Mobilização em frente a Fiergs dá início à Campanha Salarial unificada no Estado

Entidades propõem a criação de GT com trabalhadores, empresários e governo para avaliação dos impactos das tarifas impostas pelos EUA. Elas defendem ainda a reindustrialização do país com empregos de qualidade

A IndustriALL Brasil, a CUT, a Força Sindical e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentaram ao Secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) Uallace Moreira Lima, propostas para enfrentar a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, definida pelo presidente norte-americano Donald Trump, e também sobre a reindustrialização do Brasil. O encontro foi realizado em São Paulo na sede da Força Sindical, nesta segunda-feira (14).

Para enfrentar a taxação, a proposta é a criação de um Grupo de Trabalho (GT) com classe trabalhadora, empresários e governo. As entidades entendem que a imposição de tarifas sobre produtos industriais estratégicos por parte dos EUA — como aço, alumínio e outros segmentos de média e alta complexidade tecnológica —, além de medidas protecionistas mais amplas, pode gerar efeitos significativos sobre a balança comercial brasileira, os investimentos produtivos, o nível de emprego e o funcionamento das cadeias globais de valor nas quais a indústria brasileira está inserida.

No documento entregue as entidades dizem que “reforçam a importância de que os trabalhadores e suas representações tenham assento e voz nos espaços de formulação de respostas às ameaças tarifárias e comerciais externas, pois são diretamente impactados pelas transformações nas cadeias globais e pelas decisões de política industrial e comercial”.

As propostas centrais são:

– A criação imediata de um Grupo de Trabalho Interministerial, sob coordenação do MDIC, com a participação de: representantes do governo federal, incluindo MDIC, MRE, Fazenda e CAMEX; representações empresariais do setor industrial e representações de trabalhadores e trabalhadoras, por meio das centrais sindicais, da IndustriALL Brasil e do Dieese.

– Estabelecimento de um canal de diálogo permanente com a diplomacia brasileira, voltado à atuação conjunta em fóruns multilaterais como a OMC, Mercosul, BRICS e G20, na defesa do interesse nacional, da soberania produtiva e da reindustrialização brasileira.

Entidades defendem a reindustrialização brasileira e o projeto de desenvolvimento nacional: demandas dos trabalhadores para a continuidade da Nova Indústria Brasil (NIB)

Além da criação do GT para enfrentar a taxação dos EUA, as centrais sindicais o Dieese e a IndustriALL Brasil em documento direcionado ao ministro do MDIC e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, se posicionaram sobre a indústria de transformação como pilar fundamental na estratégia nacional de desenvolvimento sustentável até 2033.

A partir de um diagnóstico feito pelo Dieese foram apresentadas quatro propostas para deter o processo de desindustrialização precoce e exportações com baixa e média complexidade tecnológica, enquanto as importações são de média, média alta e alta intensidade.

No documento as entidades alertam que é “importante lembrar que, embora a indústria de transformação seja o principal segmento exportador do país, a expansão desenfreada de importações industriais representa um déficit crítico na nossa balança comercial, alcançando US$ 370 bilhões entre 2015 e 2024, em grande medida resultante da nossa dependência nos segmentos de média-alta e alta intensidade tecnológica”.

“Esse documento é uma construção do acumulado de atividades com nossos sindicatos que apresentaram a necessidade de ter ações para os trabalhadores porque até o momento há várias ações em curso, todas importantes, mas em nenhuma delas apresenta aquilo que é primordial: a geração de empregos com qualidade, a transição justa, os empregos verdes, mas principalmente os que reflitam de fato o aumento de empregos com qualidade para os trabalhadores”,  diz Cida Trajano, representante da CUT no Macrossetor da Indústria.

A dirigente ressalta ainda que uma questão importante são as contrapartidas das ações voltadas à nova indústria, com olhar voltado às pequenas indústrias que mais empregam.

Propostas apresentadas

Formação profissional, trabalho decente e transição justa: o estudo do Dieese apresenta o mapeamento ocupacional das cadeias produtivas prioritárias da NIB com foco na valorização do trabalho e na justiça social. O documento propõe ao final uma agenda específica, estruturada em três eixos de atuação: Ações voltadas à formação e qualificação profissional; Ações voltadas à promoção do trabalho decente na neoindustrialização e Ações voltadas à promoção da justiça social na transição tecnológica e energética.

Fortalecimento e modernização tecnológica das regiões industriais maduras: foram identificadas 16 regiões principais de concentração das referidas cadeias produtivas, bem como 86 cidades centrais. A partir desse levantamento, propõe-se que os quatro programas que estruturam a NIB (Indústria Mais Inovadora e Digital, Indústria Mais Verde, Indústria Mais Exportadora, e Indústria Mais Produtiva), assim como os órgãos de financiamento encarregados de fomentar a política industrial (BNDES, FINEP e EMBRAPII), tenham um olhar prioritário também em perspectiva territorial, desenhando ações específicas junto a atores locais e regionais para permitir o devido acesso das empresas industriais dessas regiões, em especial aquelas de médio e pequeno porte, que representam parte expressiva do tecido industrial brasileiro.

Critérios para acesso às fontes de financiamento da NIB:  é importante destacar a relevância de critérios que considerem a existência de práticas anti-sindicais ou de degradação dos territórios por parte de empresas que buscam recursos junto aos órgãos encarregados do financiamento da NIB. Nesse sentido, propõe-se que critérios de respeito à atuação sindical e negociação coletiva, bem como práticas de responsabilidade social e ambiental, sejam claramente colocadas como requisitos para o referido acesso aos recursos previstos na política industrial brasileira.

Ampliação do Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e reversão progressiva do déficit comercial da indústria: a ampliação do Conex, atualmente restrito apenas a representações do próprio governo federal e de entidades empresariais, transformando-o em conselho de caráter tripartite, de modo a considerar a perspectiva das representações sindicais de trabalhadores. Entendemos que a reversão dessa trajetória deva ser um objetivo também da NIB, demandando ações de fomento a setores de alta e média-alta intensidade tecnológica, assim como a revisão imediata da LETEC – Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do MERCOSUL, e das reduções temporárias do imposto de importação de itens não produzidos no país (“ex- tarifários”).

Fonte: CUT Brasil

Compartilhar

Veja também

Quanto vale nossa vida?

Diferente do que muitos afirmam, nem tudo tem um preço, principalmente se você ama alguém

Central Única dos Trabalhadores divulga campanha para criação de Brigadas Digitais

Trabalhadores são convocados a participar e fortalecer a luta da classe trabalhadora nas redes sociais e nas ruas

Prestação de Contas de 2023 do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (STIMEPA) é aprovada por unanimidade

Na ocasião foi apresentada ainda a previsão orçamentária para o ano atual. Além das contas do Sindicato, os participantes da reunião também analisaram e aprovaram o documento de prestação de contas da Escola Mesquita de 2023