Metalúrgicos pedem barreira contra importação de equipamentos/sucata

Lideranças nacionais dos trabalhadores metalúrgicos apresentaram ao ministro do Desenvolvimento, Ind

Lideranças nacionais dos trabalhadores metalúrgicos apresentaram ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, na terça-feira (27), em Brasília, uma proposta para elevar a alíquota de importação nos setores de autopeças, máquinas e ferramentaria. O objetivo é deter a enxurrada de produtos estrangeiros que ameaça dezenas de milhares de empregos no país.

Conforme estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos e Estatística Socioeconômica), há o risco de que a enorme entrada de itens importados, muitos deles inclusive usados, cause a perda de 50 mil postos de trabalho nos fabricantes nacionais de maquinários e mais 25 mil na área de peças de veículos.

O setor de eletroeletrônicos, que emprega 165 mil trabalhadores, terminou 2009 com retração de 9% em comparação a 2008.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, o ministro Miguel Jorge garantiu que o governo vai rever a redução da alíquota de importação de autopeças.

“O ministro pediu prazo maior, mais duas semanas, para analisar o impacto também em ferramentas e máquinas”, acrescentou o sindicalista, que esteve em Brasília acompanhado pelo presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) da CUT, Carlos Grana, e pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação dos Metalúrgicos da Força Sindical, Miguel Torres.

Conforme Miguel Torres, a balança comercial do setor de autopeças registra déficit crescente desde 2007, quando os empregos eram 217 mil. Hoje estão em 207 mil.

“Nossa preocupação é com os postos de trabalho que serão fechados, com a conivência do governo”, alertou Miguel Torres.

Uma das principais reivindicações da categoria é a imediata retirada do desconto na alíquota do imposto de importação — que reduz o tributo de 16% para 9% — sobre autopeças adquiridas por montadoras e fabricantes de sistemas automotivos utilizadas no processo produtivo.

Os sindicalistas destacaram que a importação desses componentes, num momento de aumento da produção de veículos, vem sendo alavancada pela sobrevalorização do real e pela queda das alíquotas da importação. Assim, somente no primeiro trimestre deste ano, o Brasil comprou R$ 4,93 bilhões em peças do exterior e vendeu apenas R$ 3,23 bilhões.

“Estamos aqui exigindo que o governo assuma um compromisso com os trabalhadores brasileiros e a indústria nacional”, enfatizou Carlos Grana.

O alerta dos trabalhadores já havia sido dado pelos empresários do Sindipeças (Sindicato Nacional das Indústrias de Peças e Componentes Automotores), que projetam déficit na balança comercial da ordem de US$ 4 bilhões até o final do ano, caso nenhuma medida seja tomada.

Invasão de peças e máquinas usadas põe em risco 144 mil empregos, avaliam sindicalistas

Sérgio Nobre destacou ainda que o aprofundamento da crise nos países centrais do capitalismo provocou a retração dos respectivos mercados e que esses países tentam agora empurrar equipamentos usados para o Brasil.

“É preciso que o governo tenha um compromisso com o emprego no Brasil e não lá fora”, sublinhou.

Na avaliação dos sindicalistas, a importação de máquinas e equipamentos usados, além de contribuir para a defasagem competitiva do país, retira entre 90 a 144 mil empregos.

A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) ressalta que o setor de máquinas gera cerca de 240 mil empregos diretos.

Para a Abimaq, ao mudar as regras de importação de usados, o governo contribuiu para o envelhecimento do parque industrial — que tem em média 17 anos — incentivando a criação de um comércio paralelo de peças que prejudica as vendas dos fabricantes nacionais.

“O Brasil importa sucata”, sentencia a entidade empresarial, destacando que uma máquina usada do exterior pode custar até 80% menos que os itens nacionais.

O resultado disso, alerta a Abimaq, é que hoje bens de segunda mão somam 12,5% dos equipamentos adquiridos do exterior, enquanto há três anos eram 7,2%.

Fonte: CNM CUT
Foto: Daniel Cardoso

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