No final da tarde de quarta/feira, 24, a CUT/RS junto com outras entidades realizou um ato em defesa
No final da tarde de quarta-feira, 24, a CUT/RS, junto com outras entidades, realizou um ato em defesa do SUS. A manifestação ocorreu em frente à Prefeitura de Porto Alegre e reuniu dezenas de pessoas, em sua maioria trabalhadores da saúde, que vêm sofrendo com o descaso do governo municipal.
O objetivo da mobilização foi cobrar explicações da prefeitura sobre o gerenciamento do Programa de Saúde da Família (PSF) em Porto Alegre, já que o Executivo municipal entregou a gestão do PSF ao Instituto Sollus — organização acusada de desviar cerca de 10 milhões de reais dos cofres públicos.
Diversas vezes a prefeitura foi notificada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas sobre as irregularidades no contrato com o Sollus, mas nenhuma providência foi tomada.
Durante a mobilização, houve panfletagem de um jornal produzido pela Central e pelo Fórum de Entidades em Defesa do SUS. A publicação, com quatro páginas, explicava a grave situação da saúde na capital gaúcha.
Abrindo o ato, o secretário de Organização e Política Sindical da CUT/RS, Claudir Nespolo, destacou a importância da manifestação para a população de Porto Alegre. “A saúde está sendo maltratada, e nós precisamos mostrar isso, porque a grande imprensa não divulga o que está acontecendo”, declarou.
O presidente da CUT/RS, Celso Woyciechowski, afirmou que com o dinheiro desviado seria possível ter pelo menos mais 16 equipes do PSF, levando mais saúde à população. “Fogaça não atendeu aos apelos do Ministério Público e do Tribunal de Contas e continuou desperdiçando dinheiro público, entregando o PSF para o Sollus”, sentenciou. Ele também comentou sobre a campanha encabeçada pela entidade: “Nossa campanha serve para mostrar à população que a saúde está sucateada. Cada homem e mulher de Porto Alegre deve exigir a devolução desse dinheiro aos cofres públicos. A CUT, de maneira muito responsável, está cobrando explicações de Fogaça, que pretende sair pela porta dos fundos da prefeitura sem dizer onde está o dinheiro. Mas nós não vamos descansar!”
A importância de a população conhecer a grave situação da saúde também foi ressaltada pelo representante da Intersindical, Joel Soares: “É preciso saber por que sempre que alguém vai a um posto público não há atendimento, não há médico, não há remédio. Isso foi o que Fogaça fez: um contrato com uma empresa que não existe! Por isso não podemos ficar calados”, afirmou.
O presidente do Sindisaúde, João Menezes, lembrou que há dois anos os movimentos sociais já denunciavam que o Sollus não tinha condições de gerenciar o PSF: “Não fomos ouvidos. O contrato foi assinado sem consultar os trabalhadores e não passou pelo Conselho Municipal de Saúde. Agora estamos com um rombo de mais de 9 milhões e nenhuma explicação do prefeito”, criticou.
A diretora da CUT/RS, Nelci Dias, relatou que o Sindicato dos Enfermeiros denunciou diversas vezes a falta de equipamentos, profissionais, medicamentos e condições mínimas de trabalho. Para ela, os participantes do ato demonstraram responsabilidade e compromisso com o povo e com a saúde em Porto Alegre. “O prefeito Fogaça dá as costas para tudo isso! Ele admite que há corrupção, mas não admite que foi alertado sobre a situação do Sollus”, lamentou.
A presidente do Conselho Municipal de Saúde, Maria Letícia, disse que falar da saúde em Porto Alegre é falar de uma crise permanente. Ela contou que o prefeito ignorou as análises do Conselho sobre o Sollus, e por isso o material foi encaminhado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. “Esse dinheiro que foi desviado faz muita falta, principalmente para a população que mais precisa”, garantiu.
Por fim, o representante do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA), Laudenir Figueiredo, declarou que os movimentos sociais estavam nas ruas não só para cobrar os 10 milhões, mas para denunciar a precariedade do serviço de saúde na cidade: “Não há condições de trabalho, e os postos estão em condições precárias”, denunciou.
Participaram do ato os vereadores de Porto Alegre Carlos Comassetto (PT), Adeli Sell (PT), Carlos Todeschini (PT), Oliboni (PT), Maria Celeste (PT), Sofia Cavedon (PT), Pedro Ruas (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL), além do deputado estadual Elvino Bohn Gass (PT).
Fonte: CUT/RS
Fotos: Daiani Cerezer