O Brasil enfrenta um aumento significativo nos casos de burnout, uma síndrome ocupacional resultante de estresse crônico no trabalho, caracterizada por exaustão, negatividade em relação ao trabalho e piora no desempenho. Reportagem publicada pela BBC Brasil, nesta quarta-feira (14/08), apura que, em 2023, ocorreram 421 afastamentos por burnout. O número é o maior dos últimos dez anos, refletindo um aumento de 136% em relação a 2019.

De acordo com a apuração, entre as causas para o aumento no número de diagnósticos está o maior reconhecimento da síndrome pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O aumento das pressões no ambiente de trabalho também é apontado como um dos fatores para o registro de mais casos de burnout no país, além da dificuldade em distinguir as diferenças entre burnout e outros transtornos mentais relacionados ao trabalho.

Estima-se que 40% dos trabalhadores economicamente ativos no Brasil sofram de burnout, embora muitos casos permaneçam não diagnosticados. As estatísticas oficiais, fornecidas pelo Ministério da Previdência Social, consideram apenas os afastamentos superiores a 15 dias, o que pode subestimar a real dimensão do problema. Além disso, a legislação exige que os médicos provem a relação entre o trabalho e o esgotamento para que o diagnóstico de burnout seja reconhecido, o que pode complicar ainda mais o registro de casos.

Sintomas da Síndrome de Burnout
Os sintomas da Síndrome de Burnout incluem exaustão física e emocional extrema, falta de energia, desmotivação e uma sensação constante de sobrecarga. As pessoas afetadas também podem experimentar sentimentos de cinismo ou desapego em relação ao trabalho, perda de produtividade, dificuldade de concentração, irritabilidade, insônia, dores de cabeça e problemas gastrointestinais. Em casos mais graves, o burnout pode levar à depressão e a outros problemas de saúde mental.

Sindicatos dos trabalhadores atuam na retaguarda
Os Sindicatos de trabalhadores desempenham um papel crucial na minimização da incidência de burnout e no apoio aos trabalhadores afetados. Entre algumas ações que os sindicatos podem realizar para proteger e amparar os trabalhadores estão:

• Negociação de Condições de Trabalho: O sindicato pode negociar com empregadores a fim de estabelecer condições de trabalho mais saudáveis. Isso inclui a definição de limites claros para horas extras, a promoção de pausas regulares e o incentivo a políticas de bem-estar no local de trabalho. A implementação de programas de flexibilidade no horário de trabalho e de equilíbrio entre vida pessoal e profissional também pode ser negociada para reduzir o estresse entre os trabalhadores.
• Sensibilização e Educação: O sindicato pode promover campanhas de conscientização sobre o burnout, educando os trabalhadores sobre os sinais e sintomas da síndrome. Ao aumentar o conhecimento sobre o burnout, os trabalhadores podem identificar precocemente os sinais de esgotamento e buscar ajuda antes que o problema se agrave.
• Apoio Jurídico e Psicossocial: O sindicato pode oferecer apoio jurídico aos trabalhadores afetados por burnout, garantindo que seus direitos sejam respeitados e que eles recebam o tratamento adequado. Além disso, o sindicato pode facilitar o acesso a serviços de apoio psicossocial, como aconselhamento psicológico e grupos de apoio, para ajudar os trabalhadores a se recuperarem do esgotamento.
• Advocacia por Políticas Públicas: O sindicato pode atuar como um defensor ativo por mudanças nas políticas públicas que protejam os trabalhadores de ambientes de trabalho prejudiciais. Isso inclui a luta por regulamentações mais rigorosas que limitem o estresse ocupacional e promovam a saúde mental no local de trabalho.
• Monitoramento e Pesquisa: O sindicato pode realizar pesquisas periódicas para monitorar o nível de estresse entre os trabalhadores e a incidência de burnout. Com base nesses dados, o sindicato pode identificar setores ou áreas específicas que necessitam de intervenções mais urgentes e personalizadas.

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