Dia Internacional da Mulher: Versão oficial é questionada

Pesquisas indicam que a versão das 129 operárias americanas queimadas foi um arranjo e que, na verdade, a data teve origem numa greve de operárias russas 60 anos depois   

Desde a metade do século passado, o movimento sindical no mundo todo passou a divulgar a versão de que o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, teria se originado em homenagem a 129 operárias de uma indústria têxtil de Nova Iorque, que teriam sido assassinadas em 1857 pelo patrão. Indignado com a greve feita por elas, ele teria ateado fogo à fábrica, matando-as queimadas. Tal versão, no entanto, vem sendo questionada a partir de longas pesquisas e investigações iniciadas na década de 70. No lugar dela, outra versão começou a tomar forma. Vamos aos fatos:

– Os pesquisadores não encontraram indícios históricos que confirmassem a versão oficial (129 operárias queimadas). Não havia notícias sobre o assunto em nenhum jornal, nem em qualquer outra fonte de memórias das lutas operárias ou em outros documentos oficiais de governos e policias da época. Nenhum relato oral, nenhum documentário, nada!;

– Por outro lado, comprovada a partir de fartos relatos e documentos, a decisão de criar uma data para as mulheres foi tomada em 1910, durante uma conferência de mulheres socialistas realizada na Dinamarca. Na ocasião, não ficou decidido qual seria este dia e o mês de março foi escolhido por acaso. Nesta conferência não houve nenhuma referência à greve de Nova Iorque e às 129 mulheres queimadas;

– Sete anos depois, mais precisamente no dia 23/02/1917 pelo calendário russo, que correspondia ao 8 de março no calendário ocidental, mulheres costureiras e tecelãs da Rússia começaram uma greve que mudou completamente os rumos da política do país. Foi o começo da queda do regime de opressão czarista e o estopim da Revolução Russa de outubro daquele ano;

– Quatro anos depois, em 1921, a Conferência das Mulheres Comunistas, realizada em Moscou, lembrou da histórica greve e adotou o dia 8 de Março como data unificada do Dia Internacional das Operárias. A partir de então, os comunistas espalham pelo mundo o 8 de março como data das comemorações do Dia da Mulher;

– Como a história desta greve ficou esquecida durante muito tempo, os comunistas franceses tiveram a ideia de ampliar o alcance do dia da mulher para todas as mulheres, fossem elas comunistas, socialistas, libertárias, cristãs etc. Daí, a nova versão do 8 de março – das 129 operárias queimadas – começou a circular nos movimentos feminista e sindical da Europa e dos Estados Unidos, baseada na mistura de vários fatos reais ocorridos na cidade de Nova Iorque, em épocas e situações distintas. O primeiro fato foi uma longa greve real de costureiras, que durou de 22/11/1909 a 15/02/1910. Outro fato foi um incêndio ocorrido numa fábrica têxtil, em 25/03/1911, que causou a morte por falta de segurança de 146 pessoas, das quais 125 mulheres. E assim, pela combinação de casualidades, sem um plano pré-estabelecido, nasceu essa versão mais lembrada nos dias de hoje.

Para nós, do Sindicato dos Metalúrgicos, embora fatos históricos sejam importantes, não importa tanto a versão das 129 queimadas ou a versão da greve que precipitou a Revolução Russa. Importa, isto sim, o fato de que as companheiras do mundo todo tem o 8 de março como referência para reflexão, celebração, comemoração e protestos.

Compartilhar

Veja também

Direção do Sindicato participa da posse do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rosa

Norma Regulamentadora 35 fixa novas normas de segurança no trabalho

Diretor do Sindicato dos Metalúrgicos destaca importância da educação em formatura do Programa Jovem Aprendiz

Marcelo Nascimento participou da formatura das turmas de Nutrição e Manutenção do programa realizado pela Escola Técnica Mesquita