Setembro nos convida a refletir sobre a saúde mental e a importância do autocuidado. A cor amarela, que marca a campanha, pode simbolizar alegria e felicidade, mas também carrega um alerta: este é um tema sério e urgente. Saúde mental não pode ser lembrada apenas em setembro, nem tratada como algo passageiro. É um compromisso contínuo, que deve estar presente nas ações de gestores, empresas, sindicatos e também nas políticas públicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada oito pessoas no mundo vive com algum tipo de transtorno mental. Ansiedade e depressão representam quase 60% desses casos e tiveram aumento expressivo após a pandemia de covid-19. O Relatório Global de Saúde Mental (OMS, 2022) mostra que ambientes de trabalho saudáveis fazem toda a diferença: quando há apoio, segurança e condições decentes, melhora a saúde física e mental, diminui o absenteísmo, aumenta a produtividade e reduz os conflitos.
Isso revela que cuidar da saúde mental também exige mudanças estruturais. É preciso garantir tempo real de descanso — o que só será viável com a redução da jornada sem redução de salários. Além disso, trabalhadores precisam ter acesso a tratamento psicológico e medicamentoso pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que deve ser fortalecido e ampliado para acolher de fato quem precisa.
E dentro das empresas? Não basta promover palestras em setembro. É preciso valorizar a diversidade, combater o assédio e garantir ambientes inclusivos. Um estudo da American Psychological Association (2020) mostrou que pessoas que sofrem discriminação têm 60% mais chances de desenvolver ansiedade e depressão. A realidade também revela desigualdades profundas: pessoas negras têm 20% mais risco de enfrentar transtornos mentais por conta do racismo, enquanto dados do The Trevor Project (2019) indicam que 39% das pessoas LGBTQ nos EUA consideraram seriamente o suicídio no último ano — índice que sobe para 54% entre pessoas trans e não-binárias.
Esses números evidenciam que saúde mental não é apenas uma questão individual, mas coletiva e social. Setembro Amarelo é um lembrete, mas a luta por dignidade, acolhimento e políticas efetivas de cuidado deve durar o ano inteiro. Este ano, o Sindicato dos Metalúrgicos deu um passo importante nessa luta ao oferecer atendimento psicológico para associados e dependentes. Porque somos metalúrgicos, mas não somos de ferro.