Redução da jornada, combate ao assédio e valorização salarial foram os principais temas discutidos na mobilização
Nesta segunda-feira (16), os trabalhadores da metalúrgica Viemar participaram de três assembleias organizadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre, realizadas ao longo de todo o dia — manhã, tarde e noite — em frente à sede da empresa. A mobilização teve como foco central a Campanha Salarial de 2025, mas também abordou temas urgentes do cotidiano da fábrica, como redução de jornada, pressões sobre trabalhadores adoecidos, atrasos no pagamento da PLR e casos de assédio moral.

Redução de jornada sem corte de salários
Entre as principais reivindicações levadas à assembleia está o fim da escala 6×1, considerada exaustiva pelos trabalhadores, e a proposta de redução da jornada sem redução salarial.
“Nós estamos pedindo redução de jornada com a manutenção dos salários. O trabalhador merece tempo para viver com dignidade”, afirmou Marcelo Jurandir, diretor do Sindicato.

Adoecimento e cerceamento de direitos
Durante sua fala, Marcelo Nascimento, diretor sindical da região da empresa, denunciou a prática da Viemar de exigir validação dos atestados médicos pelos supervisores da fábrica. Segundo ele, trabalhadores adoecidos são impedidos de entrar na empresa enquanto seus atestados não são “autorizados” pela gerência. “Cadê o direito de ir e vir na Viemar?”, questionou Marcelo. Ele ressaltou que a prática viola o sigilo médico-paciente e contraria a NR1, que exige ambientes de trabalho seguros, inclusive do ponto de vista psicossocial.
Marcelo ainda lembrou que atitudes como essa podem e devem ser denunciadas. “É fundamental que os trabalhadores procurem o Sindicato. Nenhuma empresa tem o direito de tratar a saúde do trabalhador como mercadoria”, completou.

Demissões e assédio: caso de Rafael mobiliza categoria
A assembleia também abordou o caso do trabalhador Rafael Tavares, conhecido como Rafão, que foi demitido no dia 1º de abril. Segundo o Sindicato, Rafael foi vítima de assédio e calúnia dentro da empresa, sendo injustamente desligado. “O Rafão foi perseguido aqui dentro, mas ele tem um sindicato ao lado dele. E nenhum de vocês está sozinho”, afirmou Marcelo Nascimento, recebendo apoio dos presentes.

PLR emperrada e vigilância excessiva
Outra cobrança feita durante as assembleias foi demora do chamado da comissão de negociação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A empresa, segundo o Sindicato, ainda não convocou a comissão para debater o tema, impedindo o pagamento do benefício aos trabalhadores.
Célio Oliveira, diretor sindical e funcionário da Viemar, também criticou as pressões internas e o clima de vigilância constante. “A gente está sendo humilhado aqui dentro, com todos os tipos de assédio, até com câmeras nos vigiando. A gente não é bandido!”, denunciou Célio, chamando os colegas à unidade e à resistência coletiva.

Campanha Salarial em curso e alerta para retirada de direitos
Encerrando a assembleia, o presidente do Sindicato, Adriano Filippetto, reforçou a importância da mobilização frente à nova rodada de negociações com o sindicato patronal, marcada para os próximos dias. “De um lado estão os trabalhadores, lutando por reajuste, vale-refeição digno, jornada mais humana. Do outro, o sindicato patronal querendo cortar direitos. Por isso, precisamos estar juntos na luta”, alertou Filippetto.

As assembleias antecedem uma nova rodada das mesas de negociação com o sindicato patronal. A categoria segue mobilizada, na expectativa de que seja apresentada uma proposta digna e condizente com o que os trabalhadores merecem.


Luiza Alves – Comunicação STIMEPA