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ABC: Demissões mostram quem pagará a conta
13 mil trabalhadores aprovam greve contra demissões na Volks; Mercedes também demitiu
07/01/2015




Os 13 mil trabalhadores da Volkswagen no ABC paulista decidiram em assembleia nesta terça-feira (6) iniciar uma greve por tempo indeterminado para protestar contra a demissão em massa de 800 trabalhadores.

Todos os demitidos foram avisados, por meio de cartas, no dia 31 de dezembro, que não deveriam retornar ao trabalho após as férias. O número de demitidos pode, ainda, aumentar, pois a Volks anunciou que existem 2100 trabalhadores excedentes na fábrica do ABC.

“Esses 800 são, segundo a empresa, uma etapa inicial para lidar com o número de trabalhadores a mais do que o necessário para a produção do momento. Em assembleia, decidimos decretar a greve para reiniciar um processo de negociação com o Sindicato, para criar uma outra forma de lidar com a crise no setor automobilístico”, afirma Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do SMABC. “Hoje, a paralisação teve adesão total”.

Segundo o secretário-geral do SMABC, o trabalhador precisa ser respeitado e considerado em suas necessidades fundamentais, motivo pelo qual os acordos devem sempre ser levados em consideração. O acordo coletivo de 2012, que impede demissão sem diálogo com sindicatos e garante a estabilidade até 2016, foi rompido.

“É preciso pensar coletivamente formas de proteção ao emprego no Brasil”, destaca Wagnão.

Segundo Wagnão, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, para saber o ponto de vista dos trabalhadores e se colocou à disposição para ajudar nas negociações. “Nesta terça o ministro Manoel Dias ofereceu seu apoio e Rafael pediu que ligasse para a Volks de forma a mediar um diálogo que leve em conta a situação dos trabalhadores”, destaca.

Mercedes

Nesta segunda-feira (5), cerca de 4 mil trabalhadores da Mercedes, em São Bernardo, protestaram contra a demissão de 244 companheiros ocorrida após o descumprimento – por parte da empresa – da cláusula do acordo que garante a renovação do lay off até 30 de abril.

Segundo Wagner Santana, a assembleia da categoria decidiu uma mobilização geral e, a partir desta quarta-feira (7), a fábrica paralisará por 24 horas como sinal de descontentamento com as dispensas atribuídas a "baixa performance".

Crise na Indústria

Segundo o informe “Economia em Foco” nº 27, do Dieese, publicado em dezembro, o setor automobilístico está em queda, como consequência da má conjuntura global aliada a medidas internas como a elevação de juros - o que dificulta o consumo interno. O documento afirma que “há um movimento de queda no número de horas pagas, na folha de pagamento real e na ocupação em si que, apesar de verificado desde meados de 2013, teve grande impulso a partir de março/abril de 2014. Na comparação com o ano anterior, 2014 indica queda de 0,2% na folha de pagamento real, 2,9% no pessoal ocupado assalariado e 3,4% no número de horas pagas”.

Com a Europa envolvida em um ajuste econômico ortodoxo, os Estados Unidos em recuperação lenta e as perspectivas de crescimento modestas da Ásia (especialmente da China), o setor externo não é favorável à economia brasileira nos próximos anos, segundo o documento. A indústria de transformação automobilística, com estoques e vendas em queda, reduziu sua produção e arrastou outras atividades correlatas, o que impacta no mercado de trabalho do setor, a exemplo da Mercedes e da Volks.

 

 

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

 
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