecer o desenvolvimento da indústria brasileira e competir com o mercado mundial.

Fábrica pode virar centro de capacitação de mão de obra

     A ideia que está sendo discutida pelo MCTI – que com a crise mundial ganhou fôlego para levar um novo modelo ao Ministério da Economia, que não passa pelo desmonte da fábrica – é transformá-la numa espécie de centro de treinamento e capacitação de mão de obra para futuras “foundries”.

     A intenção é de que poderiam ser atraídas para o Brasil com a revisão de programas de incentivos à produção de chips pelo governo, proposta debatida com o mercado e que é de interesse de diversos setores da iniciativa privada.

     O plano é fruto de negociações do MCTI com o grupo “Made in Brazil Integrado”, formado por entidades que representam diversas cadeias produtivas que dependem de chips para a produção de produtos no mercado brasileiro.

     Dentre essas entidades destaca-se a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Pelo ministério, as discussões passaram pelo grupo de trabalho (GT) Semicondutores.

    Henrique Miguel fez uma apresentação das metas do novo plano e como ele impactará a cadeia produtiva de semicondutores. Mas foi no debate entre os participantes que ele tornou mais clara a intenção do MCTI de reabrir as discussões com o Ministério da Economia sobre o fim da Ceitec.

     Cobrado pelos presentes sobre o fim da estatal do chip, Henrique Miguel mostrou claramente que, se depender do MCTI, a pasta tem novos planos para a fábrica.

Assista a um trecho da fala do diretor do MCTI

Processo suspenso no TCU

     Desde setembro de 2021, o TCU suspendeu o processo de extinção da Ceitec com um pedido de vistas do ministro Vital do Rego, que foi contundente na fatídica sessão, com críticas bem contundentes sobre o processo, que já tinha parecer favorável (pela extinção e venda de ativos) do ministro Walton Alencar.

     O prazo de vistas ao processo era de 60 dias, o que significa que a Corte de Contas vem segurando colocar de volta ao plenário a discussão da estatal do chip.

     Com a perspectiva de revisão do papel da Ceitec proposta pelo MCTI, existe a possibilidade de a empresa ser preservada para um futuro projeto de qualificação de mão de obra necessária para o Brasil atrair fabricantes internacionais em parceria com empresas locais.

     “Seguimos firmes e confiantes na resistência e na luta em defesa da Ceitec, que é, sim, uma empresa viável, estratégica, única na América Latina, e fundamental para o desenvolvimento da indústria nacional e o futuro do Brasil “, ressalta o funcionário da Ceitec e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, Edvaldo Muniz.

Compartilhar

Veja também

OIT alerta para surgimento de “geração perdida” de jovens sem emprego

Conheça os sortudos premiados do Confederativo do 2° semestre de 2011

O que você precisa saber sobre a correção monetária das contas do FGTS

No Rio Grande do Sul, a Central Única dos Trabalhadores e outras inúmeras entidades representativas ajuizaram ação civil pública com o objetivo de beneficiar os trabalhadores de todo o Estado.