Na literatura, chamamos de realismo fantástico aquilo que nasce da realidade — do cotidiano, da vida comum —, mas que mistura o mágico e o extraordinário, como se realidade e sonho caminhassem lado a lado.
Na ciência, ainda não inventaram um termo para isso. Quando alguém transforma o mundo com ideias simples, chamamos de invenção — como se não houvesse algo de profundamente fantástico em reinventar a realidade através do conhecimento.

Mas basta conhecer o projeto desenvolvido na Escola Técnica Mesquita, na Zona Norte de Porto Alegre, para entender que o impossível é apenas uma questão de ponto de vista.

O projeto, orientado pelo professor Alisson Marques, nasce da automação industrial, mas mira algo maior: uma solução simples e possível para a redução das enchentes em Porto Alegre.
Simples, como define o próprio professor.
Fantástico, como define a imaginação.
Essa proposta transformadora levou a Escola Mesquita a ser a única instituição do Rio Grande do Sul selecionada para participar da feira educacional MECA Brasil 2025, promovida pela Mitsubishi Electric, nos dias 4 e 5 de novembro, em São Paulo.
Numa sala comum da Escola Mesquita, ao abrir a porta, entramos em um mundo cheio de invenções. Ferramentas do dia a dia se transformam em instrumentos capazes de reconstruir parte das bacias hidrográficas do estado.
Os estudantes estudaram a hidrografia do Rio Grande do Sul para compreender como funcionaria o equipamento automatizado de fechamento de comportas, pensado para agir antes que a tragédia aconteça.

De todo o Brasil, apenas cinco escolas técnicas foram escolhidas para a competição, que tem como tema:
“Inovação e Sustentabilidade: o impacto da Automação Industrial no Meio Ambiente.”
Representam a Escola Mesquita os alunos Daniel Alejandro Rengifo Miquilena, Fabio Rodrigues de Souza e Genilson André dos Santos, todos dos cursos técnicos da instituição. São eles que agora apontam um novo caminho: o fechamento automático das comportas de Porto Alegre por meio de uma mensagem simples da Defesa Civil.

Durante o evento, as equipes terão um dia para montar seus projetos e outro para apresentar as soluções diante dos avaliadores da competição. Ontem (28), o projeto embarcou rumo a São Paulo, carregando mais do que sensores e cabos — leva junto o sonho de transformar uma dor coletiva em solução real.

Se o prêmio vier, será merecido.
Mas o maior reconhecimento talvez seja ver os poderosos da cidade e do estado abraçando essa ideia — e quem sabe, um dia, o fim das enchentes deixe de ser utopia.
Porque é possível.
O impossível, esses alunos já fizeram.
 
								 
															 
															 
															