Depois de 10 anos, metalúrgicos conquistam aumento real com muita luta

Dez anos separam a última conquista de um aumento real até 2025. Nesse período, enfrentamos políticas antissindicais, a pandemia e, neste ano, até uma enchente histórica. Mesmo assim, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre jamais deixou de lutar. E foi com muita mobilização, nas portas das fábricas, enfrentando o frio e o descaso patronal, que conseguimos uma importante vitória: o reajuste salarial de 6,5%, aprovado na noite de ontem, 10 de julho, pelos trabalhadores em assembleia.

Foram mais de três meses de negociações travadas. De um lado, o sindicato patronal queria oferecer apenas a inflação, além de tentar retirar o quinquênio e reduzir o intervalo dos trabalhadores. De outro, o Sindicato e a categoria disseram não ao retrocesso e mantiveram a firmeza até conquistar uma proposta que valesse a pena.

O resultado é expressivo:

  • Reajuste chegou a 6,5%;
  • Piso salarial reajustado em 8,08%, passando a R$ 2.002 (valor que atinge cerca de 50% da categoria);
  • Cláusulas sociais garantidas por dois anos, ou seja, até 2027 nenhum direito poderá ser retirado.

Durante a assembleia, o presidente do Sindicato, Adriano Filippetto, destacou que a mobilização foi fundamental para essa conquista:

“Dissemos desde o começo: não aceitaremos apenas a inflação. Foram quase 30 assembleias até que, agora em julho, conseguimos uma proposta que dá pra apreciar.”

Trabalhadores que quiserem se opor à contribuição negocial devem comparecer de 04 a 08 de agosto de 2025, das 8h às 18h, na sede do Sindicato (Av. do Forte, 77 – Porto Alegre) ou na subsede de Guaíba (Rua 20 de Setembro, 623), com documento oficial com foto e CPF. Percentual total: 4% (dividido em duas parcelas de 2% cada, em agosto e setembro de 2025).

Adriano Filippetto apresentou as lutas do Sindicato em 2025

Já o presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS, Lírio Segalla apresentou os reajustes dos últimos anos, comparando com os índices de inflação (INPC/IBGE) e mostrando como 2025 marca um verdadeiro ponto de virada após uma década de perdas e reposições sem ganho real.

Lírio Segalla apresentou os dados das campanhas salariais passadas

Campanha salarial não é automática — é fruto de luta

Uma enquete nas redes do Sindicato mostrou que mais de 60% dos trabalhadores não sabem como funciona a campanha salarial. Isso não é por acaso: os patrões querem que pensemos que o reajuste acontece “todo ano” por boa vontade. Mas a verdade é outra: nada cai do céu, só a chuva.

Os reajustes salariais e as cláusulas da convenção não estão garantidos por lei. Todos os anos, os sindicatos da categoria metalúrgica precisam negociar do zero com o sindicato patronal. É assim que conquistamos direitos como o auxílio estudante, que ajuda no custeio de cursos técnicos e de graduação.

Adilson Tavares, Secretario Geral, conduziu a assembleia

E sem mobilização, não há avanço

Muitos ainda sentem receio de participar das paralisações. Mas basta 15 minutos parados na porta da fábrica para causar um impacto real nas negociações. É melhor agir junto do que reclamar isolado.  Cada trabalhador conta. Cada mobilização pesa.

Parcela de trabalhadores votou contra a proposta

Queremos mais: jornada menor e mais valorização

Mesmo reconhecendo a importância do reajuste conquistado, a categoria sabe que ainda é pouco. Por isso, a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários segue firme. Esse tema entrou nas negociações deste ano e agora está ganhando força no Congresso por meio do Plebiscito Popular, fruto da pressão dos sindicatos e movimentos sociais.

Plebiscito Popular: a luta continua nas urnas

O Plebiscito Popular quer ouvir a população sobre temas que impactam diretamente os trabalhadores. Além da redução da jornada, ele questiona:

  • Você é a favor do fim da escala 6×1?
  • Você apoia a taxação das grandes fortunas?
  • Você concorda com a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil?

Nosso Sindicato está preparando uma grande mobilização para garantir a votação nos locais de trabalho. A campanha salarial não termina com a assinatura da convenção. Ela continua agora, com o Plebiscito.

Outros pontos da Convenção Coletiva 2025

  • Piso salarial: R$ 2002, 07 (reajuste de 8,08%)
  • Cláusulas sociais: vigência por dois anos, até 2027
  • Demais cláusulas econômicas: reajuste de 5,32%

Calendário das Assembleias em 2025

  1. 13/05 – GKN
  2. 14/05 – Magecolor
  3. 15/05 – TMSA e KLL
  4. 16/05 – Ciber
  5. 21/05 – Otam
  6. 22/05 – Hidrojet
  7. 23/05 – Usiminas
  8. 02/06 – Via Aroma
  9. 03/06 – TKE + ArcelorMittal Glorinha
  10. 04/06 – GKN (novas assembleias)
  11. 05/06 – TMSA + Prestação de contas
  12. 06/06 – Giovenzana
  13. 10/06 – WECO
  14. 11/06 – Datacom
  15. 12/06 – Usiminas
  16. 16/06 – Viemar
  17. 04/07 – Datateck

Luiza Alves – STIMEPA RS

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