Representantes do movimento sindical, governo e especialistas debateram os rumos da política industrial brasileira e defenderam contrapartidas que valorizem os trabalhadores
Na tarde da última terça-feira (08), a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) realizou o Seminário Nova Indústria Brasil, com o objetivo de aprofundar o debate sobre a nova política industrial do país e seus efeitos entre os trabalhadores. O evento que aconteceu de forma híbrida, contou com a participação de representantes do governo federal, do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), dirigentes sindicais e trabalhadores de diversos segmentos da categoria. Além disso, a atividade evidenciou a necessidade de garantir que os investimentos públicos sejam acompanhados de contrapartidas que valorizem o trabalho decente. “Fazia muito tempo que não se tinha uma política industrial no país”, destacou Loricardo de Oliveira, presidente da CNM/CUT.

O seminário contou com a presença do Secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, que também coordena o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Ele apresentou a reformulação das metas da Nova Indústria Brasil (NIB). A proposta envolve 24 cadeias produtivas, cada uma com seu Grupo de Trabalho (GT), e assegura a participação de trabalhadores em todas as reuniões. “As políticas industriais precisam contemplar os interesses da classe trabalhadora”, afirmou Moreira, reforçando o compromisso do governo com uma reindustrialização que inclua os trabalhadores na construção das soluções.
Desafios e alertas do movimento sindical
Já a diretora técnica do DIEESE, Adriana Marcolino, apresentou uma análise dos desafios para o movimento sindical diante do cenário atual. Segundo ela, o Brasil enfrenta uma grave desindustrialização, aprofundada nas últimas décadas, o que aumentou a dependência internacional e reduziu a autonomia do país.
Ela destacou que, apesar da indústria representar 26% do PIB e 20% do emprego formal, ainda há entraves sérios ao seu crescimento. “A indústria cresceu mais de 3% de 2023 para 2024, mas as altas taxas de juros desestimulam o consumo e, consequentemente, a produção industrial”, explicou.

Foto: Luiza Alves
Análise dos segmentos metalúrgicos
Adriano Filippetto, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre e diretor da CNM/CUT, apresentou um panorama construído em encontros com coordenadores e coordenadoras de segmentos metalúrgicos. Segundo ele, a Nova Indústria Brasil é uma política pública essencial para o fortalecimento da cadeia produtiva e a geração de trabalho digno, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Foto: Luiza Alves
O papel dos sindicatos no fortalecimento da indústria
A CNM/CUT defendeu que o fortalecimento da indústria nacional não pode ser encarado apenas como uma política econômica, mas também como uma política social e de valorização do trabalho. O seminário reforçou que os sindicatos devem estar integrados ao debate sobre os rumos da indústria brasileira, influenciando as decisões que afetam diretamente os trabalhadores e trabalhadoras da categoria.
Luiza Alves – Comunicação STIMEPA