Metalúrgicos se destacam na marcha do Dia Nacional de Mobilização em Brasília

Cerca de 15 mil manifestantes da CUT ocupam Brasília para reivindicar 10% do PIB para a Educação e avanços nos direitos sociais e trabalhistas
Cerca de 15 mil manifestantes vindos de todas as regiões do país – entre os quais centenas de metalúrgicos que se encarregaram de conduzir bandeiras, faixas e balões da CUT e se destacaram na grande marcha rumo ao Congresso Nacional, em Brasília – reivindicaram nesta quarta-feira, 5 de setembro, investimentos na Educação e avanços nos direitos sociais e trabalhistas.

O vermelho da marcha do Dia Nacional de Mobilização da CUT juntou-se ao verde-amarelo da 6ª Marcha Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública para colorir a capital federal na grande mobilização iniciada às 10 horas na antena de TV (zona oeste), percorrendo toda a extensão da Esplanada dos Ministérios, encerrada no gramado próximo ao Congresso Nacional, entre os palácios da Justiça e do Itamaraty (zona leste), às 13 horas. O sol escaldante, o clima quente e seco e o chão queimado e poeirento não foram empecilhos para o avanço dos milhares de manifestantes que, como os metalúrgicos do RS, por exemplo, viajaram dezenas de horas de ônibus para engrossar a grande marcha.

“Defendemos os 10% do PIB para a educação, o piso do magistério, carreira, e aprovação do Plano Nacional de Educação, medidas consideradas fundamentais para o desenvolvimento do país, que dialogam com o presente e o futuro da nossa nação, da mesma forma que o combate à precarização e à terceirização nas fábricas brasileiras”, declarou a trabalhadora rural Carmen Foro, dirigente da executiva nacional da CUT, que coordenou a manifestação ao lado de Fátima Aparecida da Silva, da CNTE. A seu lado no caminhão de som, Fátima lembrou que a ampliação dos investimentos é essencial para termos uma educação à altura do país e de seu povo, com o fortalecimento da ciência e da tecnologia nacional. “Por isso o lema da nossa manifestação é ‘Independência é educação de qualidade e trabalho decente’, pois são ações imprescindíveis para o nosso desenvolvimento soberano”.

Dirigente nacional da CUT e da CNTE, Antonio Lisboa ressaltou que as mobilizações dos dois últimos meses, onde os cutistas dirigiram um processo intenso de greves de servidores federais e estaduais, arrancaram bons resultados, dobrando a intransigência dos que se recusavam a negociar e diziam não ter recursos. “O caminho é esse, é botar a massa na rua para garantir direitos e ampliar conquistas. Com mobilização o dinheiro aparece”, frisou.

O vice-presidente da CUT-São Paulo, professor Douglas Izzo, pediu uma vaia para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falou que os 10% do PIB para a educação iria quebrar o país. “Se há recursos para um volumoso superávit primário, por que não destinar um percentual mais expressivo do Orçamento federal para fomentar a educação”, questionou. A vaia se alastrou pela Esplanada.

A realização da marcha em plena Semana da Pátria, declarou Júlio Turra, da direção nacional da CUT, “demonstra que a independência só pode ser garantida pelos trabalhadores”. “A bandeira da educação unifica o conjunto da classe em apoio à luta dos companheiros da CNTE, da mesma forma que a luta contra a precarização e a terceirização mobiliza os trabalhadores em educação em solidariedade à classe. Esta é uma mobilização que abre caminho para vitórias e destaca a importância do protagonismo do Estado”, frisou Julinho.

Segundo Claudir Nespolo, presidente da CUT-RS, “a pauta que embala os milhares de manifestantes nesta marcha não é corporativa, é pelo bem do Brasil, pois a aplicação dos 10% do PIB representa mais educação, qualificação, profissionalização, mais desenvolvimento com melhores salários e direitos”. Claudir defendeu ainda a necessidade da redução da jornada de trabalho sem redução de salário, o fim das demissões imotivadas e o direito dos servidores à data-base.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, a pressão das ruas tem tido cada vez mais um papel fundamental, como ficou demonstrado pelos avanços obtidos após as mobilizações e greves do setor público. “É preciso que haja sensibilidade do lado de lá. Nós ajudamos a eleger um governo democrático e popular que precisa garantir contrapartidas para a sociedade, como é o investimento na educação pública”, disse.

PRESSÃO NO CONGRESSO

Durante a tarde da quarta-feira, 5 de setembro, foram marcadas várias audiências com parlamentares, onde os dirigentes da CUT e da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (CNTE) levaram ao Congresso Nacional as suas reivindicações.

O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que, além da pauta educacional, as entidades levaram até os deputados e senadores a sua pauta comum pelo fim do Fator Previdenciário, contra a idade mínima para as aposentadorias e a desoneração da folha de pagamento; contra a rotatividade no emprego – pela ratificação da Convenção 158 da OIT; por negociação coletiva no serviço público – regulamentação da Convenção 151 – e a revogação do Decreto 7777 – que institucionaliza a substituição dos servidores grevistas. “Vamos falar firme e pedir urgência em ações contra a precarização do trabalho, no combate às terceirizações e na luta pela igualdade de direitos. Precisamos urgente de trabalho decente”, concluiu Vagner.

(Com informações da CUT Nacional)

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