A CUT-RS participou nesta quarta-feira (16) do lançamento oficial do Plebiscito Popular em defesa do DMAE público e contra a privatização da água em Porto Alegre. A iniciativa, construída por sindicatos, movimentos sociais, parlamentares e entidades da sociedade civil, pretende ouvir a população sobre o futuro do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), ameaçado pela proposta de concessão encaminhada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB).

No ato de lançamento, realizado no prédio histórico do DMAE, na av. 24 de outubro, o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, reafirmou o compromisso da Central com a mobilização popular e denunciou os interesses por trás da tentativa de entrega do DMAE à iniciativa privada. “Estamos absolutamente comprometidos com esse plebiscito. Vamos deslocar a população de Porto Alegre para dentro da urna, para dar um ‘não’ bem gigantão para os administradores municipais”, afirmou.

Segundo Amarildo, a proposta de privatização está ligada a “um esquema criminoso, mal cheiroso, vigarista do prefeito de Porto Alegre”, que a CPI em andamento na Câmara está desvendando e que envolve até o governo estadual. “Atrás dessas privatizações tem negócios, tem caixa, tem campanhas, tem financiamentos. A gente sabe disso. E agora, a população precisa saber também”, disse. Ele defendeu que a luta em defesa da água pública se conecte com as demais pautas do Plebiscito Nacional, que também está em curso e aborda temas como a taxação de super-ricos, o fim da jornada 6×1 e a valorização dos serviços públicos.
Corrupção e interesses ocultos
Durante o ato, a vereadora Natasha (PT), relatora da CPI do DMAE, denunciou as ligações do projeto de privatização com esquemas de corrupção envolvendo nomes como o ex-secretário Agostinho Meirelles, ligado ao governador Eduardo Leite, e o ex-diretor do DMAE Alexandre Garcia, acusado de desviar mais de R$ 500 mil em propina. “Entendemos que esses esquemas de corrupção vêm da zona sul do Estado, de Pelotas, e têm se espalhado por meio de relações políticas e empresariais que operam a compra de autarquias públicas de água”, destacou.

A vereadora alertou ainda para o desmonte estrutural do DMAE, que teve seu quadro funcional drasticamente reduzido nos últimos anos. “O DMAE já teve três mil funcionários. Hoje são cerca de 900, e quase 300 devem se aposentar nos próximos dois anos. Isso mostra a intenção deliberada de enfraquecer o órgão para justificar a privatização”, denunciou.
Natasha também questionou a “pressa” da prefeitura em empurrar o projeto de concessão, sem apresentar alternativas públicas de modernização. “Por que não fazem um projeto 100% público, apresentado com transparência à sociedade? Que o povo decida e vote!”, defendeu.
A cidade não pode ser refém
O lançamento do plebiscito marca o início oficial da coleta de votos populares, que já vinha sendo realizada desde a última sexta-feira, com urnas instaladas em praças, escolas e locais de grande circulação. O diretor do SIMPA, Edson Zomar, destacou a importância do engajamento da população porto-alegrense na defesa do DMAE público. “Porto Alegre não pode permitir isso, porque não é nem criação de mercado, é transformar a cidade em refém de um monopólio privado. Não há duas torneiras”, alertou.

O Plebiscito Popular seguirá nos próximos meses com urnas físicas e digitais espalhadas pela cidade. O objetivo é garantir que a população, que será diretamente impactada, tenha voz sobre o destino do DMAE, um patrimônio público com histórico de excelência no fornecimento de água e tarifas entre as mais baixas do país.
A CUT-RS segue mobilizada e atuante ao lado das demais organizações para impedir que o direito à água seja transformado em mercadoria e garantir que o DMAE siga sendo público, eficiente e voltado ao bem comum.
Luiza Alves – CUT RS